Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

FRAUDE NA ALERJ deve ser maior do que R$ 4,8 milhões



Aposentadorias foram pagas a seis servidores inativos mortos da Alerj Foto: Marcelo Carnaval 
O Globo

Antero Gomes
EXTRA

A fraude praticada por pessoas que embolsaram, indevidamente, aposentadorias de servidores inativos mortos da Assembleia do Rio (Alerj) pode ser superior aos R$ 4,8 milhões já investigados. Isso porque a Alerj só checou, até $momento, os nomes de 50 dos 833 aposentados da Casa. Desses 50, a Alerj já detectou que seis (12%) estavam mortos, mas permaneciam na folha de pagamento. O dinheiro continuava sendo sacado, segundo o presidente da Alerj, deputado Paulo Melo, por pessoas ligadas aos ex-funcionários.

— É provável que a gente encontre mais. O Rioprevidência (instituto de previdência do governo do estado) vai começar a chamar, a partir de amanhã (hoje), os demais aposentados para um recadastramento de inativos. A amostragem dos 50 servidores levou em conta o critério dos mais velhos — disse o diretor-geral da Alerj, José Carlos Santos Araújo.

Os valores das aposentadorias sacadas indevidamen$eram altas. A maior delas era de R$ 22.534,24. Era depositada na conta do aposentado Calixto Nami Kalil, que foi para a inatividade em 1965. Em 2007, ele morreu. Mas, segundo a Alerj, o falecimento não foi comunicado. Os benefícios foram depositados até dezembro do ano passado. Só nesse caso que $investigado, os desvios chegaram a R$ 1,43 milhão.

Outro caso que chamou a atenção na análise foi a do servidor Alberto Ferreira Moura. Ele morreu em 2007. O dinheiro continuou sendo sacado pelo filho do servidor, David Abreu Mora. No ano passado, a Alerj estranhou a idade avançada do inativo: 92 anos. Mandou um telegrama pedindo para que ele se apresentasse pessoalmente. $, não só ele não se apresentou, como também seu filho, David, mandou, uma carta com uma procuração lavrada em cartório verdadeira, mas ideologicamente falsa. Na procuração, o notário atesta que esteve com Alberto e ele, doente, assinou com a impressão do polegar direito. Há, inclusive, duas testemunhas.

Procurado ontem pelo EXTRA, David confessou o crime e disse que estava com dívidas altas.

Veja a entrevista com David, de 56 anos:

Você sacou o dinheiro do seu pai morto?

Sim. Minha mãe ficou doente na mesma época do meu pai. Os dois foram internadas numa clínica no Méier. Os valores ficaram altos. Tive que me virar. Para salvar a vida deles. Pedi empréstimos a bancos e pessoas. A coisa foi se transformando numa bola de neve. Continuei sacando, sim, o dinheiro, porque não tinha de onde tirar para pagar. Foi ideia de pessoas que em viram desesperado (ao todo, froam sacados R$ 605 mil).

Você falsificou a procuração?

A Alerj mandou um telegrama convocando meu pai. Eu estava desesperado. Não fui ao cartório. Um amigo falou que conhecia alguém do cartório, que foi lá em casa. Paguei as custas normais. Ele informou, realmente, que meu pai estava vivo.

Você sabe que isso é crime?

Na época (da doença dos pais) foi justificável, mas a continuidade (dos saques), não. Estou à base de tranquilizantes. Sei que errei.

Alguém da Alerj está envolvido?

Não.

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