Equipe de jornalismo
Do Contas Abertas
No mínimo, sete portais informam sobre os gastos públicos previstos para a Copa do Mundo de 2014. Porém, nenhum deles consegue manter informações atualizadas e, por vezes, até são contraditórios. Um dos especialistas que acompanha o assunto é Alexandre Guimarães, consultor legislativo do Senado Federal. Ele esteve nas 12 cidades-sedes com os membros da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados. Atendendo à convite, Guimarães visitou o Contas Abertas e concedeu a seguinte entrevista:
Contas Abertas (CA) – Qual a sua avaliação das obras referentes à Copa do Mundo nas cidades-sede?
Alexandre Guimarães – É bastante difícil analisar as obras da Copa como um todo porque a maioria está atrasada.
CA – Então, primeiramente, qual a situação dos estádios?
Guimarães – Os estádios, que são as obras mais acompanhadas pela imprensa, realmente evoluíram em termos de construção. Contudo, não sabemos se o avanço inclui todas as ações previstas. Em Brasília, por exemplo, descobrimos que ainda haveria a licitação da cobertura, apesar das obras estarem adiantadas. Não sabemos no que as outras arenas ainda podem nos surpreender, mas há que se considerar, que, no geral, estão indo bem.
CA – E os aeroportos?
Guimarães – Há pouco vimos as licitações dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília serem realizadas quase como uma forma “desesperada” de se tentar agilizar as obras no setor. Pelo ritmo da Infraero, nenhum aeroporto conseguiria atender à demanda, nem da Copa das Confederações, no próximo ano, nem da Copa do Mundo de 2014.
Vale ressaltar, que até nas licitações surgem dúvidas sobre a real capacidade de termos eficiência nos aeroportos em tão pouco tempo. O consórcio que ganhou o Aeroporto Internacional Juscelino Kubistchek, em Brasília, por exemplo, é o mesmo que constrói o terminal de São Gonçalo do Amarante, em Natal, no Rio Grande do Norte, que, provavelmente, não será concluído para a Copa.
CA – E em relação aos Portos?
Guimarães – Os portos estão extremamente atrasados, não vemos nenhuma mudança nas cidades, onde estão situados. O fato não preocupa muito, já que não estão previstos cruzeiros para a época.
CA – E sobre as comentadas obras de mobilidade urbana?
Guimarães – As obras de mobilidade urbana seriam o grande legado para a população em todas as cidades. Tratam-se de empreendimentos, em muitos casos, necessários. Porém surge um questionamento: os aeroportos serão expandidos, mas e as ligações das cidades com os aeroportos? Pouco está sendo realizado. Como será atendida essa relação com a maior demanda de turistas e o crescimento da população? Não dá para saber!
Nesse sentido, há obras pequenas, como uma via ou um BRT, já praticamente concluídas. Obras fáceis que seis meses antes da Copa certamente estarão terminadas. Mas há outras que ficarão na promessa, como é o caso dos VLT’s e do metrô em Belo Horizonte. Não acredito que esses empreendimentos saiam do papel. Se acontecer, vai ser pela metade, sendo concluídas algumas estações, das 20 que foram prometidas.
CA – No que diz respeito ao acompanhamento dos gastos para a Copa do Mundo por portais, algum é satisfatório?
Guimarães – Atualmente, nenhum. Nem o do Senado Federal, nem os do Ministério do Esporte e da Controladoria Geral da União. Basta consultar os sites no dia-a-dia para perceber que não há variações. Durante o período de férias, que acabamos de passar, é que não ocorreram mudanças mesmo. É como se não tivesse ocorrido nenhuma obra entre dezembro de 2011 e o início de fevereiro deste ano, apesar de sabemos que os estádios estão em andamento.
Os dados fornecidos pelo Ministério do Esporte (ME) e pela CGU, não representam a realidade e não batem com o que a imprensa divulga porque estão desatualizados. O próprio acompanhamento do ME é falho. Foi feito um em janeiro e outro em setembro de 2011, quando será o próximo? Vai ser realizado na véspera da Copa das Confederações? Vamos ter transparência nesses números em 2015, um ano depois da Copa do Mundo.
CA – Por que existe essa disparidade de fiscalização?
Guimarães – Há vários motivos. Governos estaduais e municipais, responsáveis por obras, demoram a repassar informações. Quando procuro os dados diretamente com essas entidades encontro grandes dificuldades em obtê-los. Por outro lado, ao que parece, o governo federal não tem pessoal suficiente para correr atrás dos dados. Acredito que uma informação solicitada pelo Ministério do Esporte, a entidade máxima nesse segmento no Brasil, deve ser atendida.
Além disso, o Comitê Organizador Local da Copa se tornou totalmente figurativo. Se ele ainda tinha alguma representatividade real, com a passagem do Ronaldo para a Diretoria, se tornou virtual. Agora, temos a imagem de um jogador que todo mundo ama, mas que está lá para representar um comitê que não tem passado os dados realmente.
