Na última semana da campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher, que ocorre anualmente em 158 países, e se encerra neste sábado, Salvador recebeu a notícia de que as soteropolitanas estão denunciando mais os casos de violência. É o que indicam dados parciais da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Brotas.
Os atendimentos psico-sociais da unidade, por exemplo, cresceram 229,35% de janeiro a novembro deste ano em relação a 2010, com 7.743 casos. É o maior número em oito anos. A média, no período, foi de 3.838 atendimentos anuais deste tipo.
Trata-se de um índice importante da frequência nas delegacias da mulher, que, recentemente, passou de simples triagem a um acompanhamento mais ostensivo da situação da vítima. "Ela não sai mais sem saber o que fazer e nem a gente fica mais sem saber o que aconteceu", garantiu a titular da Deam de Brotas, Marilda Luz.
Na última terça-feira, a Secretaria da Segurança Pública publicou informações - nada animadoras - sobre a violência de gênero na Bahia. O órgão traçou perfil da agressão contra a mulher, baseado nas ocorrências nas 15 Deams da capital e do interior.
Maridos, companheiros e namorados continuam sendo os principais agressores; o ciúme e o álcool aparecem nos atos violentos mais graves.Os dados apontam que, no País, a violência conjugal é uma das maiores causas de lesão corporal entre pacientes atendidos em pronto-socorros.
As regiões do corpo da mulher mais lesionadas são face (29%), membros superiores (21%) - utilizados para a defesa do rosto - e o tórax (14%). E 63% dos casos são nos seis anos iniciais da união.
Vítima
O perfil traçado é quase a descrição da história da dona de casa Joana (nome fictício), de 34 anos. Em julho de 2009, após oito anos de união, ela entrou na Deam pela primeira vez, para pedir orientação sobre como agir diante da ameaça do cônjuge. O que havia começado como violência psicológica, quatro anos antes, acabara de tornar-se possibilidade de violência física.
O motivo: o imóvel do casal. "Ele queria ficar com a casa para ter liberdade de trazer as amizades. Dizia que, por ser do interior, não tinha onde morar, e que eu tinha a casa de minha mãe. Mas eu estava desempregada e minha mãe também, e ele não", contou. "Ele disse: 'Se você não sair dessa casa, eu te mato. E, se falar com alguém, te bato'", recordou.
Ela apanhou, pela primeira vez, um mês depois. Na mesma semana da agressão, sofreu uma tentativa de homicídio. "Ele pegou um pedaço de pau e tentou me atingir na cabeça, mas eu me protegi com o braço. Ainda ligou pra minha mãe e disse: 'Venha buscar o cadáver, que eu vou matar a sua filha'".
A indiferença policial marcou o episódio. "Minha mãe e os vizinhos ligaram para a polícia, que dizia estar encaminhando uma viatura, mas ela nunca chegou", reclamou.
"Minha mãe chegou a me dizer que se arrependeu de não ter dito que eu estava morta, porque aí a polícia teria que ir lá de qualquer jeito".
A única filha do casal, que à época tinha quatro anos, presenciou tudo. "Até hoje, quando ela vê um casal brigando, se assusta", afirmou a mãe.
O caso ainda não foi resolvido na Justiça. Ela ainda vive na casa materna, em Sussuarana, enquanto o agressor ficou na casa comprada pelo casal. Após dois anos frequentando o Centro de Referência Loreta Valadares, onde recebe assistência psicológica, só agora ela começa a diluir o trauma: "Comecei há pouco tempo a namorar, mas ainda tenho um pé atrás. Saí do meu casamento sem conhecer o meu marido, após tantos anos de convivência", disse
Os atendimentos psico-sociais da unidade, por exemplo, cresceram 229,35% de janeiro a novembro deste ano em relação a 2010, com 7.743 casos. É o maior número em oito anos. A média, no período, foi de 3.838 atendimentos anuais deste tipo.
Trata-se de um índice importante da frequência nas delegacias da mulher, que, recentemente, passou de simples triagem a um acompanhamento mais ostensivo da situação da vítima. "Ela não sai mais sem saber o que fazer e nem a gente fica mais sem saber o que aconteceu", garantiu a titular da Deam de Brotas, Marilda Luz.
Na última terça-feira, a Secretaria da Segurança Pública publicou informações - nada animadoras - sobre a violência de gênero na Bahia. O órgão traçou perfil da agressão contra a mulher, baseado nas ocorrências nas 15 Deams da capital e do interior.
Maridos, companheiros e namorados continuam sendo os principais agressores; o ciúme e o álcool aparecem nos atos violentos mais graves.Os dados apontam que, no País, a violência conjugal é uma das maiores causas de lesão corporal entre pacientes atendidos em pronto-socorros.
As regiões do corpo da mulher mais lesionadas são face (29%), membros superiores (21%) - utilizados para a defesa do rosto - e o tórax (14%). E 63% dos casos são nos seis anos iniciais da união.
Vítima
O perfil traçado é quase a descrição da história da dona de casa Joana (nome fictício), de 34 anos. Em julho de 2009, após oito anos de união, ela entrou na Deam pela primeira vez, para pedir orientação sobre como agir diante da ameaça do cônjuge. O que havia começado como violência psicológica, quatro anos antes, acabara de tornar-se possibilidade de violência física.
O motivo: o imóvel do casal. "Ele queria ficar com a casa para ter liberdade de trazer as amizades. Dizia que, por ser do interior, não tinha onde morar, e que eu tinha a casa de minha mãe. Mas eu estava desempregada e minha mãe também, e ele não", contou. "Ele disse: 'Se você não sair dessa casa, eu te mato. E, se falar com alguém, te bato'", recordou.
Ela apanhou, pela primeira vez, um mês depois. Na mesma semana da agressão, sofreu uma tentativa de homicídio. "Ele pegou um pedaço de pau e tentou me atingir na cabeça, mas eu me protegi com o braço. Ainda ligou pra minha mãe e disse: 'Venha buscar o cadáver, que eu vou matar a sua filha'".
A indiferença policial marcou o episódio. "Minha mãe e os vizinhos ligaram para a polícia, que dizia estar encaminhando uma viatura, mas ela nunca chegou", reclamou.
"Minha mãe chegou a me dizer que se arrependeu de não ter dito que eu estava morta, porque aí a polícia teria que ir lá de qualquer jeito".
A única filha do casal, que à época tinha quatro anos, presenciou tudo. "Até hoje, quando ela vê um casal brigando, se assusta", afirmou a mãe.
O caso ainda não foi resolvido na Justiça. Ela ainda vive na casa materna, em Sussuarana, enquanto o agressor ficou na casa comprada pelo casal. Após dois anos frequentando o Centro de Referência Loreta Valadares, onde recebe assistência psicológica, só agora ela começa a diluir o trauma: "Comecei há pouco tempo a namorar, mas ainda tenho um pé atrás. Saí do meu casamento sem conhecer o meu marido, após tantos anos de convivência", disse
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