Cíntia Cruz
EXTRA
Policial do Batalhão Florestal participa de vistoria em cemitérios de Duque de Caxias
Foto: Cleber Junior/Extra
Uma máfia de funerárias, provavelmente liderada por um delegado da Polícia Federal (PF) e envolvendo cinco empresas, é alvo de investigação da Polícia Civil. Na operação Dignidade, realizada ontem em três cemitérios de Duque de Caxias, foram encontradas ossadas armazenadas de forma irregular e expostas. Todos os estabelecimentos foram autuados por não terem licenciamento ambiental nem alvará de funcionamento.
O policial da PF Marcelo Nogueira de Souza, alvo da investigação, pediu exoneração da vice-governadoria do Estado do Rio, onde trabalhava como assistente de relações institucionais, no dia 1 de julho, após saber das investigações. Ele e mais sete pessoas são investigadas, entre eles, três familiares, que se revezariam na direção das funerárias. Há a suspeita de venda de ossadas e de esvaziamento de sepulturas antes do tempo. O EXTRA tentou entrar em contato com Marcelo Nogueira mas não ele não foi encontrado para comentar a denúncia.
Sem licença
Nos cemitérios Nossa Senhora das Graças, no Tanque do Anil, e Nossa Senhora do Belém, no Corte Oito, quatro pessoas foram levadas para prestar depoimento na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente. Como a pena é inferior a dois anos, eles foram liberados. Todos responderão por poluição e falta de licença. A operação, que envolveu 50 homens do Inea, Batalhão Florestal, polícias Civil e Federal, também esteve no Cemitério de Xerém.
- Vamos investigar os "papa-defuntos". Funerárias disputam o monopólio, inclusive em acidentes, para receberem grande parte do seguro (Dpvat) - revelou o titular da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), José Fagundes Rezende.
Corpo de bebê sumiu
No Corte Oito, havia ossadas dentro de sacos plásticos e buracos em paredes de casas que ficam nos fundos do cemitério. Para o delegado Fábio Scliar, da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e ao Patrimônio Histórico da Polícia Federal, há uma relação entre a milícia e o cemitério.
No Cemitério Nossa Senhora das Graças, o caixão de uma criança de 1 ano, enterrada em novembro de 2011, estava vazio. Scliar acrescentou que só depois de três anos o corpo pode ser exumado.
- Temos informações de que eventualmente o cemitério recebe ingerência da milícia. Os buracos são para fuga ou enterrar alguém que mataram aí dentro.
A perícia da Polícia Civil recolheu o material encontrado e o laudo ficará pronto em 15 dias. Será instaurado inquérito para apurar denúncias de venda de ossadas e retirada dos corpos antes do tempo permitido por lei.
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