sábado, 24 de março de 2012

SEM ESTRUTURA - Prefeito admite falta de hotéis para hospedar participantes a menos de 3 meses da Rio+20

Sem hotéis, campanha incentivará cariocas a hospedar participantes da Rio+20
Paes diz que ainda estuda detalhes da proposta, com lançamento previsto até o início de abril
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Ludmilla de Lima
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Preparação da Rede Hoteleira para Rio+20. Na foto, camareira arruma quarto do Hotel Royalty
Luiz Ackermann / O Globo.
RIO - A menos de três meses da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a prefeitura planeja fazer uma campanha para que cariocas hospedem pessoas de fora durante o encontro, de 13 a 22 de junho. O prefeito Eduardo Paes diz que ainda estuda detalhes da proposta, com lançamento previsto até o início de abril. Um dos motivos que levará o prefeito a fazer o pedido à população é a falta de infraestrutura hoteleira suficiente para abrigar 50 mil cadastrados pela ONU, mais os milhares de visitantes que vêm ao Rio discutir os rumos do planeta. Para garantir acomodação a todas as delegações, o comitê organizador da Rio+20 bloqueou (espécie de pré-reserva) apartamentos em hotéis no interior do estado.

Até agora, são 120 delegações e 80 chefes de estado ou de governo confirmados. Outras comitivas devem desembarcar no Rio, pois representantes dos 193 países-membros da ONU foram convidados. O comitê calcula que parte dos grupos, além da imprensa e do público, tenha que se hospedar fora da capital. Por isso, a agência de viagens que representa o comitê, a Terramar, tem negociado com hotéis de cidades como Angra dos Reis, Mangaratiba e Petrópolis.

Pelos dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ), o município do Rio conta hoje com 33 mil quartos, incluindo albergues, hotéis e três mil unidades em motéis. No entanto, nem todos estarão disponíveis para o público da conferência — uma reedição da Rio-92 vinte anos depois.

No momento, restam poucas vagas: a taxa de ocupação na cidade para o período da conferência, segundo a ABIH-RJ, já atinge 94% em toda a rede hoteleira. Do percentual, 80% estão relacionados à conferência.

Estratégia foi usada em Copenhague
No Centro, 100% dos quartos já estão reservados para o evento. Na Barra, em São Conrado, em Ipanema e no Leblon, a taxa é de 92%; no Leme e em Copacabana, 91%, e no Flamengo e em Botafogo, 94%. Tanto os hotéis cinco estrelas da cidade quanto os de três e quatro estrelas estão com ocupação de 94%.

O presidente da ABIH-RJ, Alfredo Lopes, explica que é comum durante grandes eventos as comitivas ficarem hospedadas em outras cidades:

— Em qualquer cidade do mundo, durante grandes eventos, cidades periféricas, a cerca de 120 quilômetros de distância, são usadas para abrigar visitantes.

O secretário estadual de Turismo, Ronald Ázaro, concorda:

— Niterói e Petrópolis, por exemplo, são opções a menos de duas horas do Rio. Búzios e Cabo Frio têm mais de 12 mil vagas que podem ser usadas durante a conferência. A solução (para a hospedagem durante a Rio+20) está dentro do Estado do Rio.

Angra dos Reis, localizada a 157 quilômetros do Rio; Mangaratiba (100 quilômetros) e Petrópolis (68 quilômetros) já têm hotéis com pré-reservas para a conferência.

O economista Sérgio Besserman, presidente do grupo de trabalho da prefeitura para a Rio+20, lembra que essa estratégia foi usada em Copenhague, capital da Dinamarca, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, há dois anos.

— No carnaval se hospeda muito mais gente no Rio. A grande maioria em casas e apartamentos alugados. Mas, como agora é uma conferência internacional, a demanda vai para os hotéis, os quartos cinco estrelas — afirma Besserman, destacando a campanha que será anunciada pelo prefeitura como uma forma de criar mais acomodações.

A ABIH-RJ discute com os hotéis cinco estrelas o compromisso de disponibilizar 70% das vagas (2.898 quartos, ou 4.542 leitos) exclusivamente para a cúpula da Rio+20.

Diante da grandiosidade da programação da ONU, outros eventos marcados para junho foram transferidos para outras cidades ou adiados, para liberar o Riocentro e desafogar a rede hoteleira. Superintendente do Rio Convention & Visitors Bureau, Paulo Senise cita o caso do Congresso Internacional de Odontologia, que traria 3.000 pessoas ao Rio, mas acabou saindo da agenda da cidade.

— Tivemos que desaconselhar a realização de eventos no mesmo período. Um congresso de enfermagem dos Estados Unidos, que traria mil pessoas, será transferido para outra data. E o principal evento que impedia a realização da Rio+20, o Congresso Internacional de Odontologia, foi para Foz do Iguaçu — diz Senise.

O Expo Rio Móbile, evento anual da indústria de móveis e alta decoração, precisou mudar de data a pedido do Riocentro e do governo brasileiro. Prevista para acontecer de 19 a 23 de junho, a feira foi adiada para 24 a 28 de julho. A expectativa de público é de 4 mil pessoas.

Muito além dos limites da capital
A Rio+20 irá além dos limites da capital. A agência de turismo oficial da conferência, que faz as reservas para as delegações da ONU, tem adotado como medida de precaução o bloqueio de até 100% das vagas de hotéis no interior. O objetivo, segundo a Coordenação de Imprensa e Comunicação da Rio+20, é assegurar hospedagem para as delegações, incluindo as que ainda devem confirmar viagem ao Rio. Localizado em Itaipava, distrito de Petrópolis, o Bomtempo Resort já fechou contrato com a agência, que reservou todo o estabelecimento para o período entre 19 e 23 de junho. São 34 quartos, com capacidade para cem pessoas.

E está em negociação a reserva do resort para a semana anterior, preparatória da Rio+20.

— Petrópolis é uma opção viável de hospedagem durante eventos no Rio, que tem hoje um excesso de procura. Dependendo do ponto em que você está no Rio, quem sai de Petrópolis chega até mais rápido ao destino — afirma o proprietário do resort, Rogério Elmor.

No bairro do Retiro, também em Petrópolis, o Riverside Park Hotel, de três estrelas, foi 100% bloqueado para as mesmas datas. Gerente do grupo, Fabiano Barros conta que um prédio de apartamentos alugados para temporada mantido pelo hotel em Itaipava, de nível quatro estrelas, também está todo pré-reservado. São 15 quartos em Itaipava e 31, no Riverside, onde é possível hospedar 78 pessoas.

O eco resort Hotel do Bosque, em Angra dos Reis, é outro que está fechado para a Rio+20. São 94 apartamentos, com capacidade para cerca de 400 hóspedes. O resort Portobello, em Mangaratiba, também negocia com a agência.



Fonte O Globo Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/sem-hoteis-campanha-incentivara-cariocas-hospedar-participantes-da-rio20-4400116#ixzz1q2T3Qz67

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