Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

sábado, 21 de julho de 2012

FÚRIA ASSASSINA EM SP - “Abordagem da polícia foi desastrosa”, diz secretário de segurança


Antonio Ferreira Pinto declarou que policiais "erraram totalmente" e governador Geraldo Alckmin afirmou que MP acompanhará as investigações

Marina Pinhoni
VEJA

Carro do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, morto a tiros por policiais militares na madrugada desta quinta-feira em São Paulo (Marina Pinhoni/VEJA)

Ao contrário do subcomandante da Polícia Militar, Hudson Camilli, que afirmou nesta quinta-feira que, “do ponto de vista técnico”, a ação policial que culminou com a morte do publicitário Ricardo Prudente de Aquino “não pode ser criticada”, o secretário de Segurança de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, classificou a abordagem da Polícia Militar como desastrosa. A declaração foi dada na manhã desta sexta-feira, depois do evento que celebrou a formatura de 920 PMs no Vale do Anhangabaú, centro da capital paulista.

Aquino foi baleado por policiais militares na noite desta quarta-feira, no Alto de Pinheiros, área nobre da cidade, depois de, segundo a PM, ter fugido de uma abordagem policial. De acordo com os policiais, o publicitário foi baleado porque os homens confundiram o celular que carregava com uma arma. Foram feitos sete disparos, todos a curta distância. Quatro atingiram o para-brisa do veículo de Aquino, um Ford Fiesta; um, a lateral do carro; e dois, a cabeça do publicitário.

“Eles erraram totalmente”, resumiu o secretário, que foi convocado pelo governador Geraldo Alckmin para dar explicações sobre o caso. “Erraram no momento em que atiraram, porque tinham muito mais condições, devido à desproporção numérica, de abordar o rapaz e fazer com que ele saísse do veículo. Não é pelo simples fato de ele ter desobedecido a uma blitz que alguém merece ser recebido a tiros”. Aquino foi abordado por quatro viaturas e duas motos.

Ferreira Pinto também negou que a polícia esteja nervosa e agindo de forma imprudente por causa dos ataques a bases da PM que aconteceram em São Paulo nas últimas semanas. Sobre a afirmação do subcomandante Camilli, Ferreira Pinto disse que ela havia sido “mal interpretada”: “A perseguição até o carro parar foi correta, mas a abordagem foi desastrosa. A ação como um todo não foi correta”. O secretário afirmou ainda que o comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar pode sofrer punição disciplinar por ter permitido que seus subordinados – dois soldados e um cabo que atiraram contra Aquino e já estão presos – fossem para as ruas sem a presença de um superior.

Desculpas – O secretário afirmou ainda que, na sua avaliação, foi um erro a Polícia Militar ter pedido desculpas à família da vítima. “Se eu tivesse sido consultado diria que se devia respeitar a dor e o silêncio da família."

“Não tem sentido pedir desculpas quando a família está traumatizada e nada vai recuperar ou minimizar esse sofrimento”, disse Ferreira Pinto. “A desculpa chega a ser até ridícula, bisonha, a família fica até mais indignada. Parece uma certa insensibilidade.”

Ao comentar a morte de Aquino, o governador Geraldo Alckmin afirmou que “a tolerância a qualquer tipo de erro ou abuso da polícia é zero”. Ele também destacou que o Ministério Público acompanhará as investigações. “Os policiais já estão presos e o processo investigatório foi aberto”, observou. “Vou solicitar ao Ministério Público que acompanhe as investigações. Nossa orientação é para que seja feita uma apuração rigorosa e detalhada tanto pelo estado, como pela corregedoria e pelo comando da PM.”

O governador fez questão de salientar que a morte do publicitário não foi causada por falta de treinamento dos policiais. “Os processos seletivos são muito rigorosos”, observou Alckmin. “A prova disso é que tivemos mais de 80.000 inscritos para o curso que hoje formou 920 soldados”. Segundo Alckmin, casos como o de Aquino são isolados. "É necessário que haja uma ação rápida, apuração rigorosa, corregedoria firme e punição.”

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