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sexta-feira, 19 de março de 2010

ELEIÇÕES 2010 - Fernando Henrique Cardoso diz no Rio que é hora de começar campanha


Ele defendeu que partido não espere candidato para fazer propaganda.
Ex-presidente disse que discussão sobre royalties é 'patética'.

Patrícia Kappen Do G1, no Rio
 
  • Aspas Houve uma precipitação do presidente da República ao fazer campanha abertamente, então deu a impressão de que os outros estão atrasados. Mas na verdade a época apropriada é agora"
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta quinta-feira (18) que está na hora de o PSDB começar a fazer campanha política. O ex-presidente participou da abertura do ciclo de palestras sobre Joaquim Nabuco, na Academia Brasileira de Letras, no Centro do Rio.

“As coisas têm o seu momento, eu acho que agora é o momento, tem que atuar, tem que crescentemente falar. Nós temos que dizer ao que estamos vindo”, afirmou o presidente para jornalistas após a palestra, depois de declarar: “Houve uma precipitação do presidente da República ao fazer campanha abertamente, então deu a impressão de que os outros estão atrasados. Mas na verdade a época apropriada é agora.”

Para FH, Dilma não vai dizer programa do PT
Fernando Henrique destacou também que o partido poderia fazer campanha antes mesmo do anúncio de um candidato. “Uma coisa é o candidato, outra coisa é a campanha. Eu não sei por que o partido tem que esperar que alguém diga que é candidato para fazer propaganda. Deve fazer o quanto antes, isso não é uma questão do candidato. O partido tem que ter autonomia, até que eles se declarem candidatos. É preciso difundir mais”. Mas destacou que o papel do candidato, numa democracia de massa, é fundamental na escolha do voto da população.


Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (Foto: Patrícia Kappen/G1)

“Claro que a palavra que conta é a palavra dos candidatos. A política brasileira não é diferente da americana, depende muito da mensagem de quem é candidato. A palavra do candidato é que define efetivamente, não é o programa do partido. Acabou de ser publicado o programa do PT. Se a candidata disser o que o programa diz, ela vai perder a eleição. Ela vai falar outra coisa. Ela sabe disso e vai falar outra coisa. O que vale mais é o programa do PT ou a palavra da candidata? É a palavra da candidata.” O sociólogo afirmou que quando o candidato do PSDB, o governador de São Paulo José Serra, começar a falar, será mais fácil “mobilizar o país”.

E comentou também a multa de R$ 5 mil que um ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aplicou ao presidente Lula por fazer campanha política: “Vamos ajudá-lo a pagar, vamos fazer uma vaquinha para pagar. Não quero fazer críticas à Justiça. Eu acho que a questão não é dinheiro, é mais moral.”

Em relação à última pesquisa eleitoral, que apontou a candidata do PT, Dilma Rousseff, cinco pontos percentuais atrás de Serra, quando em dezembro a diferença era de 21 pontos, Fernando Henrique tem uma explicação: “Não vamos negar os fatos: o presidente Lula tem muita popularidade. Tudo o que está sendo atribuído agora à candidata dele é em função dele. O que ela vai agregar, vamos ver quando ela começar a se dirigir ao país como candidata, como líder. Por enquanto ela não é líder. Ele é o líder.”

Discutir royalties é 'patético'
Fernando Henrique entrou também na polêmica da distribuição dos royalties do petróleo. Uma emenda aprovada pela Câmara dos Deputados reparte os recursos da exploração do petróleo no mar, inclusive fora da camada do pré-sal, entre todos os estados e municípios de acordo com os critérios dos fundos de participação. Com isto, segundo estudo feito pela assessoria do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), o Rio de Janeiro, por exemplo, perderia cerca de R$ 5 bilhões de arrecadação. O Espírito Santo perderia anualmente R$ 400 milhões.

“Essa discussão é sexo dos anjos. Você está disputando distribuir royalties que não existem, eu acho patético. Nos tínhamos que estar discutindo qual a melhor maneira de distribuir o petróleo. É a partilha mesmo, essa nova proposta da criação de uma ‘petrosal’ é boa, até que ponto? Tem que discutir o modelo. Eu vejo com certa preocupação o fato de o congresso ter se dedicado à discussão da distribuição dos royalties.”

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