Do Contas Abertas
No mínimo, sete portais informam sobre os gastos públicos previstos para a Copa do Mundo de 2014. Porém, nenhum deles consegue manter informações atualizadas e, por vezes, até são contraditórios. Um dos especialistas que acompanha o assunto é Alexandre Guimarães, consultor legislativo do Senado Federal. Ele esteve nas 12 cidades-sedes com os membros da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados. Atendendo à convite, Guimarães visitou o Contas Abertas e concedeu a seguinte entrevista:
Contas Abertas (CA) – Qual a sua avaliação das obras referentes à Copa do Mundo nas cidades-sede?
Alexandre Guimarães – É bastante difícil analisar as obras da Copa como um todo porque a maioria está atrasada.
CA – Então, primeiramente, qual a situação dos estádios?
Guimarães – Os estádios, que são as obras mais acompanhadas pela imprensa, realmente evoluíram em termos de construção. Contudo, não sabemos se o avanço inclui todas as ações previstas. Em Brasília, por exemplo, descobrimos que ainda haveria a licitação da cobertura, apesar das obras estarem adiantadas. Não sabemos no que as outras arenas ainda podem nos surpreender, mas há que se considerar, que, no geral, estão indo bem.
CA – E os aeroportos?
Guimarães – Há pouco vimos as licitações dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília serem realizadas quase como uma forma “desesperada” de se tentar agilizar as obras no setor. Pelo ritmo da Infraero, nenhum aeroporto conseguiria atender à demanda, nem da Copa das Confederações, no próximo ano, nem da Copa do Mundo de 2014.
Vale ressaltar, que até nas licitações surgem dúvidas sobre a real capacidade de termos eficiência nos aeroportos em tão pouco tempo. O consórcio que ganhou o Aeroporto Internacional Juscelino Kubistchek, em Brasília, por exemplo, é o mesmo que constrói o terminal de São Gonçalo do Amarante, em Natal, no Rio Grande do Norte, que, provavelmente, não será concluído para a Copa.
CA – E em relação aos Portos?
Guimarães – Os portos estão extremamente atrasados, não vemos nenhuma mudança nas cidades, onde estão situados. O fato não preocupa muito, já que não estão previstos cruzeiros para a época.
CA – E sobre as comentadas obras de mobilidade urbana?
Guimarães – As obras de mobilidade urbana seriam o grande legado para a população em todas as cidades. Tratam-se de empreendimentos, em muitos casos, necessários. Porém surge um questionamento: os aeroportos serão expandidos, mas e as ligações das cidades com os aeroportos? Pouco está sendo realizado. Como será atendida essa relação com a maior demanda de turistas e o crescimento da população? Não dá para saber!
Nesse sentido, há obras pequenas, como uma via ou um BRT, já praticamente concluídas. Obras fáceis que seis meses antes da Copa certamente estarão terminadas. Mas há outras que ficarão na promessa, como é o caso dos VLT’s e do metrô em Belo Horizonte. Não acredito que esses empreendimentos saiam do papel. Se acontecer, vai ser pela metade, sendo concluídas algumas estações, das 20 que foram prometidas.
CA – No que diz respeito ao acompanhamento dos gastos para a Copa do Mundo por portais, algum é satisfatório?
Guimarães – Atualmente, nenhum. Nem o do Senado Federal, nem os do Ministério do Esporte e da Controladoria Geral da União. Basta consultar os sites no dia-a-dia para perceber que não há variações. Durante o período de férias, que acabamos de passar, é que não ocorreram mudanças mesmo. É como se não tivesse ocorrido nenhuma obra entre dezembro de 2011 e o início de fevereiro deste ano, apesar de sabemos que os estádios estão em andamento.
Os dados fornecidos pelo Ministério do Esporte (ME) e pela CGU, não representam a realidade e não batem com o que a imprensa divulga porque estão desatualizados. O próprio acompanhamento do ME é falho. Foi feito um em janeiro e outro em setembro de 2011, quando será o próximo? Vai ser realizado na véspera da Copa das Confederações? Vamos ter transparência nesses números em 2015, um ano depois da Copa do Mundo.
CA – Por que existe essa disparidade de fiscalização?
Guimarães – Há vários motivos. Governos estaduais e municipais, responsáveis por obras, demoram a repassar informações. Quando procuro os dados diretamente com essas entidades encontro grandes dificuldades em obtê-los. Por outro lado, ao que parece, o governo federal não tem pessoal suficiente para correr atrás dos dados. Acredito que uma informação solicitada pelo Ministério do Esporte, a entidade máxima nesse segmento no Brasil, deve ser atendida.
Além disso, o Comitê Organizador Local da Copa se tornou totalmente figurativo. Se ele ainda tinha alguma representatividade real, com a passagem do Ronaldo para a Diretoria, se tornou virtual. Agora, temos a imagem de um jogador que todo mundo ama, mas que está lá para representar um comitê que não tem passado os dados realmente.
Fonte Contas Abertas
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