BRENO COSTA
FOLHA DE SÃO PAULO
ENVIADO ESPECIAL A PALMAS (TO)
Quase metade do dinheiro recebido pelo comitê do PSDB de Tocantins na eleição de 2010 veio de empresários que, segundo a Polícia Federal, atuavam em parceria com Carlinhos Cachoeira.
O tucano Siqueira Campos venceu as eleições e é o atual governador. Foi dos cofres do comitê do partido que saíram 98% dos recursos de sua campanha.
De R$ 10,5 milhões de receita declarada à Justiça Eleitoral, R$ 4,3 milhões (41%) foram doados por citados na investigação da Polícia Federal na Operação Monte Carlo.
Os dados indicam que a influência de Cachoeira no Tocantins não se limitava ao petista Raul Filho, prefeito de Palmas, flagrado negociando o apoio do empresário.
Nas interceptações telefônicas feitas pela PF, Cachoeira diz a um auxiliar ter um encontro marcado com o governador. Siqueira Campos diz que só houve um encontro "fortuito", sem dar detalhes.
O maior doador de todo o PSDB tocantinense foi o empresário Rossine Aires Guimarães, com R$ 3 milhões. Sua convocação pela CPI do Cachoeira já foi aprovada.
Dono de uma construtora, ele é, de acordo com a PF, o principal parceiro de negócios de Cachoeira, ao lado de Cláudio Abreu, ex-diretor regional da empreiteira Delta.
Duas empresas do suplente de senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), um dos políticos que mais conversa com Cachoeira nos grampos da PF, doaram R$ 480 mil.
Também apontado pela PF como sócio informal de Cachoeira, Marcelo Limírio Gonçalves doou R$ 300 mil.
Outros R$ 500 mil chegaram pela JM Terraplanagem, empresa suspeita pela PF de envolvimento com Cachoeira. O sigilo bancário e fiscal da JM foi quebrado pela CPI.
O Ministério Público vê indícios de favorecimento ao grupo de Cachoeira. Em ação de improbidade de 2011, a Promotoria diz que o governo Siqueira Campos dispensou uma licitação de forma irregular para contratar por R$ 14,7 milhões a Delta --à qual Cachoeira era ligado.
OUTRO LADO
O governador Siqueira Campos disse que as doações foram feitas ao comitê financeiro da coligação e não serviram só para sua campanha.
Segundo ele, o comitê não tem como investigar a vida dos doadores e que as supostas ligações dos mesmos com Cachoeira só foram conhecidas após a operação da PF.
A Delta diz que foi incluída de forma indevida na ação.
A assessoria de Marcelo Limírio diz que o empresário estava em viagem, mas informou que a doação foi legal.
A JM Terraplanagem negou ter relações com Cachoeira e disse que a doação foi legal.
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