Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

23o.Escândalo Brasileiro - O baú da felicidade

VEJA
Edição 2065

18 de junho de 2008


Vídeos mostram prefeito recebendo propina
e envolvendo José Dirceu em negociata

Diego Escosteguy
João Schubert/Jornal Panorama
Nos vídeos, o prefeito Bejani aparece recebendo pacotes de dinheiro de empresários: "Não tem uma mala aí?"

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Vídeo do escândalo
Há três anos, VEJA trouxe a público um vídeo que exibia o pagamento de propina de um empresário a Maurício Marinho, funcionário dos Correios e soldado do PTB. A cena de Marinho embolsando um bolinho de 3 mil reais imortalizou-se como símbolo maior do escândalo do mensalão – e também como epítome lapidar do estágio avançado que o câncer da corrupção atingira no Brasil. Na semana passada, VEJA teve acesso a seis vídeos cujo enredo se assemelha ao da célebre fita dos Correios: um corrupto recebendo dinheiro para beneficiar empresários com contratos no governo. As fitas são estreladas pelo prefeito de Juiz de fora, Carlos Alberto Bejani, do mesmo PTB de Marinho. Nelas, Bejani aparece acertando negociatas com empresários, combinando propinas e recebendo dinheiro, muito dinheiro – em maços, em pacotes, em sacolas, em malas... Assim como o vídeo de Marinho, os DVDs apreendidos agora trazem conversas comprometedoras, envolvendo personagens famosos. Num deles, Bejani aponta a participação do ex-ministro José Dirceu no esquema de desvio de dinheiro.
As fitas estavam escondidas na própria casa de Bejani e foram encontradas quando a PF deflagrou a Operação Pasárgada, há dois meses. A polícia prendeu Bejani e outras cinqüenta pessoas acusadas de participar de uma quadrilha que desviava recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) – dinheiro que a União repassa às prefeituras para investimentos. Dias depois, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região mandou soltar todos os presos. Com a descoberta da videoteca da corrupção, a PF conseguiu devolver os mesmos personagens à cadeia na última quinta-feira – inclusive Bejani e os empresários que o haviam subornado. Nos diálogos, o prefeito mostra que tem o DNA do PTB. Ele sempre quer mais. Numa das conversas, os empresários oferecem 120 000 reais por mês para que Bejani assegure um aumento na tarifa dos ônibus de Juiz de Fora. Ele se ofende com a proposta: "O primeiro aumento é todo meu! Não vou fechar nada disso! Não vou!".
Bejani: suposta reunião com Dirceu e comissão de 7 milhões de reais
A conversa na qual Dirceu é citado foi filmada em 10 de maio de 2006. Disse Bejani: "Eu tenho uma reunião com José Dirceu às 3 horas em Belo Horizonte. Tô liberando 70 milhões". O empresário faz troça: "Nô! Mas que coisa feia, né, sr. Bejani?". Continua o prefeito: "Setenta milhões! Cê sabe quanto que dá isso? Sete milhões de comissão". Logo depois, Bejani conseguiu a liberação do dinheiro junto à Caixa Econômica Federal e ao Ministério das Cidades. A PF investiga se Dirceu agiu em favor da quadrilha, mas, no relatório enviado à Justiça, os policiais não fazem acusação alguma contra o ex-ministro. Dirceu nega participação no esquema e garante que nunca prestou consultoria ao prefeito. Os DVDs do crime constituem uma pequena parte das provas recolhidas pela PF. Segundo as investigações, as ramificações da quadrilha alcançavam até o TRF da 1ª Região, que soltou os acusados. Na semana que vem, os desembargadores vão julgar um recurso impetrado por um dos presos que, se aceito, pode jogar no lixo todas as provas produzidas pela PF, o que inclui os vídeos do prefeito – um tesouro do crime que reafirma o triste diagnóstico de que aparentemente nada consegue conter o câncer da corrupção.






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