Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

quarta-feira, 7 de abril de 2010

ESPORTE/FUTEBOL/TAÇA LIBERTADORES - ATENÇÃO: Jogo entre Flamengo e Universidad de Chile é adiado


Patrícia Trindade - Correio Brasiliense
Publicação: 07/04/2010 08:36



Rio de Janeiro — Apesar da pressão da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e dos cartolas da Universidad de Chile para que a partida contra o Flamengo, pela Libertadores, fosse mantida para hoje, às 21h50, no Maracanã, prevaleceu o bom senso e o confronto foi adiado. A palavra final para o impasse foi da secretária estadual de Esporte, Lazer e Turismo, Márcia Lins, às 23h de ontem, que considerou “irresponsável” a realização do confronto diante dos problemas de deslocamento e falta de segurança provocados pela chuva que devastou o Rio nos últimos dois dias.

“Os locais de acesso ao Maracanã estão interditados. Não vamos colocar vidas em risco. Policiais e bombeiros têm coisas mais importantes para fazer no momento do que promover um jogo de futebol. As ruas em torno do Maracanã são as que se alagam com mais facilidade. A água sobe e inunda a região rapidamente”, lembrou Márcia. “E se voltar a chover forte no momento do jogo? A previsão da meteorologia é de que a chuva só diminua a partir de quinta-feira (amanhã). Com o problema ainda parcialmente resolvido, qualquer precipitação vai colocar a vida dos torcedores e das pessoas que vão trabalhar no evento em risco. Além disso, ainda vamos avaliar os estragos. Ainda há muito lixo e lama nos vestiários e nas rampas de aceso. Precisamos ver o que foi danificado, amanhã (hoje), durante o dia”, justificou.

Pelo regulamento da Libertadores, o jogo tem de acontecer até 24 horas depois da data original da tabela. Caso contrário, terá de ser remarcado para outro dia. O mais provável é que ele seja realizado amanhã, às 16h, no Maracanã, a pedido da Rede Globo, que detém os direitos de transmissão e tem interesse em passar o confronto em TV aberta. Mas, só se o volume de chuva no Rio diminuir.

Caso a situação siga caótica, a Conmebol terá de encontrar uma brecha em meio ao calendário apertado das duas equipes. A Universidad de Chile enfrenta o Cobreloa, sábado, pelo Campeonato Chileno e seus dirigentes já estão tentando adiar o jogo de meio-dia para as 20h do mesmo dia. Os transtornos para o Flamengo serão menores, já que o clássico contra o Vasco, pelas semifinais da Taça Rio, será apenas domingo.

Márcia Lins considera mais prudente seria adiar de vez o jogo, já que dificilmente os problemas na capital diminuirão drasticamente até amanhã à tarde. A decisão da nova data, no entanto, só será acertada após uma reunião entre a secretária e o delegado da Conmebol, Guido Chamorro, cuja chegada na capital era esperada para ontem à noite.

Mesmo com tanta chuva, o gramado do Maracanã não foi o responsável pelo adiamento. O sistema de drenagem passou com louvor pelo difícil teste. Depois de amanhecer quase submerso ontem, a água foi completamente drenada menos de oito horas depois. Apenas por precaução, a Universidad de Chile não foi autorizada a fazer o treino de reconhecimento no final da tarde.

O problema foram os estragos fora do campo. Por causa da chuva, o portão 20 acabou arrebentando e prejudicando o sistema de bombeamento. A água invadiu os vestiários, que estão cheios de lama e lixo. Além disso, os bairros Maracanã e Tijuca são, historicamente, uma região que alaga facilmente, mesmo se a chuva não for tão forte como a que arrasou a cidade ontem.


Estatísticas e curiosidades


O primeiro duelo do Flamengo contra a Universidad de Chile, quando o clube brasileiro foi derrotado por 2 x 1, em Santiago, duas semanas atrás, pela terceira rodada do Grupo 8, foi disputado, coincidentemente, depois de uma grande tragédia. Um terremoto assolou o Chile no início do mês passado e transferiu o local do jogo da litorânea Viña del Mar para a capital chilena. Com aquele resultado, o rubro-negro perdeu a liderança da Chave e, por isso, esta semana se transformou na mais importante do time da Gávea no ano. Um revés pode tornar o sonho de conquistar o bicampeonato da Libertadores em um pesadelo. E ainda causar um efeito dominó, influenciando o grupo no clássico contra o Vasco, domingo, pelas semifinais da Taça Rio, na busca do inédito tetra.

