Por AncelmoCom
O fotógrafo Arthus-Bertrand diante da foto do Piscinão de Ramos
Há 20 anos, o fotógrafo e ambientalista Yann Arthus-Bertrand, francês, começou a fazer fotografias aéreas que resultaram em exposições e no fantástico livro "A Terra vista de Cima", que reúne 170 fotografias inesquecíveis. Pela primeira vez o fotógrafo está no Rio para a abertura de sua exposição na Cinelândia, com 130 fotos, e um debate dentro da série Encontros do GLOBO, no Cine Odeon, ocorrido hoje à tarde. O fotógrafo foi aplaudido quando disse que, apesar de importantes, eventos como o da Rio+20 -- a conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável -- raramente produzem resultados concretos.
-- Não são os políticos que vão mudar o mundo, mas nós, cidadãos. Não teremos uma revolução política nem econômica, mas espiritual, no sentido ético e moral -- afirmou o ambientalista, que, após o debate, apresentou seu filme "Home".
Arthus-Bertrand -- que veio a convite da Rio+, quando serão exibidos documentários dele no Cine Odeon -- transmite a ideia de que é um cético que não tem outra alternativa a não ser acreditar que o mundo vai resgatar seu meio ambiente e, ao final, a civilização vai se salvar.
-- Somos a única espécie que sabe da tragédia ambiental e não toma providências. O mundo não vai acabar mas é preciso fazermos algo para evitar isso. Consumir menos, por exemplo -- afirmou o fotógrafo, lembrando o dia em que reuniu um grupo de crianças e perguntou se elas achavam que o mundo ia acabar.
-- Sessenta por cento ergueram os braços. As crianças têm mais consciência do que os adultos da gravidade da situação pela qual atravessa o mundo hoje -- disse Bertrand, no debate que teve a participação do fotógrafo Custodio Coimbra e, como mediador, o fotógrafo e editor de suplementos do GLOBO, Marco Antônio Rezende.
A exposição terá fotografias aéreas feitas na Praia de Ipanema, Centro, Rocinha e no Piscinão de Ramos.
-- Fiz foto do Piscinão de Ramos lotado, ao lado do mar da Baía de Guanabara, toda vazia por causa da poluição -- observou Bertrand.
Ex-piloto de balões -- o que ajudou em seu trabalho -- Bertrand já fotografou áreas em 120 países. Em entrevista ao blog de Ancelmo Gois, ele disse que os países da África apresentam maior degradação ambiental hoje e que os países nórdicos são os mais conscientes da questão ambiental, confirmando que educação tem tudo a ver com meio ambiente. Ele disse acreditar na importância de seu trabalho como testemunha da degradação do planeta, apesar da aparente contradição de o feio (a poluição) produzir o belo na plasticidade de suas fotografias
-- Minhas fotos ajudam a explicar o mundo de uma forma bonita -- diz o fotógrafo, para quem a técnica e os equipamentos não são tão importantes para se fazer boas fotos, mas, sim, a motivação para produzi-las.
Apesar de ter percorrido tantos países, Bertrand diz que o melhor lugar do mundo é a casa dele. E suas melhores fotos são as dos filhos em sua carteira.
Bertrand é engajado em educação ambiental. Para isso deu câmeras fotográficas a ONGs que atuam no Tânger (Marrocos) pra documentar a degradação ambiental lá.
-- Infelizmente o mar é a maior lata de lixo do planeta. O mundo virou uma imensa loja em que todos querem consumir para se sentir melhor. E isso é ruim para o planeta -- afirma Bertrand.
O Centro do Rio visto de cima, em foto de Bertrand
Em 20 anos que Bertrand fotografa a terra vista de cima:
-- O PIB mundial aumentou em 75%, chegando a 63 TRILHÕES de dólares, mas ainda há UM BILHÃO de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza.
-- Cerca de 1 BILHÃO de homens e mulheres sofrem de desnutrição e quanto o mesmo número sofre de obesidade.
-- As emissões de CO2 aumentaram em 36% e atingem 30 BILHÕES de toneladas por ano. Mas as energias renováveis progridem a uma velocidade tremenda: o uso da energia solar cresceu 30.000%.
-- As florestas mundiais perderam quase 300 MILHÕES de hectares, ou seja, quase 13 MILHÕES de hectares por ano. Mas atualmente quase 6% das florestas são certificadadas -- e hoje, 13% das terras são protegidas.
-- Uma espécie de vertebrado em cada 5 corre risco de extinção.
Uma das entradas da favela da Rocinha com a passarela sobre a auto-estrada Lagoa-Barra
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