Economista e bibliófilo morreu nesta manhã no Hospital Albert Einstein
"Ele me apoiou muito em momentos dramáticos", disse Henry Sobel.
Juliana Cardilli Do G1, em São Paulo
A morte do bibliófilo e empresário José Mindlin, de 95 anos, foi lamentada neste domingo (28) por personalidades que foram ao velório, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, ou divulgara, notas. Ocupante da cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras (ABL), Mindlin morreu nesta manhã por falência múltipla de órgãos e será enterrado às 15h no Cemitério Israelita, na Vila Mariana, na Zona Sul da capital paulista. Veja a repercussão da morte:
Celso Lafer, empresário
O empresário Celso Lafer esteve no início desta tarde no Hospital Albert Einstein. “Mindlin foi um empresário de destaque não só com sua empresa, mas também na sua atuação na Fiesp. Ele também deu um grande apoio à pesquisa e ao desenvolvimento. É uma longa existência, de muitos amigos e respeitabilidade. Deixou legados importantes.”
Eduardo Suplicy, senador
“Era uma pessoa formidável, um exemplo para todos nós brasileiros. Uma pessoa com visão ampla do progresso e do desenvolvimento econômico. Era um empresário que sempre teve um diálogo muito positivo com as autoridades governamentais. Ele teve uma atuação muito importante durante o regime militar.”
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República
“Ele foi muito mais que um bibliófilo. Foi um resistente contra o regime autoritário, sou testemunha disso. Quando [Vladimir] Herzog foi morto, ele também atuou. Era uma pessoa preocupada com o país, que tinha fortes sentimentos democráticos, além de um ser humano extraordinário.”
Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, divulgou nota sobre a morte de Mindlin dizendo que o empresário "foi um gigante da cultura brasileira". O prefeito afirma que a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin é o legado do bibliófilo, "resultado de uma vida dedicada aos livros".
Henry Sobel, rabino
Para o rabino Henry Sobel, José Mindlin foi o maior livro de sua própria biblioteca. “Eu me sentia tão pequeno quando eu me encontrava na biblioteca do doutor José Mindlin. Ele era um livro, a vida dele, a bondade, a delicadeza, a integridade. Estes foram os capítulos do maior livro da biblioteca dele. O maior livro chamava-se doutor José Mindlin”, disse Sobel ao deixar o velório.
O rabino ressaltou o apoio em momentos difíceis de sua vida, como na época da ditadura militar. “Ele me apoiou muito em momentos dramáticos e traumáticos. Ter o apoio dele foi um privilégio.”
João Grandino Rodas, reitor da USP
O reitor da Universidade de São Paulo (USP), João Grandino Rodas, disse no velório que dentro de um ano a universidade deve inaugurar a biblioteca onde ficará a coleção de Mindlin. “Ele tinha uma coleção enorme e também inúmeras primeiras edições de livros importantes, como ‘Os Lusíadas’ É algo que não tem preço. Mindlin não viveu nunca do modo como vivem os empresários. Ele tinha uma casa simples. Com a mulher, viveu juntando livros e trabalhando para preservá-los.”
José Pastore, economista
O economista José Pastore, também da Academia Paulista de Letras, ressaltou a ética de Mindlin. “Ele foi um empresário líder, um bibliógrafo líder, um homem da cultura líder. Tudo o que ele fez, ele fez bem feito. Ele estava sempre na fronteira da tecnologia, inovando em tudo”, afirmou.
José Sarney, presidente do Senado
Também membro da ABL, o ex-presidente da República e atual presidente do Senado, José Sarney, falou da morte de Mindlin. "É uma perda extraordinária. Mindlin era um homem que tinha um amor pelos livros maior que todos os amores e foi um dos grandes incentivadores da cultura brasileira", expressou Sarney em nota, segundo a Agência EFE.
José Serra, governador de São Paulo
“Foi uma grande pessoa, um grande intelectual e também, em certo momento, uma grande figura política nos anos 70, quando soube defender a liberdade de imprensa e liberdade cultural no episódio que envolveu o assassinato do Vladimir Herzog. Sempre foi um democrata, muito amigo de todos, uma grande figura de São Paulo”, afirmou o governador.
Júlio Medaglia, maestro
Membro da Academia Paulista de Letras, o maestro Júlio Medaglia disse nesta tarde que foi um prazer ter contato diário com José Mindlin. “Eu tinha contato com ele sempre, todos os dias. Era uma pessoa iluminada, sempre fui muito feliz de ser próximo dessa figura exemplar”, afirmou ao deixar o velório do amigo, no Hospital Albert Einstein, Zona Sul de São Paulo.
“Além de ter sido um grande profissional na área dele, também foi um homem voltado para o espírito. Teve uma vida completa. Ele tratou o livro como uma das coisas mais importantes da humanidade.”
Marcos Vilaça, presidente da ABL
O presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça, mandou que a bandeira da ABL, no Rio, fosse hasteada a meio mastro e que seja guardado luto de três dias por causa da morte do bibliófilo e empresário. Em nota, Vilaça disse que “Mindlin era um emblema do livro, tinha com ele uma relação orgânica". O presidente da ABL disse ainda ter sido o responsável pelo convite para Mindlin ingressar na Academia. "Vamos sentir muito a sua falta”, afirmou em nota.
Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo
“Ele se dedicou a uma causa e foi exitoso não só como um dos grandes colecionadores de livros do mundo, mas também no seu gesto de doar à USP sua coleção. No Brasil, não temos prática de pessoas com muitos recursos doarem como ele fez”, afirmou no saída do velório.
Orestes Quércia, presidente do PMDB em São Paulo
"José Mindlin foi um homem que sempre pensou grande. Como empresário, incentivador da cultura e da educação. Criou o maior acervo particular de livros do país que, em mais um grandioso gesto, doou para a USP, gerando a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Por isso, e diversas tantas outras razões, a morte de José Mindlin é uma grande e incalculável perda para o país", afirmou em nota.