A Foxconn, por exemplo, tem um exército de 920 mil empregados, boa parte ganhando menos de US$ 17 por dia
André Machado
Trabalhadores no interior da FoxxconReuters
RIO - A indústria de tecnologia parece hoje ter o toque de Midas. Na semana passada, a Apple novamente passou a Exxon como empresa mais valiosa do mundo, ostentando ativos de US$ 418,8 bilhões (sua receita em 2011 foi de US$ 46,33 bilhões). A venda de tablets de todos os "sabores" cresceu 260% no ano, chegando a 66,9 milhões de unidades (incluindo 26,8 milhões de tablets Android e 15,43 milhões de iPads no último trimestre), segundo a Strategy Analytics. E até os PCs continuaram vendendo bem: foram 352,4 milhões de computadores pessoais vendidos em 2011 contra 346,8 em 2010, apontou o IDC. Finalmente, dados da União Internacional de Telecomunicações (UIT) revelam que agora há quase 6 bilhões de celulares no mundo — uma penetração de 87% na população global.
Até aí, tudo bem. A questão é: se vivemos mergulhados numa moderníssima "iEconomia" — termo cunhado pelo "New York Times" em recente série de reportagens sobre os bastidores da Apple, que revolucionou o mundo techie com o trio iPad, iPhone e iPod — por outro lado toda a sofisticação parece se apoiar numa cama de pregos. A maioria dos gadgets que nos maravilham diariamente é montada na China e arredores, em fábricas com condições de trabalho tirânicas.
Só a taiwanesa Foxconn, que acaba de ser habilitada pelo governo brasileiro e terá incentivos fiscais para fabricar o iPad no país — responde por 40% da montagem de eletroeletrônicos de consumo do mundo inteiro.
Trabalhadores dormem em fábricas
A Foxconn tem um exército de 920 mil empregados, boa parte ganhando menos de US$ 17 por dia, segundo dados do "NYT". Muito dessa força de trabalho dorme em alojamentos dentro das sedes da Foxconn, ficando disponível 24 horas por dia — são 210 mil só em Shenzhen. Entre outros gadgets, a companhia monta o iPad e o iPhone da Apple, o console de games Xbox 360 da Microsoft, o e-reader Kindle, da Amazon, o console Wii da Nintendo e o PlayStation 3 da Sony. Sem falar de placas de vídeo da Nvidia e placas mãe de computadores com modelos para processadores Intel e AMD. Ainda segundo o "NYT", outras integradoras asiáticas terceirizadas por HP, IBM, Lenovo, Nokia, Motorola e Toshiba também apresentam condições subumanas de trabalho. A Apple faz entre 200 e 300 auditorias por ano nas fábricas chinesas, mas os direitos trabalhistas continuam sendo violados.
Fonte O Globo http://oglobo.globo.com/tecnologia/aparelhos-que-mudam-nossas-vidas-sao-montados-em-condicoes-de-trabalho-deploraveis-3791444#ixzz1kvlkj8Ge
André Machado
Trabalhadores no interior da FoxxconReuters
RIO - A indústria de tecnologia parece hoje ter o toque de Midas. Na semana passada, a Apple novamente passou a Exxon como empresa mais valiosa do mundo, ostentando ativos de US$ 418,8 bilhões (sua receita em 2011 foi de US$ 46,33 bilhões). A venda de tablets de todos os "sabores" cresceu 260% no ano, chegando a 66,9 milhões de unidades (incluindo 26,8 milhões de tablets Android e 15,43 milhões de iPads no último trimestre), segundo a Strategy Analytics. E até os PCs continuaram vendendo bem: foram 352,4 milhões de computadores pessoais vendidos em 2011 contra 346,8 em 2010, apontou o IDC. Finalmente, dados da União Internacional de Telecomunicações (UIT) revelam que agora há quase 6 bilhões de celulares no mundo — uma penetração de 87% na população global.
Até aí, tudo bem. A questão é: se vivemos mergulhados numa moderníssima "iEconomia" — termo cunhado pelo "New York Times" em recente série de reportagens sobre os bastidores da Apple, que revolucionou o mundo techie com o trio iPad, iPhone e iPod — por outro lado toda a sofisticação parece se apoiar numa cama de pregos. A maioria dos gadgets que nos maravilham diariamente é montada na China e arredores, em fábricas com condições de trabalho tirânicas.
Só a taiwanesa Foxconn, que acaba de ser habilitada pelo governo brasileiro e terá incentivos fiscais para fabricar o iPad no país — responde por 40% da montagem de eletroeletrônicos de consumo do mundo inteiro.
Trabalhadores dormem em fábricas
A Foxconn tem um exército de 920 mil empregados, boa parte ganhando menos de US$ 17 por dia, segundo dados do "NYT". Muito dessa força de trabalho dorme em alojamentos dentro das sedes da Foxconn, ficando disponível 24 horas por dia — são 210 mil só em Shenzhen. Entre outros gadgets, a companhia monta o iPad e o iPhone da Apple, o console de games Xbox 360 da Microsoft, o e-reader Kindle, da Amazon, o console Wii da Nintendo e o PlayStation 3 da Sony. Sem falar de placas de vídeo da Nvidia e placas mãe de computadores com modelos para processadores Intel e AMD. Ainda segundo o "NYT", outras integradoras asiáticas terceirizadas por HP, IBM, Lenovo, Nokia, Motorola e Toshiba também apresentam condições subumanas de trabalho. A Apple faz entre 200 e 300 auditorias por ano nas fábricas chinesas, mas os direitos trabalhistas continuam sendo violados.
Fonte O Globo http://oglobo.globo.com/tecnologia/aparelhos-que-mudam-nossas-vidas-sao-montados-em-condicoes-de-trabalho-deploraveis-3791444#ixzz1kvlkj8Ge
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