Chuva atrapalha os outros grandes


O temporal também atrapalhou a programação dos outros três grandes clubes do Rio. Vasco, Botafogo e Fluminense foram obrigados a cancelar seus treinos de ontem na preparação para as semifinais do segundo turno do Campeonato Carioca. O clássico vovô está marcado para o sábado, às 18h30, no Maracanã, um dia antes do Clássico dos Milhões, no mesmo local, às 16h.

O Fluminense até tentou encontrar um lugar para o treino. Sem a opção da praia do Leme ou do estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, o Tricolor chegou a marcar uma atividade nas Laranjeiras e convocar os jogadores, mas teve de desistir até porque a sede estava fechada desde o meio-dia. O clube, então, recomendou que os atletas se exercitassem individualmente em suas residências, aproveitando aparelhos de musculação, esteiras ou bicicletas ergométricas disponíveis em condomínios.

O Botafogo também cancelou os treinos, com o pedido de que os jogadores buscassem um jeito de se condicionar por conta própria. No Vasco, o treinador interino Gaúcho preferiu elogiar o empenho de jogadores como os meias Carlos Alberto e Philipe Coutinho para conseguirem chegar a São Januário mesmo com o caos no trânsito. O esforço, no entanto, foi em vão.

Gramado resiste ao dilúvio

» O gramado do Maracanã passou com louvor pelo dilúvio que cobriu quase todo o campo no início da manhã de ontem. Em menos de oito horas, o sistema de drenagem conseguiu absorver toda a água que transformou o maior palco do futebol brasileiro em um lamaçal após o temporal que devastou o Rio.


Nota oficial


“A Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Lazer comunica a decisão do Governo do Estado de suspender a realização do jogo Flamengo x Universidad de Chile no estádio do Maracanã, programado para esta quarta-feira (hoje), 7 de abril, válido pela Copa Libertadores, em razão da situação em que se encontra a cidade do Rio de Janeiro por causa das fortes chuvas, em especial o estádio e seu entorno, que não reúnem as condições mínimas necessárias para tal.

Vale destacar, ainda, que o governador e o prefeito decretaram feriado nas escolas das redes públicas municipal e estadual para amanhã (hoje) e permanece, também, o estado de alerta para que as pessoas não saiam de casa. O objetivo é facilitar a atuação dos órgãos públicos municipais e estaduais na recuperação da cidade e na desobstrução das vias que ainda encontram-se impedidas.”


Vôlei também sofre


Rio de Janeiro —
“Foi desesperador, um caos total. Passamos fome, frio e sede. Olhávamos para fora e o estacionamento do Maracanãzinho parecia o oceano. Foram momentos de muita angústia.” Dessa forma, a ponteira Érika, do Unilever, resumiu as quase 16 horas que o grupo ficou ilhado no ginásio cercado por água no bairro do Maracanã, uma das regiões mais afetadas pelo temporal que castigou o Rio de Janeiro nos dois últimos dias.

As comandadas pelo técnico Bernardinho chegaram ao Maracanãzinho às 17h30 de segunda-feira e só chegaram em casa ao meio-dia de ontem. “Deitamos no chão, mas não conseguimos dormir. Estávamos com a roupa molhada de suor e ficamos com medo de pegar uma gripe, uma virose. Imagina isso na véspera de uma decisão?", temia a ponteira, medalha de bronze nas Olimpíadas de Sydney de 2000, referindo-se ao segundo jogo da série melhor de três das semifinais da Superliga Feminina 2009/2010 contra o São Caetano, que estava previsto para ontem, mas acabou adiado.

A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) remarcou o confronto para amanhã, às 21h30, em outro ginásio, o do Tijuca Tênis Clube. O jogo é de vida ou morte para as cariocas. Hexacampeãs da Superliga, perderam a primeira partida, sábado, em São Caetano do Sul, por 3 x 0 e correm o risco de ficar de fora da final da competição pela primeira vez nos últimos nove anos. O terceiro clássico, se necessário, será sábado, no mesmo horário e local.

