O generoso auxílio-combustível para deputados do Rio
Carros estacionados em frente a Alerj - Foto: Hudson Pontes / Agência O Globo
O Globo
Faça chuva ou faça sol, tenha a semana mais ou menos sessões deliberativas - não importa. O gasto da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) com o auxílio-combustível dado aos deputados é praticamente igual e não há controle sobre como o benefício é utilizado, revela reportagem de Fábio Vasconcellos, publicada na edição do GLOBO desta segunda-feira.
A cada ano, a Casa paga cerca de R$ 2,6 milhões para abastecer os 70 veículos que servem aos parlamentares, mas não tem como saber se a gasolina foi mesmo parar no tanque dos carros oficiais.
Criado em 2003, o sistema usado - um cartão com crédito mensal de 1.150 litros (R$ 3 mil) e que é entregue aos parlamentares - não identifica onde foi parar o produto. Resultado, os deputados - que receberam este ano 35 novos Boras (ao custo R$ 2 milhões) para substituir os antigos - podem utilizar o benefício como bem entender.
Para se ter uma ideia, na média, o crédito permite que eles rodem por dia até 300 quilômetros - uma viagem do Rio a Taubaté, em São Paulo (306 quilômetros).
As brechas no auxílio-combustível não param por aí. Como o sistema é acumulativo, ou seja, os parlamentares podem guardar os créditos não utilizados para os meses seguintes, cada deputado acaba tendo uma poderosa fonte de recursos nas mãos.
Em 2010, por exemplo, quando a Alerj praticamente parou por causa das eleições, a despesa total foi semelhante à de 2009, com pequeno aumento de R$ 30 mil.
Num mês, o crédito permitiu que cada parlamentar rodasse até nove mil quilômetros. Numa linha reta, daria para ir ao estado do Amazonas e voltar.
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