Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

quinta-feira, 6 de maio de 2010

SÉRIE SOBRE LIXO (2) - De cada 100 toneladas de lixo produzidas nos EUA, só 11 são recicladas


   

Na segunda reportagem da série especial sobre os problemas do lixo, o correspondente Flávio Fachel mostra os desafios na pequena e tranquila ilha de Nantucket, um paraíso turístico na costa de Massachussets.

O Jornal Nacional está exibindo esta semana uma série de reportagens especiais sobre outra ameaça ao meio ambiente, que não depende de nenhum acidente: o lixo. Nesta terça, o correspondente Flávio Fachel mostra como uma ilha dos Estados Unidos foi obrigada a procurar saídas.
De cada 100 toneladas de lixo produzidas nos Estados Unidos, só 11 são recicladas. O resto é um dos maiores problemas do país. Durante décadas, a principal solução foi empurrar a sujeira pra baixo do tapete. Ou melhor: pro vizinho.
Estados e cidades, sempre que podem, vendem seu lixo uns pros outros. Uma tentativa de aliviar os já sobrecarregados aterros sanitários espalhados pelo país.
Na pequena e tranquila ilha de Nantucket, um paraíso turístico na costa de Massachussets, 100 anos de lixo acumulado viraram um morro. E como a terra na ilha é cara, a comunidade decidiu que era hora de acabar com o desperdício.
Hoje, no aterro municipal, os carros entram e saem sem parar carregados de lixo, trazidos pelos próprios moradores. Duas vezes por semana, depois da escola, o pai traz a filha pra ajudar a despejar tudo no lugar certo.
Ele diz: "Precisamos reciclar. Moramos numa ilha e não temos espaço. Vir aqui é uma boa lição para as crianças".
Latas, papelão, plástico: 98% do lixo produzido na cidade são reaproveitados. E é tudo separado e processado na hora.
No dia seguinte, a carga segue de barco para indústrias de reciclagem em Boston. Mas nem tudo tem esse destino. Muita coisa vai parar mesmo é numa casinha, que fica dentro do depósito de lixo. As pessoas podem deixar o que não usam mais ou então levar pra casa o que estão precisando, e tudo isso de graça, sem pagar nada.
Numa mesa, tem eletrodomésticos. tem um grill e um massageador de pés. E adiante tem material de informática: um monitor e um leitor de CDs novinho. E ainda tem uma esteira de ginástica.
Tudo isso, tem gente que acha que é lixo, mas na ilha, vai continuar sendo usado por muito tempo.

Portas, janelas, armários. A TV de plasma é de março de 2008. E, lá dentro, é como se fosse uma pequena loja: roupas, livros, brinquedos. Clima de liquidação!
"Isso é algo maravilhoso. Porque ajuda as pessoas que não tem muito dinheiro”, diz uma senhora.
O administrador de imóveis traz uma prancha e diz: "Isso não é lixo. Eu apenas não preciso mais". Já Susan sabe exatamente o que fazer com ela: "Vai pra minha filha. Eu adorei!".
Ela conta que, quando se mudou pra ilha, montou toda a casa com móveis recolhidos. Hoje, ela e o marido ainda acham muitas coisas boas: peças de decoração, o piso inteiro de um dos quartos e o tapete da sala. Quase novo.
O antigo morro de lixo está agora sendo desmanchado e transformado em composto orgânico, usado de graça nas fazendas e jardins da cidade. Em 14 anos, ele vai sumir.
Susan diz que a comunidade de Nantucket está mandando uma mensagem para o resto do país: "Nós precisamos cuidar do que temos, porque ninguém vai fazer isso por nós. E isso é possível".
Pelo menos os moradores da pequena ilha já decidiram o que querem pro futuro.

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