Flávio Freire e Sérgio Roxo, O Globo
Cientistas políticos acreditam que a queda de Pedro Novais da pasta do Turismo, quarto ministro envolvido em irregularidades na atual gestão, é resultado da política de alianças baseada em loteamento de cargos do governo da presidente Dilma Rousseff (PT).
Eles avaliam também que a sucessão de denúncias contra integrantes do primeiro escalão poderá mexer com a imagem da presidente, mas, ainda assim, não projetam uma queda imediata de sua popularidade.
- O eleitor logo pensa que foram tantos acordos com Deus e com o diabo, muito mais com o diabo, diga-se de passagem, que não poderia esperar uma administração sem os vícios do passado - avalia o cientista político Rubens Figueiredo, diretor do Centro de Pesquisa e Análise de Comunicação (Cepac).
Para Fernando Antônio Azevedo, professor de ciência política da Universidade de São Carlos (UFSCar), a demissão de Pedro Novais é "um indicador poderoso de que algo vai mal". Ele acredita que a grande quantidade de cargos de confiança do governo federal favorece a onda de escândalos.
- O presidente nomeia 25 mil cargos, sendo que 1.600 com atribuição de manejar recursos. Isso abre uma brecha grande para a corrupção, ainda mais para uma cultura permeável como a brasileira. Só para comparar, nos Estados Unidos, o (presidente Barack) Obama nomeia 2.500 cargos.
O cientista político Fernando Abrúcio, professor da Fundação Getúlio Vargas, afirma que, se a presidente não adotar medidas mais drásticas que as demissões, a situação tende a se manter do jeito que está.
- Mais do que a faxina, a agenda deve ser profissionalizar os ministérios - avalia o professor.
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