Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

ENCHENTES 2008 - Desabrigados desde 2008 em Santa Catarina ainda aguardam moradia. Alagoas e Pernambuco também têm rastros de destruição

Reconstrução de áreas afetadas pelas chuvas no país é lenta

Letícia Lins
Odilon Rios, especial para O Globo
Juraci Perboni, especial para O Globo


Um ano depois, no bairro de Duas Pedras, em Friburgo, região Serrana do Rio de Janeiro, uma casa virou um monumento das chuvasMarcos Tristão / O Globo
PALMARES e ÁGUA PRETA (PE), UNIÃO DOS PALMARES (AL) e FLORIANÓPOLIS (SC) - É lento o ritmo da reconstrução em áreas afetadas pelas chuvas nos últimos anos no país. Nas regiões Sul e Nordeste, por exemplo, é possível encontrar antigos desabrigados que ainda aguardam moradias do governo, embora os estragos tenham sido causados em temporais ocorridos entre 2008 e o ano passado.

Veja tambémSobe para 15 o número de mortos em Minas Gerais
Chuvas: sobe para oito número de mortos em Sapucaia, no Rio
Central de alerta contra desastres custou R$ 14 milhões e só cobre 20% dos locais

Em Santa Catarina, a diarista Raquel Cunha, de 38 anos, vive, desde o fim de 2008, em Itajaí, com os três filhos, em uma casa paga pela prefeitura com o aluguel social. Assim como eles, que perderam tudo nas enchentes e deslizamentos provocados pelas chuvas daquele ano, outras 54 famílias ainda não têm uma nova residência.

O diretor de Obras da Secretaria de Habitação de Itajaí, Leonardo Caetano, informou que a prefeitura paga o auxílio moradia às 55 famílias, das quais 45 são da enchente de 2008.

- Temos um gasto mensal de R$ 30 mil - detalhou ele, que ainda não tem previsão de quando essas famílias poderão receber um imóvel.

Os projetos existem, mas a lista de espera é extensa: mais de seis mil famílias que ganham até três salários mínimos aguardam sorteio para ganhar uma casa.

A Defesa Civil de Blumenau, um dos municípios de Santa Catarina mais afetados pela catástrofe de novembro de 2008, interditou, na época, 2,6 mil moradias, das quais 1,6 mil já foram demolidas. Nos últimos anos, 320 famílias viveram em abrigos ou com aluguel social. As últimas 15 famílias deixaram os abrigos em novembro passado.

O vice-prefeito e secretário de Habitação de Blumenau, Rufinus Seibt, afirmou que, após 2008, foi elaborado um Plano Municipal de Habitação de Interesse Social, que identificou 55 áreas de risco e a necessidade de se construir de cinco a seis mil moradias.

Um grupo de 35 famílias de Ilhota, que teve 35 vítimas fatais e um desaparecido, em 2008, ainda esperam por uma casa. A construtora responsável deveria entregar 207 unidades, mas só deixou prontas 172, pois faliu.

Em Alagoas, um ano e meio após uma enxurrada que atingiu 11 cidades, finalmente, 1.479 moradores de áreas de risco ganharam casas novas em conjuntos habitacionais erguidos com verba da União e contrapartida do governo do estado. Mas os imóveis deixam a desejar: foram entregues sem torneiras, pias e chuveiros. Algumas, sequer tinham encanamento de água, portas ou janelas.

- Água, aqui, é uma dificuldade danada - disse o mestre de obras Cláudio dos Santos, que ajudou a construir as casas do conjunto Wilton Gonçalves, em União dos Palmares, na Zona da Mata alagoana.

Há duas semanas, diante dos problemas encontrados logo após a entrega dos imóveis, às vésperas do Natal, moradores fecharam as estradas de acesso à União dos Palmares e outras cidades atingidas pelas chuvas de 2010 para cobrar melhorias.

- Depois disso, o governo veio aqui e colocou o kit completo. Mas a casa é frágil. Não vai aguentar muito tempo isso aqui - avaliou Santos.

Quem recebeu a chave do imóvel assinou um contrato com a Caixa Econômica Federal, por meio do qual se responsabiliza pelo pagamento de uma mensalidade pelos próximos 25 anos. Mas o governo afirmou que vai assumir as prestações. Aguarda, apenas, uma Medida Provisória da presidente Dilma Rousseff para oficializar a transação. O governo do estado ainda precisa entregar mais 17 mil casas.

Em Água Preta, 150 famílias moram em abrigos

Em Pernambuco, os rastros da destruição ainda persistem em três dos mais prejudicados municípios pela enchente de 2010, que atingiu 68 cidades, danificou ou destruiu 16.862 casas e causou estragos em 4. 476 quilômetros de estradas. Além de 20 mortos, a enchente deixou um saldo de quase 90 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas. Hoje, restam poucas pessoas em abrigos, e o cenário daquilo que parecia o efeito de um bombardeio começou a mudar na região, onde R$ 2,2 bilhões vêm sendo aplicados, entre recursos da União e do estado.

Em Água Preta, a 130 quilômetros da capital, cerca de 600 operários trabalhavam na última quinta-feira na construção de 2.459 casas. Na cidade, 150 pessoas ainda moram em um abrigo, improvisado no hospital municipal parcialmente destruído pelas chuvas. Maria de Oliveira, de 59, é uma delas. A enchente de 2010 destruiu por completo sua casa na beira do Rio Una. Segundo a prefeitura, não há casas disponíveis para alugar.

Em Palmares, a 125 quilômetros da capital, onde mais de 3 mil imóveis foram destruídos ou danificados, há ruas onde restam apenas paredes e casas destelhadas. Muitos desses imóveis não serão reconstruídas, pois estão em áreas de risco. Já em Barreiros, onde quase toda a população foi afetada pela enchente, três mil famílias ainda recebem auxílio-moradia


Fonte O Globo http://oglobo.globo.com/pais/reconstrucao-de-areas-afetadas-pelas-chuvas-no-pais-lenta-3620058#ixzz1j3TQoDSK

Nenhum comentário: