Custo para erguer Hidrelétrica de Simplício dobrou, denunciam engenheiros; presidente da estatal contesta esse valor
Chico Otavio, O Globo
Elaborado por engenheiros de Furnas Centrais Elétricas, o documento que o deputado federal licenciado Jorge Bittar (PT-RJ) fez chegar às mãos do ministro Luiz Sérgio, da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, denuncia de que a Hidrelétrica de Simplício, erguida pela estatal na divisa do Rio de Janeiro com Minas Gerais, já acumula um sobrepreço de 100%.
De acordo com os autores, o prejuízo anula a rentabilidade estimada, argumento que justificou a entrada da empresa no leilão do projeto.
Integrante do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a hidrelétrica é uma obra do Consórcio Construtor Simplício (CCS), formado pelas empresas Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez.
O presidente de Furnas, Carlos Nadalutti Filho, admitiu ontem que problemas encontrados no decorrer da execução do projeto exigiram modificações que encareceram a obra. Mas ele negou que o sobrepreço tenha chegado a 100%. O presidente disse que o custo inicial de R$ 1,5 milhão saltou para R$ 2,2 milhões, uma diferença de R$ 700 milhões desembolsados pela estatal.
— Ganhou-se o leilão, na administração passada, com um anteprojeto, um estudo. Mas, quando precisamos detalhá-lo, apareceram os problemas. Descobrimos que o terreno que era considerado sólido não era tão firma assim e vice-versa. A usina que está sendo construída agora é totalmente diferente do projeto original — alegou Nadalutti.
O documento entregue ao ministro, que lamenta a rotina de “constituição de grupos de trabalho interno para justificar aditivos em contratos para pagamentos não previstos no em$”, expõe uma crise política em Furnas.
Seus responsáveis sustentam que a empresa acumula prejuízos com Simplício porque foi aparelhada pelo PMDB fluminense e, particularmente, pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
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