Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

quinta-feira, 6 de maio de 2010

GOVERNO LUL/INFRA-ESTRUTURA - Governo planeja construir 6 hidrelétricas na Amazônia

 
                     fotos de Jota Gomes
 
Marta Salomon / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
 
Quase um terço da expansão da oferta de energia no País na próxima década, em consulta pública pelo governo desde anteontem, está baseado em seis hidrelétricas a serem instaladas em unidades de conservação na Amazônia. Juntas, elas têm potência equivalente a uma nova Belo Monte, a maior hidrelétrica brasileira, recentemente leiloada no Pará.
Análise do Plano Decenal de Energia 2019 mostra que usinas com potência de 10.907 MW (megawatts) na bacia do Rio Tapajós, no Pará, ocuparão áreas atualmente destinadas a unidades de conservação, inclusive os chamados parques nacionais, de proteção integral.
O plano decenal relaciona novos projetos hidrelétricos "a serem viabilizados" até 2019. Numa das tabelas do plano, de mais de 300 páginas, aparecem datas para a entrada em operação dessas hidrelétricas, que dependerão não apenas de uma complicada análise ambiental, mas também da aprovação de projetos de lei pelo Congresso.
"Sendo otimista". Questionado sobre o grau de incerteza dos empreendimentos nos quais deposita fatia importante dos novos 35.245 MW de energia necessários a acompanhar o ritmo de crescimento da economia brasileira, o presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Mauricio Tolmasquim, admitiu que há riscos no cronograma. "Estamos sendo otimistas, e a alternativa seria colocar um monte de usinas térmicas no plano, o que não seria razoável", disse Tolmasquim.
Segundo o presidente da estatal, 66% do potencial hidrelétrico a ser explorado no País encontra-se na Amazônia, onde grande parte do território foi convertida em áreas de conservação ambiental.
Entre as usinas programadas para as áreas de conservação da bacia do Tapajós, a maior chama-se São Luiz do Tapajós, no Rio Tapajós, com potência de 6.133 MW - pouco mais do que a soma do potencial das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em construção em Rondônia.
Também no Rio Tapajós, há uma outra grande usina, Jatobá, com 2.336 MW de potência. A lista das usinas programadas para unidades de conservação completa-se com mais quatro usinas no Rio Jamanxim: Cachoeira do Caí, Jamanxim, Cachoeira dos Patos e Jardim do Ouro. Juntas, somam 2.438 MW.
As usinas do Rio Jamanxim deverão ser inauguradas em janeiro de 2019, prevê o plano decenal. A hidrelétrica de São Luiz do Tapajós seria a primeira a entrar em operação, já em novembro de 2016.
A ideia do governo é implantar nessa região as chamadas "usinas-plataforma", com canteiros de obras reduzidos e posterior recuperação de parte da área usada na construção.
Nuclear. O Plano Decenal de Energia não menciona nenhuma nova usina nuclear depois da conclusão de Angra 3, cuja entrada em operação está prevista para 2015.
Não há nem mesmo menção a investimentos em usinas nucleares a serem inauguradas depois de 2019, embora o governo já tenha anunciado planos de construir quatro novas usinas até 2030. E o plano prevê mais de R$ 100 bilhões em investimentos em usinas ainda em fase de planejamento.
Há menos de dois meses, no anúncio da nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), o governo chegou a apostar em novas usinas nucleares entre os investimentos em fontes de energia renováveis ou limpas.
"Não tenho dúvida de que vamos ter de recorrer à geração de energia nuclear, mas contar com novas usinas nesse prazo seria arriscado, não existe nada de concreto ainda", alegou Mauricio Tolmasquim.
"Seria interessante considerar o início de construção dessas usinas", protestou o ministro Samuel Pinheiro Guimarães (Assuntos Estratégicos), que assumirá a coordenação do grupo interministerial responsável pelo programa nuclear.

   

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