sexta-feira, 25 de maio de 2012

VENDA MILIONÁRIA - A venda do QG com 203 anos de existência da PM e a história que CABRAL vendeu a preço de banana

Por Milton Corrêa da Costa
Jornal O Dia



Rio - A Polícia Militar do Estado do Rio, oriunda da Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, criada a 13 de maio de 1809 por D. João VI, vai perder o seu tradicional Quartel General, na Rua Evaristo da Veiga 78, no Centro do Rio. A Petrobras fechará negócio com o governo para a compra do terreno. Os boatos, de longos anos, sobre o interesse da petroleira na aquisição de áreas que se valorizariam se confirmaram. O QG de uma corporação com 203 anos de existência será demolido.

Triste e difícil momento para os PMs mais antigos, entre os quais me incluo, e os mais novos integrantes da instituição, que reverenciam a sua história. Se por um lado há que se reconhecer a necessidade da implantação das bases de uma nova polícia, ostensiva, democrática, funcional e cidadã — inclusive quanto ao referencial de novo modelo arquitetônico de suas edificações —, por outro lado também é inegável que, com a venda do antigo aquartelamento, tradicional templo dos capuchinhos da Ordem dos Barbonos, morre parte da história da bissecular Polícia Militar.

Por que não permanecer no mesmo local histórico e construir um moderno Quartel General, preservando, no que for possível, o modelo antigo, inclusive a histórica capela ali existente, que — espero — prometeram deixar de pé? Para que vender se a motivação é modernizar instalações? Por que vender a maior referência arquitetônica de uma instituição bicentenária? Por que prevaleceram os interesses da Petrobras sobre a história da Polícia Militar? Comparando ao Exército Brasileiro, é como se o antigo e histórico prédio do Ministério da Guerra, na Praça da República, hoje QG do Comando Militar do Leste, também fosse demolido.

A verdade é que grande parte do passado histórico da PM morre com a venda do seu Quartel General. A Petrobras venceu. O patrimônio cultural, o Rio Antigo e a bicentenária Polícia Militar perderam. Sem o cultivo do patrimônio e dos feitos históricos, o futuro de um país se torna vazio. Com a palavra, os historiadores e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Milton Corrêa da Costa
Coronel da Reserva da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

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