Operação da prefeitura recolheu cerca de 45 dependentes químicos no início da manhã
O GLOBO
Assistentes sociais recolhem usuários no tapume da obra da Transcarioca
MÁRCIA FOLETTO / O GLOBO
RIO — Cerca de 45 usuários de crack foram recolhidos na manhã desta quarta-feira em operação na cracolândia do Parque União, na Zona Norte do Rio. Muitos deles, que estavam dentro de um canteiro de obras da Transcarioca, confirmaram que vieram do Complexo de Manguinhos e da Favela do Jacarezinho, também na Zona Norte. Para a reportagem do GLOBO, um usuário de crack explicou que, com o início da ocupação pelas forças de segurança, ficou difícil comprar a droga nas comunidades.
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— Claro que a gente veio, não estão mais vendendo lá. Aqui ainda estão vendendo e o preço é bom — contou um dependente químico, que não se identificou.
A ação, que começou às 6h30m, conta com o apoio de policiais da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) e do 22º BPM (Maré). Entre os recolhidos, estão menores de idade. Uma adolescente de 13 anos, usuária de crack há dois, contou que saiu de Manguinhos na segunda-feira. Segundo ela, o dinheiro para comprar a droga é, em muitos casos, obtido com prostituição, assaltos ou mesmo com a venda de pertences pessoais e objetos que se tem em casa.
— A gente arruma dinheiro de qualquer jeito. Comecei a usar depois de ver a minha mãe usando. Ela já usa há três anos — disse a menor.
Segundo a Secretaria municipal de Assistência Social (SMAS), que coordena a força-tarefa, o tem o objetivo de evitar a migração de viciados das cracolândias do Jacarezinho e Manguinhos. Durante a operação, cerca de 20 usuários recusaram internação e fugiram. Os usuários acolhidos serão encaminhados a abrigos da prefeitura. No entanto, um dos viciados recolhidos na manhã desta quarta-feira disse que um dos centros de acolhimento fica perto de um ponto de venda de drogas.
— A droga mata, mas a onda é boa. E o abrigo da prefeitura fica perto de uma favela que vende drogas, então dá pra comprar — disse Fabiana Sousa, de 32 anos, mãe de três filhos e usuária de crack há quatro anos.
A delegada titular da DCOD, Valéria de Aragão, explicou que os usuários de crack migraram fas favelas ocupadas da mesma forma que os traficantes, que fugiram para favelas da mesma facção criminosa.
— Assim como os traficantes que vão para favelas ainda dominadas por suas facções, os usuários vão para junto de seus fornecedores. A solução para essa questão é manter o trabalho e tratar a questão como um problema de saúde — afirmou a delegada, acrescantando que a cracolândia do Parque União é um problema antigo e os usuários resistem em deixar o local.
A psicóloga da prefeitura Éthel Vieira, de 44 anos, admite que a secretaria de Assistência Social tem dificuldade em retirar os viciados das ruas. Ela conta, no enatnto, que alguns aceitam ajuda.
— Ações assim não são “enxuga gelo”, elas dão resultado. Em cada uma delas, a gente ajuda alguém. Eles estão abandonados, e com a gente recebem assistência. Muitos usuários já nos conhecem, e vários saem de boa vontade. Não vou dizer que é metade, mas se for 10% já é melhor que nada — comemora.
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