domingo, 3 de abril de 2011

SAÚDE NO BRASIL - Jornal Nacional cria indignação e prepara a implantação de nova CPMF


Globo Repórter apresentou a rotina dramática dos hospitais onde crianças morrem sem atendimento digno, médicos chegam atrasados ou nem aparecem.

As autoridades deram explicações sobre o retrato da saúde pública brasileira mostrado nesta sexta (01) no Globo Repórter.
O programa apresentou a rotina dramática dos hospitais onde crianças morrem sem atendimento digno, médicos chegam atrasados ou nem aparecem. E o dinheiro público se perde em obras inacabadas.
Hospitais lotados no Maranhão, pacientes nos corredores no Pará. Postos de saúde sem médico em Goiás. Doentes sem atendimento em São Paulo, no país inteiro.
O Globo Repórter exibido nesta sexta-feira (01) mostrou a realidade assustadora da saúde pública no Brasil.
Ruth tinha dificuldade para respirar. Foi internada na Ilha do Marajó, no Pará, mas os médicos não descobriram o que a menina tinha.
Após 12 dias, ela foi transferida para Belém, a capital de estado, onde a estrutura deveria ser melhor.
A repórter Graziela Azevedo acompanhou a agonia da mãe e a mobilização dos médicos para, diante das câmeras, improvisar uma UTI.
Foi tarde demais. Ruth morreu minutos depois.
Neste sábado (02), o Secretário de Saúde de Belém esteve no hospital em que Ruth morreu. A ala de pediatria foi toda reformada.
"Naquela época nossa pediatria estava em reforma, a gente não tinha nem equipamento, hoje não, ela seria extremamente bem atendida”, diz o secretario Sérgio Pimentel..
Mas as macas persistem pelos corredores e o secretário explica que isso não deve mudar tão cedo.
“A demanda é muito maior do que a oferta que a gente tem de leitos, é muito melhor que você atenda o paciente numa maca do que não atendê-lo”, diz ele.
De cada dez brasileiros, oito dependem do SUS. O atendimento deveria começar no posto de saúde perto de casa, que deve ser capaz resolver a grande maioria dos casos.
Mas aí começa o problema. Sem médicos, sem estrutura, o tempo passa, a doença fica mais grave e o paciente procura o maior hospital da região. E, como milhões de outros brasileiros são obrigados a fazer a mesma coisa, esses hospitais estão sempre lotados e sem condições de atender tanta gente.
O Globo Repórter mostrou também que no programa saúde da família é difícil encontrar médicos que cumpram as 40 horas semanais do contrato.
Em Águas Lindas de Goiás, os pacientes de um posto também tiveram que esperar pelo doutor.
“Sai de lá uma hora da tarde, plantão e tudo. A gente não pode abandonar", explica o médico Felipe Soares.
Já um pronto socorro na região Metropolitana de Belém, ficou sem atendimento na troca de plantão. O primeiro médico chegou com duas horas de atraso. Diante do caos, culpou os pacientes.
O Conselho Federal de Medicina, admite que alguns médicos são coniventes com o sistema cheio de falhas. E diz que é preciso aumentar a fiscalização e melhorar a gestão.
“Falta uma carreira de estado para médicos, se dedicarem ao SUS como fazem os juízes, como fazem os promotores. Falta juízo, bom senso, muito mais do que dinheiro e gente”, diz Roberto D’avila.
Se falta verba para melhorar a estrutura do SUS, também falta tomar conta do dinheiro destinado à saúde.
Em três cidades, no entorno de Brasília, o Globo Repórter encontrou esqueletos de obras que deveriam ser hospitais.
Um deles já custou R$ 16 milhões. E há indícios de desvio de dinheiro, segundo um promotor público.
"Já constatamos que nesta obra, R$ 8 milhões. Não tem explicação pra gasto. Onde foram parar esses R$ 8 milhões", diz o representante do Ministério Publico
O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assume que a situação da saúde no país é muito grave e que prefeituras, estados e Governo Federal têm responsabilidade e precisam achar com urgências uma solução.
“Nós não podemos tolerar profissionais maltratando pessoas. Não podemos tolerar qualquer tipo de exigência. É uma responsabilidade que ninguém pode ficar empurrando um para o outro”, diz ele.

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