“Graças a Deus deu tudo certo. Nosso drama não foi nada perto da tragédia que a chuva trouxe para a vida de outros cariocas”, alegou Érika, abalada com os momentos de tensão vividos no Maracanãzinho. “Assistimos a um vídeo e quando saímos da sala de TV para treinar com bola vimos que a quadra já estava inundada. Primeiro, achamos que tinha estourado um cano, alguma coisa assim. Era muita água. Tentamos secar, mas por volta das 15h o alagamento começou a subir as escadas e ficamos com medo. Subimos para as partes mais altas do ginásio e tentamos nos abrigar nas salas vips e nos alojamentos”, revelou a jogadora.

Fome acaba em pizza

Para boa parte do grupo do Unilever no entanto, a aventura ainda estava longe de acabar. A líbero do time e da Seleção Brasileira, Fabi, também registou, no Facebook (site de relacionamentos) as cenas das companheiras tentando enxugar a quadra e do técnico Bernardinho, exausto, deitado em um colchão no meio do ginásio. “Por volta da meia-noite, um amigo da Regiane (oposto da equipe) que mora no Maracanã (bairro) comprou três pizzas para nós. Foi o que nos salvou.”

“De manhã, ele comprou 30 pães e conseguimos segurar até as 11h30, quando os Bombeiros autorizaram nossa saída. Foi inacreditável. Um caos. Não tínhamos noção de como a chuva tinha afetado a cidade. Vimos cenas desoladoras, de destruição mesmo. Mas no final das contas, serviu como uma terapia de grupo. Há males que vêm para bem. Quem sabe isso não serviu para nos unir mais nessa hora decisiva?”, acredita a jogadora. (PT)

Drama em tempo real


A meio-de-rede Carol Gattaz relatava o drama do Unilever no Maracanãzinho com mensagens em seu twitter. Às 2h, ela postou uma foto com as companheiras tentando secar a quadra e o grupo ainda brincava com a situação. “Eu, a Carolzinha, a Camilinha (Camila Adão) e a Luíza resolvemos tentar a sorte e saímos do ginásio no meu carro, que é alto. Conseguimos sair do estacionamento, mas paramos nas ruas da Tijuca, ilhadas. Ficamos três horas paradas. Estava amanhecendo quando decidimos pegar o metrô”, revelou a central, que não teve opção senão abandonar o carro no meio da avenida Maracanã e contar com a serviço do seguro.

“Vou tentar dormir um pouco aqui dentro do carro para ver se abaixamos os alagamentos e saímos daqui”, escreveu Carol Gattaz às 3h da madrugada de ontem. Às 6h30, ela voltou a dar notícia no microblog: “Tomar ganho quente, porque cheguei encharcada da chuva. Graças a Deus chegamos bem depois de tudo.”

Osasco é o primeiro finalista

» A primeira vaga na final da Superliga Feminina de Vôlei foi definida ontem. Dono da segunda melhor campanha na primeira fase, o Osasco confirmou o favoritismo com a segunda vitória sobre o Pinheiros, mesmo fora de casa, com o placar de 3 x 1 (25/19, 25/20, 19/25 e 25/15). Agora, espera pela definição da outra semifinal.

Jogadoras ainda voltaram a treinar


» Apesar da terapia de choque, de terem passado horas de muita tensão no Maracanãzinho de segunda para terça-feira e até do desgaste físico e emocional, o sempre exigente treinador Bernardinho não aliviou para as jogadores do Unilever. As atletas tiveram a tarde para dormir e descansar, mas se reapresentaram às 19h para um treino no Ginásio
da Tijuca.

Mensagem no Twitter


Carol Gattaz (jogadora de vôlei)
2h45

“Aqui na área do Maracanã e da Tijuca tá toda alagada, ruas impedem os carros de passar. Não tem como sair!!! Desespero e cansaço total”

3h

“Vou tentar dormir um pouco aqui dentro do carro para ver se abaixamos os alagamentos e saímos daqui. Já já volto com mais notícias”

6h30

“Tomar banho quente porque cheguei encharcada da chuva e cama. Graças a Deus, chegamos bem, depois de tudo!!!”

“Chegamos em casa agora, 6h30 da manhã, ainda continua tudo alagado na Tijuca e no Maracanã. Tivemos que deixar o carro e vir de metrô... única solução”


Henrique Barbosa (nadador)

“Se eu estivesse no Rio, sairia de casa só de sunga, touca e óculos, e já chegaria pro treino aquecido!!!”


Leonardo Moura (lateral-direito do Flamengo)

“Vendaval atinge Orla da Barra da Tijuca. Evitem sair de casa.”

Fred (atacante do Fluminense)

“Que Deus olhe por todos nós. Força, Rio”

 


 

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