domingo, 26 de fevereiro de 2012

OPERAÇÃO BLACK OPS - Atletas são denunciados à Justiça por contrabando. Ação criminal contra 90 é extinta

Para MPF, Diguinho e Emerson também poderão responder por lavagem de dinheiro

POR Gabriela Moreira

Rio - Os jogadores de futebol Diguinho, do Fluminense, e Emerson, do Corinthians, foram denunciados pelo Ministério Público Federal por contrabando e lavagem de dinheiro, pela compra de uma BMW X6 branca importada ilegalmente dos EUA. A decisão, que será apreciada pela Justiça Federal, pode trazer problemas ao Tricolor das Laranjeiras e Alvinegro do Parque São Jorge (SP).

Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Caso se tornem réus no processo, os jogadores só poderão deixar o País com autorização judicial. Ou seja, terão de pedir permissão para jogarem as partidas no exterior pela Taça Libertadores, assim como caberá à Justiça a autorização para possíveis transferências para clubes estrangeiros.
Fora das quatro linhas, a vida dos atletas poderá ficar ainda pior. Em caso de condenação, a pena para ambos os crimes é de prisão, de no mínimo quatro anos, podendo chegar a 14 anos. A denúncia foi feita na semana em que o Fluminense se classificou para a final da Taça Guanabara, hoje.

Como O DIA publicou com exclusividade em dezembro, Emerson e Diguinho criaram uma ‘cadeia artificial de compra e venda’ do veículo, segundo o processo, chegando a emitir cinco notas fiscais entre eles e a loja que importou a BMW, a Euro Imported Cars, do bicheiro Haylton Scafura, foragido da Justiça.
Foto: Carlos Moraes e Rafael Neddermeyer / Agência O Dia
Foto: Carlos Moraes e Rafael Neddermeyer / Agência O Dia

CONTRADIÇÃO
Em depoimento, eles caíram em contradição. Emerson colocou a culpa pela compra do carro num vendedor de Vila Isabel e disse ter falado com Diguinho após o carro ter sido apreendido pela PF apenas por mensagem de texto. Já Diguinho declarou que falou por telefone com o colega do Corinthians e os dois se encontraram e conversaram sobre a apreensão.

As investigações mostraram ainda que Emerson fez um depósito diretamente na conta da empresa do israelense Jehuda Kazzab, morador de Miami, nos Estados Unidos, e que é réu no processo. De acordo com a denúncia, Jehuda, conhecido como Udi, teria se associado à quadrilha do bicheiro José Caruzzo Escafura, o Piruinha, e do filho dele, Haylton Escafura.

A BMW de Emerson e Diguinho teria sido trazida de forma ilegal para o País, pela máfia dos caça-níqueis, em associação com uma quadrilha israelense.

TRANSAÇÕES
No Brasil, a BMW X6, quando zero, é avaliada em cerca de R$ 300 mil, mas foi declarada por Emerson por R$ 200 mil. Após três meses com o carro, o atleta vendeu o bem para Diguinho, alegando à Justiça que não gostou da cor do estofado. Confira a transação que foi feita entre eles:

29/10/2010 — Emerson compra a BMW da Rio Bello por R$ 200 mil (Nota Fiscal 12).
20/12/2010 — Ele devolve o carro à loja e recebe a quantia de R$ 160 mil (Nota Fiscal 30). No mesmo dia, Diguinho compra a BMW por R$ 200 mil (Nota Fiscal 31).
10/01/2011 — Ele devolve o carro (Nota Fiscal 34). Horas depois, compra novamente (Nota Fiscal 35).

No processo, os advogados de Diguinho disseram que a BMW foi comprada em março passado, por R$ 315 mil. Segundo investigações, esta não foi a primeira compra irregular de Emerson. O corintiano ainda comprou um Camaro e um terceiro carro motor V8, modelo não identificado.

Ação criminal contra 90 é extinta
A BMW de Diguinho e Emerson foi apreendida na Operação Black Ops, da PF, com outros 102 carros, em outubro. Mas, semana passada, a 3ª Vara Criminal Federal extinguiu a ação penal contra 90 desses proprietários. Segundo a decisão, a extinção foi provocada pela ausência de denúncia contra eles, a maioria moradora de outros estados.

O MPF afirma que a competência da denúncia contra estes proprietários é da Justiça dos estados de origem. Além disso, o MPF aguarda o fim da ação administrativa da Receita Federal, contra os donos dos veículos. Os carros não serão liberados enquanto a Receita não finalizar a ação, que pode decretar a perda dos bens.

Fonte O Dia  
   

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