Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

sexta-feira, 13 de julho de 2012

CASO PATRÍCIA AMIEIRO - PMs envolvidos em desaparecimento de Engenheira ganharam promoção #IRIO


O Dia 

Rio - Os PMs acusados de matar e esconder o corpo da engenheira Patrícia Amieiro, desaparecida há quatro anos, ganharam promoção tempos depois do crime. A informação veio à tona durante a audiência do caso nesta sexta-feira, quando a juíza Ludmila Silva pediu os postos dos quatro suspeitos. Marcos Paulo Nogueira Maranhão se identificou como sargento, Wiliam Luís do Nascimento, terceiro sargento, Fábio da Silveira Santana, cabo e Márcio de Oliveira Santos, sargento.

Adryano Amieiro, irmão de Patrícia, abraça a mãe, Tania. Jovem fez apelo para que buscas continuassem | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia

Segundo a assessoria da polícia militar, a promoção pode variar por tempo de serviço ou se for determinado por lei, através de uma progressão. Se um policial não for expulso ou preso, a progressão continua. No entanto, a promoção dos quatro ainda será apurada. Todos os acusados negaram a autoria do crime.

A juíza vai enviar ofícios para a Divisão de Homicídios (DH) e o Instituto Criminalista Carlos Éboli (ICCE), determinando prazos para que os objetos apreendidos nas buscas sejam identificados a perícia feita.

Delegado disse ter convicção da culpa de PMs

Em depoimento nesta sexta- feira na audiência de instrução de julgamento no desaparecimento da engenheira, no Tribunal de Justiça, o delegado Marcos Reimão disse ter convicção do envolvimento dos quatro PMs na morte da jovem. Reimão, titular da Delegacia Anti-Sequestro (DAS) à época, acompanhou as investigações. O policial militar Marcos Paulo Nogueira Maranhão já prestou depoimento e negou a autoria do crime.

O irmão de Patrícia, Adryano Amieiro, ficou muito emocionado durante a audiência e fez apelo às autoridades, pedindo que o governador Sérgio Cabral e o Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, se pronunciarem:

"A gente está tão perto. Tinha que ficar mais tempo lá. Se fosse filho de governador ou prefeito, as buscas continuariam. Minha mãe tem muita certeza que as roupas são dela. A gente quer que os acusados vão a juri popular. Se isso não acontecer, vai dar alvará para as pessoas sairem matando e escondendo corpos por aí. O caso da Patrícia tem que servir de exemplo para que isso não aconteça mais. A gente não quer vingança, a gente quer Justiça", comentou Adryano.

Enquanto a família esperava a audiência, o pai de Patrícia, Celso Franco, recebeu telefonema da secretária Nacional de Segurança Pública, Regina MIki. Celso e a esposa Tânia Márcia Franco vão se encontrar com a secretária até o fim do mês, em Brasília. Ele já havia pedido que o caso de sua filha fosse tratado como de um preso político, pela Comissão da Verdade.

Buscas encerradas

Após quatro dias de trabalho, a Polícia Civil, o Ministério Público do Rio, e o Corpo de Bombeiros encerraram, na tarde desta sexta-feira, os trabalhos de busca pelo corpo. A procura acontecia há quatro dias no sítio Vitória, no Itanhangá, na Zona Oeste da cidade. O delegado titular da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, o caso será encaminhado para o Ministério Público. Apesar de todo o aparato utilizado, não foram encontrados indícios do material genético de Patrícia.

As buscas pelos restos mortais de Patrícia Amieiro foram encerradas | Foto: Severino Silva / Agência O Dia

Chorando bastante, o irmão da engenheira, Adriano Amieiro, fez um apelo ao governador Sérgio Cabral e ao secretário de Segurança José Mariano Beltrame. "Eu reconheço o trabalho da polícia, mas a gente acredita que ela está aqui, são quatro anos de agonia, eu faço um apelo ao Cabral e ao Beltrame para que fiquem mais um pouquinho aqui, por favor", insistiu.

Força-tarefa não obteve sucesso

Com a equipe reforçada, 150 homens do Corpo de Bombeiros, funcionários da Secretaria municipal de Conservação, policiais civis e membros do Ministério Público recomeçaram as buscas pela ossada de Patrícia Amieiro na manhã desta sexta-feira. Divididos em três equipes, eles vasculharam todo o terreno do Sítio Vitória, na Favela da Muzema, no Itanhangá, Zona Oeste, sem encontrar evidências da presença do corpo da engenheira.

Os pais da engenharia Patrícia Amieiro, Celso e Tânia Franco, voltaram à Divisão de Homicídios (DH), na Barra da Tijuca nesta sexta e reconheceram novamente - como peças semelhantes - as roupas encontradas no sítio. Segundo Celso, uma peça especificamente impressionou muito o casal, pois seria bem semelhante a uma roupa que a engenheira usava. As roupas serão enviadas para perícia na tentativa de encontrar algum material genético que comprove se eram de Patrícia. 

Celso e Tânia Franco estiveram no local das buscas | Foto: Severino Silva / Agência O Dia

Em uma gruta da propriedade, foram achadas peças que seriam uma meia-calça, uma calça e sapatos femininos que podem ser da engenheira. No dia que sumiu, Patrícia vestia calça jeans escura, blusa vinho e calçava sapatos de salto. “Sempre temos esperança. Se houve nova denúncia, é porque aconteceu algo. Se não checarem, não vão achar nada mas acho o efetivo pouco. Gostaria que as Forças Armadas ajudassem”, apelou Celso.

Relembre o caso

Na noite de 14 de junho de 2008, Patrícia saiu de uma festa, na Urca, em direção à residência, na Barra, e nunca mais foi vista. O carro foi localizado com marcas de tiros no Canal de Marapendi, e a investigação de agentes da Divisão Anti-sequestro (DAS) aponta para quatro PMs. A juíza Ludmila Vanessa Lins da Silva, da 1ª Vara Criminal da Capital, marcou para o dia 13 (sexta-feira), às 13h30, a continuação da audiência de instrução e julgamento do processo que apura o desaparecimento da engenheira.

Na última audiência, que foi realizada no dia 5, apenas a perita Karina do Espírito Santo foi interrogada. Ela disse que os resultados dos três laudos continuam inconclusivos e que em nenhum momento falou da probabilidade de os tiros terem sido disparados por algum dos acusados. A juíza remarcou a audiência por conta da falta de uma das testemunhas e de um laudo que precisa ser juntado aos autos. Muito emocionados, os pais de Patrícia vieram ao Fórum Central acompanhar a audiência, mas preferiram permanecer do lado de fora do plenário.

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