Redrado travava disputa com Cristina por reservas do banco
Ariel Palacios - Estadão
Na sequência, Redrado, fez uma série de críticas: "Chegamos a esta crise pelo avassalamento do governo sobre a autonomia do BC. O governo passa por cima do Parlamento. E na prática, o governo quer atropelar tudo!" Segundo Redrado, a crise começou porque tentou impor limites ao governo, referindo-se a sua recusa em ceder as reservas. "Durante muito tempo o governo tentou fazer coisas com as reservas do BC, como tentar comprar a (privatizada) Repsol YPF, planos de infraestrutura, pagar o Clube de Paris..."
Depois, Redrado ressaltou a instabilidade do BC ao longo da história argentina: "Sou o presidente número 55 em 70 anos de história... quase um presidente do BC a cada ano e meio!"
O confronto entre Redrado e Cristina desatou a maior crise institucional deste governo. A presidente demitiu Redrado por decreto, passando por cima do Parlamento, entidade que deve ser consultada em uma decisão dessa magnitude, segundo as normas do Banco Central. Mas o decreto foi suspenso por uma juíza federal.
Dias atrás uma comissão parlamentar havia iniciado uma avaliação do caso de Redrado. Estava previsto que a comissão anunciaria seu parecer na terça-feira. Mas, como o parecer tem o caráter de "conselho", Cristina deveria tomar a decisão final sobre o futuro de Redrado. Especulações indicavam ontem que a comissão emitiria uma posição desfavorável para o economista.
Analistas políticos destacaram ontem que o governo pretende humilhar Redrado, já que Cristina provavelmente não aceitará a renúncia dele. Isso ficou claro quando, durante a coletiva de Redrado, o chefe do gabinete de ministros, Aníbal Fernández, afirmou que a presidente esperará que a comissão anuncie seu parecer na terça-feira.
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