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terça-feira, 7 de agosto de 2012

LAVAGEM DE DINHEIRO NO RIO - Ex-vereador do Rio e a mulher, cantora de funk, são denunciados com mais nove

EXTRA

Ex-vereador do Rio e a mulher, cantora de funk, são denunciados com mais nove por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro

 O material apreendido durante a operação Foto: Guilherme Pinto / Extra

O ex-vereador do Rio Cristiano Girão Matias; sua irmã Roselaine Castro Girão Vida, a Rose; sua mulher, a cantora de funk Samantha Miranda dos Santos Girão Mathias; e mais oito pessoas foram denunciados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio por formação de quadrilha armada e lavagem de dinheiro. Girão, segundo a denúncia, mesmo preso desde 2009, continua chefiando o grupo de milicianos que atua em Gardênia Azul, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. O juiz Marco Couto, da 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, decretou a prisão preventiva de Girão - que também é ex-bombeiro - e de mais seis denunciados. Dois foram presos, hoje, em uma operação conjunta da 32ª DP (Taquara) com o MP.

Robson Dias, o Índio, e Fábio de Souza, o Rolamento, na delegacia 
Foto: Guilherme Pinto / Extra

Em operação realizada na manhã desta segunda-feira na Gardênia Azul, dois denunciados foram presos: Fabio de Souza Salustiano, o Rolamento, e Robson Dias Delgado, o Índio. Eles são acusados de ameaçar moradores e comerciantes da comunidade. Na sede da associação de moradores os agentes encontraram cerca de R$ 15 mil em notas de real, dólar e euros, além de documentos e fogos de artifício.

O dinheiro apreendido na associação de moradores 
Foto: Guilherme Pinto / Extra

No segundo escalão da quadrilha, segundo o Gaeco, estão Celso de Souza, o Celso Black ou Negão, e Marcello Borges Gonçalves, o Borgue ou Beto, considerados os homens de confiança do ex-vereador. Eles são acusados de extorsão contra os moradores, utilizando, para isso, violência física e moral. “A quadrilha faz uso de armas de fogo como meio de intimidação, para manutenção do império e garantia da lei do silêncio”, diz um trecho da denúncia.

Ainda segundo a denúncia, Haluska Almeida de Souza e Neuza Maria Correa Barreiros cuidam do patrimônio da quadrilha. Elas são acusadas de usar a sede da associação de moradores para receber moradores e comerciantes obrigados a pagar aluguéis de imóveis explorados pela quadrilha, taxas de segurança e de permissão de funcionamento de comércios. “Quando há inadimplência de locatórios, são responsáveis por acionar os seguranças dos imóveis, os quais não hesitam em utilizar de violência física e moral”, relata a denúncia.

Cristiano Girão Foto: Divulgação

Já as denunciadas Rose e Samantha Girão, de acordo com investigações, são as responsáveis por repassar ordens do ex-vereador ao restante da quadrilha, já que o visitam regularmente no presídio, além de figurarem como “laranjas” dele. Depois de ser preso, Girão teria começado a repassar os cerca de 20 imóveis que havia em seu nome para as duas, com a intenção de esconder seus bens da Justiça.

- Ele usava parentes e outras pessoas laranjas. Mas conseguimos encontrar documentos de imóveis também no nome dele - diz o delegado Antonio Ricardo Nunes, titular da 32ª DP.

Os imóveis, localizados em Gardênia Azul, são alugados para moradores e comerciantes da comunidade, em valores que variam de R$ 350 a R$ 1 mil, segundo o Gaeco. “A condição de tais imóveis no ramo locatício, mediante contrato escrito, faz emergir a terceiros a aparência de licitude na aquisição de bem, criando bom ambiente para a devolução do dinheiro sujo no mercado”, relata trecho da denúncia.

A pedido do Gaeco, a Justiça proibiu que Samantha e Rose visitem Girão ou qualquer outro denunciado na penitenciária ou que frequentem a associação de moradores de Gardênia Azul. Foi também determinado que os locatários dos imóveis pertencentes ao ex-vereador, a partir deste mês, depositem em juízo o valor do aluguel.

Caveirão da milícia

Outro denunciado, Alian Teixeira Galvão, segundo o Gaeco, também tem a função de ameaçar moradores e comerciantes. Paulo Henrique Rocha Vieira, de acordo com a denúncia, é o cobrador da quadrilha e circula pela comunidade num Santana preto. O carro seria conhecido na comunidade como o “caveirão da milícia”.

A denúncia do Gaeco teve por base uma investigação realizada pela 32ª DP (Jacarepaguá). Nela, ficou constatado que Girão dá ordens aos subordinados por meio de recados repassados por pessoas que o visitam no Complexo Penitenciário de Bangu.

Dos denunciados, apenas as mulheres - Roselaine, Haluska, Samantha e Neuza - não tiveram as prisões decretadas. De acordo com a denúncia, Celso de Souza usa o dinheiro dos aluguéis para a construção de novos imóveis na comunidade, remunera mão de obra empregada e depois os disponibiliza para aluguel. Desse modo fica caracterizada a lavagem de dinheiro. “De início age-se de modo aparentemente lícito, convertendo valores ilegais em bens lícitos e disponíveis aos seus titulares, mediante aquisição de imóveis (...)”, diz um trecho da denúncia.

O Gaeco também ofereceu denúncia em face de Marcello Borges Gonçalves e Robson Dias Delgado e um homem ainda não identificado por lesão corporal por agressão a uma pessoa em Gardênia Azul, no ano passado.

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