O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo, informou que os requerimentos de Cavendish e Pagot, já adiados pela CPI, serão o primeiro item da pauta
Laryssa Borges
VEJA
Presidida pelo senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações de Carlos Cachoeira (Geraldo Magela/Agência Senado )
Encarregada de tentar um gesto simbólico nas últimas sessões antes de interromper seus trabalhos, a CPI do Cachoeira pretende colocar em votação na reunião administrativa de quinta-feira, a partir das 9 horas, os requerimentos de convocação do ex-diretor da construtora Delta, Fernando Cavendish, e do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot. Os dois depoimentos, considerados os mais emblemáticos para a comissão de inquérito, devem dividir deputados e senadores.
Os parlamentares ainda avaliam o peso político de convocar Cavendish e, com isso, conseguir protelar um eventual depoimento de Pagot. No dia 14 de junho, com votação em bloco de petistas, a CPI conseguiu barrar a convocação do empresário Fernando Cavendish, autor, em trecho captado pelos grampos da Polícia Federal, da frase: “Se colocar R$ 30 milhões na mão de político, ganha negócio”.
Amigo pessoal do governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), o empresário deixou o comando da Delta assim que estourou a informação de que a empreiteira atuava em parceria com o esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira para a obtenção irregular de benefícios.
Também em junho, a CPI conseguiu adiar a convocação de Luiz Antonio Pagot, ainda que ele tenha prometido trazer à tona informações sobre a atuação da construtora Delta e sobre suas relações promíscuas com agentes públicos. Demitido do governo da presidente Dilma Rousseff após o escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes, denunciado por VEJA, Pagot afirma que verbas públicas foram utilizadas como caixa dois de campanhas políticas. A CPI do Cachoeira vai interromper seus trabalhos a partir de 12 de julho e retomar as atividades apenas em agosto, após o recesso parlamentar.
Serpes – Nesta terça-feira, a empresária Ana Cardozo de Lorenzo, responsável pela empresa Serpes Pesquisas de Opinião e Mercado, se recusou a comparecer à CPI do Cachoeira. Única depoente do dia, ela negou que tenha recebido recursos da empresa laranja Alberto&Pantoja, ligada à quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira. Investigações da Polícia Federal apontam, no entanto, o repasse de 56 mil reais do esquema do bicheiro ao instituto responsável por realizar pesquisas de opinião.
A Serpes diz ter recebido 39.212,50 reais por serviços prestados à campanha do então candidato tucano ao governo de Goiás, Marconi Perillo, e outros 28 000 reais para realizar uma pesquisa para o PTdoB, partido presidido em Goiás pelo ex-presidente do Detran local, Edivaldo Cardoso. De acordo com a PF, Cardoso foi indicado ao cargo por manter relações pessoais com Carlinhos Cachoeira.
“A Serpes não é responsável pela origem do dinheiro de seus clientes”, defendeu a empresa em documento encaminhado à CPI. “Em que pese seus 33 anos de atuação, a Serpes Pesquisas recentemente deparou-se com uma tentativa de macular a sua imagem”, completou.
Um comentário:
A relação pessoal do Sérgio Cabral com empresários não tem nada a ver com decisões administrativas, que são completamente impessoais. Nunca nenhuma decisão administrativa dos secretários foi tomada por influência do governador, sem falar que os secretários jamais receberam pedidos do Cabral pra nomear alguém ou beneficiar alguma empresa.
Postar um comentário