SECA : Sistema antigo de irrigação desperdiça água em Pernambuco

O sistema antigo e sem manutenção, usado para irrigar as plantações, joga fora boa parte da água do açude, que já corre o risco de entrar em colapso. .

jornal nacional

O maior açude de Pernambuco está correndo o risco de entrar em colapso. E não é só por causa da seca. O desperdício causado pelo antigo sistema de irrigação está deixando três mil famílias sem água.

O maior açude de Pernambuco - o Poço da Cruz - pode armazenar 504 milhões de metros cúbicos de água. Uma quantidade que daria para abastecer a cidade do Recife por dois anos e sete meses. Mas o reservatório atualmente guarda apenas 34% da capacidade.

O mais grave é que o açude está secando rapidamente, em uma época de estiagem severa, quando os moradores mais precisam. No início do ano, a água chegava ao sítio do agricultor João da Silva. E agora sumiu de vista. “Se tivesse água aqui, era uma riqueza. Isso aqui tava tudo verdinho”, conta.

Cinco mil e quinhentos litros de água por segundo são usados no projeto de irrigação do Departamento Nacional de Obras contra a Seca, um projeto que atende a 565 famílias, mas poderia beneficiar o dobro.

De toda essa água que é liberada pelas comportas para ser distribuída através dos canais de irrigação, apenas 30% são aproveitados, o resto é puro desperdício. O sistema antigo e sem manutenção, usado para irrigar as plantações, joga fora boa parte da água do açude, que já corre o risco de entrar em colapso.

As mangueiras retiram a água dos canais em quantidade maior do que a necessária. Para os técnicos, o desperdício em comparação com sistemas mais modernos, é enorme. “A gente poderia estar economizando 70%”.

O Departamento Nacional de Obras contra a Seca reconhece que o sistema de irrigação precisa de reparos urgentes: “Vamos lançar um edital para termos os estudos de recuperação, modernização e reconversão do sistema de irrigação do perímetro de Moxóto”, afirma Rosana Silva, coord. estadual do DNOCS.

Para evitar que o açude seque totalmente, a vazão será reduzida a partir de agosto. Apenas mil dos oito mil hectares do projeto serão irrigados. São medidas de emergência para que o Poço da Cruz não se torne uma miragem na área da seca.