quinta-feira, 9 de agosto de 2012

MENSALÃO DO PT - STF ouve nesta quinta advogados de ex-diretor do BB e de políticos do PP

Advogados têm até uma hora para defender clientes no púlpito do Supremo.
Será sexta sessão do julgamento do mensalão, quarta para defesa de réus.


Fabiano Costa, Mariana Oliveira e Rosanne D´Agostino

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvirão nesta quinta-feira (9) os advogados de mais cinco réus do processo do mensalão.

Falarão os defensores do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato; do ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE); do deputado federal Pedro Henry (PP-MT); do ex-assessor parlamentar do PP João Cláudio Genú; e de Enivaldo Quadrado, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de lavar o dinheiro de empréstimos fictícios e de dinheiro público desviado.

Cada advogado terá uma hora para a defesa de seu cliente. A sessão desta quinta será a sexta do julgamento do processo, a quarta consecutiva para as as sustentações orais dos defensores.

Advogados de 15 réus já apresentaram seus argumentos. Ainda falta a defesa de 23 acusados do esquema que, segundo a Procuradoria, consistiu na compra de votos no Congresso Nacional em benefício do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ex-diretor do BB
De acordo com a Procuradoria, o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil recebeu R$ 336 mil do valerioduto, além de autorizar antecipação do recebimento de R$ 73,85 milhões do fundo Visanet para a DNA, a agência de Valério que tinha contrato de publicidade com o banco, sem a comprovação de que os serviços foram prestados.

A defesa negou o recebimento de dinheiro. Disse apenas que Pizzolato recebeu um envelope lacrado com documentos que seriam encaminhados ao PT.

Ligados ao PP
No sexto dia de julgamento, também sobem à tribuna os advogados de dois políticos do Partido Progressista (PP). Presidente do partido à época em que teria ocorrido o mensalão, Pedro Corrêa (PE) foi acusado pela Procuradoria de participar das negociações que teriam destinado R$ 2,9 milhões do valerioduto para os cofres do PP. Corrêa foi um dos três deputados cassados pela Câmara por conta do escândalo.

Segundo a denúncia, Corrêa teria utilizado um assessor do ex-deputado José Janene (PP-PR), que morreu em 2010, para sacar dinheiro no Banco Rural. Em suas alegações finais, o ex-dirigente progressista alegou que o PP já integrava a base do governo Lula e que a suposta compra de votos não fazia sentido.

Outro integrante do PP que tentará convencer os onze ministros do STF de que é inocente das acusações de corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro é o deputado Pedro Henry (MT).

Na visão do procurador-geral da República, Henry teria participado de negociações que resultaram no repasse de dinheiro da corretora Bônus Banval, que supostamente lavava o dinheiro do esquema, para os cofres do PP. O parlamentar era líder do partido na Câmara entre 2003 e 2004, quando os desvios teriam acontecido

Os defensores de Henry argumentam que ele não recebeu dinheiro do mensalão, nem sequer participou de reuniões sobre o assunto.

A denúncia também acusa o ex-assessor parlamentar do PP João Cláudio Genú de ter sacado em espécie R$ 1,1 milhão do valerioduto para repassá-lo para o PP. Na época, ele era assessor de Janene. Sua defesa deve afirmar que ele apenas seguiu ordens de José Janene, seu superior, e que ele não sabia que estava cometendo algum tipo de crime.

Lavagem de dinheiro
Enivaldo Quadrado, sócio na corretora Bônus Banval, é acusado de repassar milhares de reais do valerioduto para os políticos do PP e usar a empresa para lavagem de dinheiro. Em dezembro de 2008, ele foi preso no Aeroporto de Cumbica por estar com 361 mil euros na cueca, fato que é objeto de processo em Guarulhos.

Seus advogados afirmaram, nas alegações finais entregues ao Supremo, que os saques foram feitos a pedido de Valério e que desconhecia a origem ilícita dos recursos. Quadrado é acusado de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

O julgamento
O julgamento do mensalão começou na última quinta-feira (2) com a leitura do resumo da ação penal feita pelo relator Joaquim Barbosa, que apresentou o nome dos réus e explicou a quais crimes eles respondem. Na sexta-feira (3), Gurgel pediu a condenação de 36 dos 38 réus do processo e apontou o ex-ministro José Dirceu como líder do grupo criminoso.

Nesta segunda (6), os advogados de Dirceu e José Genoino negaram a existência do mensalão. A defesa de Delúbio Soares e Marcos Valério, no entanto, confirmou a existência de caixa dois - uso de recursos não declarados - após a campanha presidencial de 2002.

Os advogados de quatro réus do processo do mensalão ligados a Marcos Valério afirmaram na terça (7) que seus clientes desconheciam a prática de atividades ilícitas e negaram ter conhecimento sobre o suposto esquema. Além dos quatro ligados a Valério, falou ainda o ex-ministro José Carlos Dias, advogado da ex-presidente e atual acionista do Banco Rural Kátia Rabello. Dias negou que o banco fizesse empréstimos fictícios ao grupo de Valério.

Advogados de três ex-dirigentes do Banco Rural afirmaram, nesta quarta-feira (8), que seus clientes não tiveram participação nas irregularidades apontadas pela denúncia. A defesa de João Paulo Cunha (PT-SP) confirmou que o parlamentar recebeu dinheiro do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, mas negou desvio de recursos públicos. A defesa de Luiz Gushiken disse que seu cliente é inocente e que não há provas de sua participação no esquema do mensalão.

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