Jornais antigos mostram que aniversário do Rio era comemorado no mês de janeiro até 1956
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Ediane Merola
Isabela Bastos
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Ediane Merola
Isabela Bastos
Nos 90, comerciantes da Sociedade Amigos da Rua da Carioca (Sarca) deram uma incrementada na comemoração do aniversário do Rio, chamando a bateria do Salgueiro e elegendo o jogador Zico o ‘mais carioca do Rio’. De lá para cá, não faltaram convidados ilustres e bolos cada vez maiores e mais enfeitados
Foto Paulo Moreira / O Globo
RIO - Muitos cariocas não sabem. Mas o aniversário do Rio já foi comemorado em outra data que não o dia 1º de março. Devido a controvérsias históricas, que duraram parte do século XX, a fundação da cidade era festejada em 20 de janeiro, dia do padroeiro São Sebastião. Registros jornalísticos mostram bem a confusão de datas. A primeira reportagem do GLOBO sobre as comemorações é de 19 de janeiro de 1926, anunciando um culto e uma romaria ao Morro Cara de Cão, marco da fundação do Rio. O aniversário do Rio foi comemorado em janeiro até 1956. Só a partir do ano seguinte, a celebração passou oficialmente a ser em 1º de março. A mudança foi anunciada com festa e missa na Catedral Metropolitana.
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O pesquisador do Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense (UFF), Paulo Knauss, conta que a história do Rio foi, por muito tempo, cercada pela discussão sobre a importância de dois momentos distintos de sua fundação. O primeiro, a chegada de Estácio de Sá com a esquadra portuguesa à Baía de Guanabara, em março de 1565, e o estabelecimento de uma unidade militar no Morro Cara de Cão (atual Morro da Urca, onde fica a Fortaleza de São João). O segundo, a criação do núcleo urbano, estabelecido dois anos depois por Mem de Sá no Morro do Castelo. A decisão de transferência do Centro da cidade foi tomada após a morte de Estácio de Sá.
— Sobre o desembarque dos portugueses na Urca, assumiu-se a referência do padre José de Anchieta e de frei Vicente do Salvador que registram o 1 de março de 1565. Outro momento importante é o que Estácio de Sá é ferido por uma flechada na Praia de Uruçumirim (aos pés do atual Outeiro da Glória). Isso acontece em 20 de janeiro de 1567, coincidentemente dia de São Sebastião, e ele morre cerca de um mês depois. Essa data marca ainda o domínio português no Rio. Foi a última batalha. Há ainda o simbolismo de os portugueses terem chegado à Baía de Guanabara, pela primeira vez, em janeiro de 1504 — explica Knauss.
Ainda de acordo com o pesquisador, a dança de datas ganhou corpo no início do século XX. Isso porque em 20 de janeiro de 1916 foi inaugurado na Urca um monumento comemorativo de fundação da cidade, seguindo deliberação do Instituto Histórico e Geográfico e Brasileiro (IHGB). A partir daí, diz Knauss, o 20 de janeiro passou a ser usado para festejar a fundação da cidade.
— A data certamente se refere à morte de Estácio de Sá, que a partir dessa época passou a ser cultuado como fundador da cidade. Até então, o Rio era caracterizado como obra do governo Mem de Sá. Certamente, esse culto a Estácio de Sá reforçou a confusão de datas — complementa o historiador.
Polêmicas à parte, as festas de aniversário do Rio sempre foram a cara de seu povo, com eventos de rua e muitas celebrações religiosas, como a tradicional missa na Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca, onde está o túmulo de Estácio de Sá. Nos 90, comerciantes da Sociedade Amigos da Rua da Carioca (Sarca) deram uma incrementada, chamando a bateria do Salgueiro e elegendo o jogador Zico o “mais carioca do Rio”. De lá para cá, não faltaram convidados ilustres e bolos cada vez maiores e mais enfeitados, em frente às lojas centenárias da Rua Carioca. Da atriz Dercy Gonçalves às cantoras Beth Carvalho e Alcione, a lista de homenageados é variada. Só uma coisa não mudou nesses 22 anos: o recheio do bolo, sempre de doce de leite, para agradar à maioria dos convidados.
Nesta quinta-feira, 447 anos após ter nascido, a cidade terá um baile no Largo da Carioca e um bolo de medidas generosas. Com 44,7 metros, dez centímetros por cada ano de vida do Rio, ele será o maior de todos os tempos. Segundo o presidente da Sarca, Roberto Curi, serão 37 tortas de 1,20 de comprimento, com desenhos lembrando passagens da história da cidade. Haverá espaço ainda para o futuro, representado pelos grandes eventos, como a Jornada Mundial da Juventude, em 2013; a Copa do Mundo de 2014; e as Olimpíadas Rio 2016. Se as tortas fossem empilhadas, o bolo teria a altura de um prédio de 15 andares.
