por Gabriela Moreira, do Rio de Janeiro (RJ)
Para o ESPN.com.br
Investigações da Receita Federal identificaram que o Botafogo deve R$ 3,8 milhões entre impostos e direitos trabalhistas a jogadores, técnicos e outros empregados. Entre as irregularidades encontradas estão sonegação de tributos referentes a pagamentos de direitos de imagem e apropriação de valores de Fundo de Garantia (FGTS) de atletas e demais funcionários. O caso chegou ao Ministério Público Federal, do Rio de Janeiro, na semana passada. Jogadores e dirigentes serão convocados para prestar esclarecimentos.
De acordo com documentos da Receita, o clube cometeu as irregularidades durante 15 meses, nos anos de 2005 e 2006. Entre os atletas que serão convocados pelo MPF estão o atual goleiro Jefferson, os meias Lúcio Flávio (atualmente no Paraná) e Zé Roberto (Bahia), o atacante Dodô (Guaratinguetá) e o meia Diguinho (Fluminense). Ao todo, 30 jogadores teriam sido lesados. Também será chamado a depor o atual técnico do Cruzeiro, Celso Roth, que comandava o Botafogo na época em que as fraudes teriam sido cometidas. Todos eles, inicialmente, vão ser ouvidos na condição de testemunhas. Procurado, o clube não se manifestou.
Já pelo Botafogo, serão intimadas pelo menos dez pessoas, entre elas o então presidente, Paulo Roberto Freitas, conhecido como Bebeto de Freitas, e Carlos Augusto Saad Montenegro, que na representação consta como diretor. Eles terão de explicar porque o clube omitiu informações tributárias à Receita, além de ter supostamente se apropriado dos direitos trabalhistas dos funcionários.
Uma das fraudes, segundo suspeita da Receita, era na folha de pagamentos do clube. De acordo com os documentos, apesar de ter, na época, cerca de 290 empregados, apenas um constava como funcionário, o então preparador de goleiros Acácio Cordeiro Barreto. A Receita já tentou receber os valores devidos em 2010, quando emitiu oito autos de infração contra o clube, mas não teve resultado.
Três suspeitas de crime estão sendo investigadas: apropriação indébita previdenciária, sonegação de contribuição e crime contra a ordem tributária. As penas, se somadas, vão de quatro a dez anos de prisão, além de seis meses a dois anos de detenção. Já no campo desportista, o risco para um clube que não paga direitos trabalhistas é ter o contrato com o atleta rescindido, como ocorreu, recentemente, em decisão da 9ª Vara de Trabalho do Rio, no caso Ronaldinho x Flamengo.
O antigo presidente, Bebeto de Freitas, não foi localizado. Já Carlos Augusto Montenegro, que apesar de constar na representação como diretor, disse que não ocupava cargo administrativo no clube e que só estava no Botafogo para ajudar o presidente no setor de futebol.
"Ajudei o Bebeto como consultor de futebol. Não era da minha alçada a questão de pagamentos, não tenho como responder", disse.
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