Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

domingo, 6 de maio de 2012

BRIGA NO RIO - Briga política deixa Ministério Público em saia justa


Em meio à guerra de Garotinho e Cabral, conselho decide sobre investigação

POR ADRIANA CRUZ
O DIA

Rio - Está nas mãos do Conselho Superior do Ministério Público a decisão do procurador-geral de Justiça, Cláudio Lopes, de arquivar as investigações sobre supostas irregularidades provocadas pela amizade entre o governador Sérgio Cabral (PMDB) e os empresários Fernando Cavendish e Eike Batista. E agora a possibilidade de o governo beneficiar, principalmente, a Delta Construções voltou a ser o centro das atenções após fotos e vídeos mostrarem Cabral com Cavendish, dono da empreiteira, em confraternização em Paris e a revelação criou uma saia justa no Ministério Público.

Conselheiros ouvidos pelo DIA estão preocupados com a possibilidade de a instituição ficar com a imagem de servir a Cabral em vez de investigá-lo. Mas, para o procurador-geral de Justiça, as fotos e vídeos não trazem novidades para o caso. “O governador nunca negou a amizade com o Cavendish. Estou convicto de que não há nenhuma prova de improbidade administrativa e de que o meu arquivamento será mantido”, afirmou Lopes.

De acordo com o procurador-geral, os contratos da Delta com o governo foram analisados: “Não há irregularidades. Os aditivos dos contratos estão dentro da lei. O Ministério Público não pode aliviar alguém por que é governador e nem punir também só por que é o governador.” Para Lopes, as informações prestadas pelo governo sepultam o caso: “Se a população quiser fazer um julgamento ético, moral e político é aceitável. Mas não existe ilegalidade.”

O arquivamento está nas mãos da procuradora Dirce de Abreu. Além dela, outros oito procuradores vão votar para reabrir ou não o caso. Se for reaberto, as investigações ficarão a cargo do procurador mais antigo, o decano Carlos Antônio Navega. Mas o julgamento ainda não tem data definida.

CRISE CAUSADA PELAS FOTOS EM PARIS PODERIA SER PIOR

Dos males, o menor. A expressão, para o cientista político Cesar Romero Jacob, define bem o estrago político que pode causar ao governador Sérgio Cabral (PMDB) a divulgação de fotos e vídeos suas e de seu secretariado feitos ao lado de Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, na viagem a Paris, em 2009.

Cesar Romero avalia que o estilo de Cabral difere do estilo do seu maior inimigo político, o deputado federal e ex-governador Anthony Garotinho (PR), que postou as fotos em seu blog. “Cabral faz política de agregação. Não é à toa que o slogan do seu governo é ‘somando forças’”, diz. Já Garotinho, segundo César Romero, segue o estilo da polarização. “É o mesmo estilo de outros políticos, como o do ex-governador Leonel Brizola e o do ex-prefeito do Rio Cesar Maia. Ou seja, é o lema do ‘quem não está comigo, é meu inimigo’”, explica.

Para o cientista político, o amplo leque de alianças composto por Cabral, que inclui 19 partidos, faz com que os aliados assumam o papel de sempre defendê-lo. “A crise seria maior se o governador tivesse estilo diferente”, sentencia. A aliança repercute no município do Rio, onde o prefeito Eduardo Paes (PMDB) também colhe os frutos da aliança União- governo do estado-prefeitura.

A relação íntima de Cabral com empresários veio a público em junho , com a queda de um helicóptero na Bahia, matando sete pessoas, entre elas Jordana Kfuri, mulher de Cavendish. O grupo foi comemorar o aniversário de Cavendish e saiu do Rio em jatinho do empresário Eike Batista.

“A opinião pública condena o exibicionismo do governador, mas releva a situação diante do quadro favorável, com obras e cenário econômico favorável”, revela Cesar Romero. O mesmo cenário também blinda Paes, do mesmo partido de Cabral, que o apoia nacampanha à reeleição em outubro. (Marcos Galvão)

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