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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

UPPs não conseguem pôr fim ao ágio no botijão de gás #Rio

Extra
Guilherme Amado e Marcelo Gomes

Quase três anos após a implantação da primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), o programa ainda não conseguiu fazer com que moradores de favelas pacificadas paguem o mesmo preço cobrado no asfalto por botijões de gás. Herdado da época em que esse e outros serviços eram controlados por traficantes e milicianos, o ágio no bujão continua vigorando em 16 das 17 comunidades pacificadas visitadas na semana passada pelo EXTRA. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) investiga denúncias envolvendo a cobrança de ágio no gás nessas favelas do Rio.

O maior preço encontrado foi no Morro do Fallet, no Rio Comprido. Três bares visitados pelo EXTRA cobravam R$ 45 pelo botijão de 13 kg. O valor é 23,35% mais alto que o preço médio na cidade do Rio (R$ 36,48), de acordo com a pesquisa semanal da Agência Nacional do Petróleo (ANP) em distribuidores em todo o Brasil.

— O preço a mais é o que ganhamos para levar o bujão até o alto do morro, que é bastante íngreme — alegou um comerciante.

A segunda posição no "ranking" é dos morros do Borel, na Tijuca, e da Providência, no Centro. Lá, o depósito Diamante Azul, distribuidor da Ultragaz localizado atrás do Terminal Américo Fontenelle, cobra R$ 44 pelo botijão de 13kg, segundo os moradores. Ou seja, 20,61% mais caro que o preço médio no Rio. O EXTRA esteve no depósito, mas o dono não foi encontrado.
— Esse é o único depósito que eu conheço por aqui. E também eles entregam o botijão em qualquer lugar do morro — disse uma moradora.



O preço médio do bujão nas 17 favelas visitadas (R$ 40,75) também é superior ao calculado pela ANP — um sobrepreço de 11,7%.

A comunidade com o botijão mais em conta é o Morro do São João, no Engenho Novo. O depósito da Copagaz na Rua Visconde de Santa Cruz cobra R$ 35 pelo gás. Numa mercearia na esquina das ruas São João e Conselheiro Jobim, o bujão custa R$ 36.

Nos morros do Macacos e do Andaraí, o preço é R$ 40.

— Antes da UPP, o gás custava R$ 46. Depois baixou para R$ 36, e, há dois meses, custava R$ 38. Como as empresas que distribuem aqui dentro têm o mesmo preço, todas aumentaram para R$ 40 ao mesmo tempo — contou um comerciante.

Sérgio Bandeira de Mello, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) disse que o consumidor deve pesquisar para conseguir bons preços:

— O botijão, diferentemente da água e de luz, não tem preço tabelado. Pode-se encontrar diferença de mais de R$ 5 no mesmo bairro — disse Mello, acrescentando: — Para conseguir bom preço, deve-se pesquisar antes de comprar. Em vários locais o custo é afetado, principalmente, pela logística de entrega na porta do cliente. Dificuldades de acesso podem encarecer o botijão de gás — afirmou Mello

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