Segundo o IBGE, moradores do Rio são os que mais demoram, no país, para ir de casa ao trabalho
Ilda acordar às 4h da manhã para chegar a tempo no trabalho, e mesmo assim reza para não se atrasar
Foto: Marcelo Theobald
Alessandra Duarte, Juliana Castro e Talita Corrêa
Duas horas. Tempo suficiente para assistir a um filme, frequentar um curso, arrumar a casa. Mas, segundo dados do Censo 2010 divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esses preciosos 120 minutos são jogados fora, diariamente, pelas janelas de vans, trens, ônibus, carros e metrôs que conduzem milhões de trabalhadores do Rio de Janeiro.
O Rio é o estado onde as pessoas mais demoram para chegar ao trabalho. A pesquisa mostra que 23,1% dos trabalhadores fluminenses levam mais de uma hora no trajeto entre a casa e o emprego.
O dado é novo, mas não surpreende Ilda Barros, de 62 anos. Ela mora em Nova Iguaçu, na Baixada, e cuida de um idoso na Zona Sul do Rio. São duas e meia no trânsito, todos os dias.
— Preciso acordar às três ou quatro da manhã para chegar a tempo no emprego, às 7h — resume, num misto de cansaço e irritação.
Japeri, na Baixada, está no topo do ranking das cidades brasileiras onde, proporcio$, os trabalhadores gastam mais tempo de viagem. Lá, os moradores gastam, em média, duas horas para ir da residência ao trabalho.
À frente de São Paulo
A presidente do IBGE, Wasmália Bivar, explica porque, nesse ranking, o Rio desbanca até São Paulo.
— Enquanto 75% da população do Rio mora na região metropolitana, em São Paulo este índice é de 50%. Além disso, lá existem outros polos de trabalho — explica.
Para o operário Cleiton Soares, de 24 anos, esses não são os únicos motivos.
— Há muitos carros para poucas ruas — define ele, que pega uma van e um ônibus para ir de Magé ao Rio Comprido. — O transporte público também não ajuda. É precário e demora.
Pela primeira vez, o censo $uma pergunta sobre o tempo gasto para chegar ao emprego. Dos 61,5 milhões de brasileiros que têm alguma ocupação fora de casa, mais de sete milhões não chegam ao trabalho antes de investir 60 minutos de paciência.
Desse calvário a empregada doméstica Marli Alexandre, de 45 anos, entende:
— Já gastei quatro horas entre Miguel Couto, onde moro, e a e a Urca, onde trabalho
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