Para dar conta de todo o serviço, quatro padarias de uma rede de supermercados ficaram encarregadas de assar a massa que, como reza a tradição, será consumida com rapidez pelos cariocas que batem ponto na festa do Centro. O bolo costuma acabar em poucos minutos. Nos últimos dez anos, o trabalho foi encomendado a uma padaria apenas, de uma filial do mercado na Rua Barão de Mesquita, na Tijuca. Nos primórdios, a tarefa cabia às tradicionais confeitarias Manon e Nova Carioca
Fonte Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/aniversario/controversia-historica-duas-datas-de-fundacao-para-cidade-4107070#ixzz1nrNRTLwd
RIO - Muitos cariocas não sabem. Mas o aniversário do Rio já foi comemorado em outra data que não o dia 1º de março. Devido a controvérsias históricas, que duraram parte do século XX, a fundação da cidade era festejada em 20 de janeiro, dia do padroeiro São Sebastião. Registros jornalísticos mostram bem a confusão de datas. A primeira reportagem do GLOBO sobre as comemorações é de 19 de janeiro de 1926, anunciando um culto e uma romaria ao Morro Cara de Cão, marco da fundação do Rio. O aniversário do Rio foi comemorado em janeiro até 1956. Só a partir do ano seguinte, a celebração passou oficialmente a ser em 1º de março. A mudança foi anunciada com festa e missa na Catedral Metropolitana.
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— Sobre o desembarque dos portugueses na Urca, assumiu-se a referência do padre José de Anchieta e de frei Vicente do Salvador que registram o 1 de março de 1565. Outro momento importante é o que Estácio de Sá é ferido por uma flechada na Praia de Uruçumirim (aos pés do atual Outeiro da Glória). Isso acontece em 20 de janeiro de 1567, coincidentemente dia de São Sebastião, e ele morre cerca de um mês depois. Essa data marca ainda o domínio português no Rio. Foi a última batalha. Há ainda o simbolismo de os portugueses terem chegado à Baía de Guanabara, pela primeira vez, em janeiro de 1504 — explica Knauss.
Ainda de acordo com o pesquisador, a dança de datas ganhou corpo no início do século XX. Isso porque em 20 de janeiro de 1916 foi inaugurado na Urca um monumento comemorativo de fundação da cidade, seguindo deliberação do Instituto Histórico e Geográfico e Brasileiro (IHGB). A partir daí, diz Knauss, o 20 de janeiro passou a ser usado para festejar a fundação da cidade.
— A data certamente se refere à morte de Estácio de Sá, que a partir dessa época passou a ser cultuado como fundador da cidade. Até então, o Rio era caracterizado como obra do governo Mem de Sá. Certamente, esse culto a Estácio de Sá reforçou a confusão de datas — complementa o historiador.
Polêmicas à parte, as festas de aniversário do Rio sempre foram a cara de seu povo, com eventos de rua e muitas celebrações religiosas, como a tradicional missa na Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca, onde está o túmulo de Estácio de Sá. Nos 90, comerciantes da Sociedade Amigos da Rua da Carioca (Sarca) deram uma incrementada, chamando a bateria do Salgueiro e elegendo o jogador Zico o “mais carioca do Rio”. De lá para cá, não faltaram convidados ilustres e bolos cada vez maiores e mais enfeitados, em frente às lojas centenárias da Rua Carioca. Da atriz Dercy Gonçalves às cantoras Beth Carvalho e Alcione, a lista de homenageados é variada. Só uma coisa não mudou nesses 22 anos: o recheio do bolo, sempre de doce de leite, para agradar à maioria dos convidados.
Nesta quinta-feira, 447 anos após ter nascido, a cidade terá um baile no Largo da Carioca e um bolo de medidas generosas. Com 44,7 metros, dez centímetros por cada ano de vida do Rio, ele será o maior de todos os tempos. Segundo o presidente da Sarca, Roberto Curi, serão 37 tortas de 1,20 de comprimento, com desenhos lembrando passagens da história da cidade. Haverá espaço ainda para o futuro, representado pelos grandes eventos, como a Jornada Mundial da Juventude, em 2013; a Copa do Mundo de 2014; e as Olimpíadas Rio 2016. Se as tortas fossem empilhadas, o bolo teria a altura de um prédio de 15 andares.
Para dar conta de todo o serviço, quatro padarias de uma rede de supermercados ficaram encarregadas de assar a massa que, como reza a tradição, será consumida com rapidez pelos cariocas que batem ponto na festa do Centro. O bolo costuma acabar em poucos minutos. Nos últimos dez anos, o trabalho foi encomendado a uma padaria apenas, de uma filial do mercado na Rua Barão de Mesquita, na Tijuca. Nos primórdios, a tarefa cabia às tradicionais confeitarias Manon e Nova Carioca
Fonte Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/aniversario/controversia-historica-duas-datas-de-fundacao-para-cidade-4107070#ixzz1nrNRTLwd
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