quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

BELO MONTE - Canteiro de obras será no coração da floresta #BelomonteNao

por Miriam Leitão

A maior parte do desmatamento autorizado pelo Ibama para a instalação do canteiro de obras de Belo Monte vai atingir uma área de floresta nativa. A licença parcial, dada pelo presidente substituto do órgão, Américo Ribeiro, fala em “supressão da vegetação" de 238 hectares, a maior parte (224,5 hectares, ou seja, 94,3%) está na região de Pimental, que sofrerá dano maior, porque ainda tem muita mata nativa. 

Segundo dados do Ibama analisados por Paulo Barreto, pesquisador do Imazon, essa localidade teria 78% de vegetação nativa. Nós fizemos as contas: são 175,11 hectares, aproximadamente 175 campos de futebol de floresta nativa derrubados. Estamos falando, caro internauta, de uma área que não foi alterada antes. Os outros 22%, de acordo com o instituto, já foram desmatados - no jargão técnico, “antropizado”, ou seja, são pastagens ou áreas cultivadas. No caso do “sítio” Belo Monte, outro local que receberia parte do canteiro de obras, cerca de 91% de sua área já estaria desmatada, ainda segundo as informações passadas pelo órgão. 

Mas quando falamos com Américo Ribeiro para a coluna, ele disse que as áreas para as quais foi concedida licença de "supressão da vegetação" estavam alteradas. 

- Não estamos falando de áreas tão intactas assim. Além do mais, é uma área pequena - disse ele. 

Não é bem assim. Os dados mostram isso. Para conseguir essas informações, o blog vem entrando em contato com o Ibama desde sexta-feira passada. Queríamos ter informações técnicas precisas sobre as áreas que seriam desmatadas para a instalação do canteiro de obras da usina Belo Monte, no Pará. 

Como a licença parcial fala em “supressão da vegetação”, tentamos obter as coordenadas do local, porque assim, seria possível cruzar os dados com o mapa da vegetação, de forma independente, para saber como a região seria afetada. O Ibama não respondeu tudo o que perguntamos, mas com base nos dados que passou, Paulo Barreto, pesquisador do Imazon, falou um pouco sobre a vegetação de lá.

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