Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

domingo, 13 de maio de 2012

ASFALTO NO RIO - Asfalto Liso tem imperfeições em diversos pontos do Rio


Bueiros desnivelados, ralos encobertos e remendos são alvo de reclamações de leitores


Camada de asfalto quase encobre sarjeta na Avenida Nossa Senhora de Copacabana
FOTO DO LEITOR JOÃO CARLOS SILVA / EU-REPÓRTER

RIO - Ao custo total de R$ 476,4 milhões, o Programa Asfalto Liso tem deixado um rastro de insatisfação por onde passa no Rio. De Copacabana a Vila Isabel, o publicitário João Carlos Silva reúne, desde o ano passado, imagens que mostram problemas em vias que foram recapeadas recentemente na cidade. A coleção evidencia situações as mais variadas: bueiros desnivelados, ralos encobertos e vias deixadas sem pintura. Muitos remendos no asfalto, inclusive, são deixados por concessionárias após intervenções nas ruas. Em comum para o leitor, a impressão de que o serviço é feito de forma descuidada.

Desde que foi iniciado, em 2010, o Programa Asfalto Liso já recuperou 869 quilômetros de vias pela cidade, segundo o último balanço da Secretaria municipal de Obras S(MO). Muitas das melhorias, porém, parecem ter uma data de validade definida: o reparo programado por alguma concessionária, que force a abertura de um buraco na rua. Concluída a obra, o resultado é o dano à pavimentação, que tem que ser refeita e, ainda assim, não retorna à forma original.

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- Entendo que uma obra, cara como esta e que causa enormes transtornos à população, deveria ser feita com qualidade, organização, estudo e planejamento, para ser feita apenas uma vez, e não ser refeita mês a mês - argumenta Silva.

As secretarias municipais de Obras e de Conservação (Seconserva) dizem que vêm dialogando com as companhias para garantir que a restauração seja feita de forma adequada. O serviço das empresas é acompanhado por equipes da Coordenadoria Geral de Conservação.

“Caso a empresa não cumpra as especificações determinadas para intervenções em vias urbanas, ela é notificada para que refaça o serviço e está sujeita à multa em caso de não cumprimento”, explica a Seconserva.

A Secretaria de Obras afirma que os reparos sob vias recapeadas são fiscalizadas diariamente por uma equipe, que avalia se os serviços estão sendo executados corretamente. Quando há falhas, afirma a SMO, a empresa deve fazer os ajustes necessários, sem custo adicional à prefeitura. O órgão ressalta, no entanto, que os defeitos são “de baixa incidência e geralmente pontuais”.

Muitos desses problemas parecem estar no caminho do leitor João Carlos. Na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, na Zona Sul, a nova camada de asfalto quase invade a sarjeta, que fica rebaixada em relação ao resto da via. Na Avenida Passos, no Centro, um bueiro desnivelado é desafio para motoristas, que são forçados a diminuir a velocidade para preservar os amortecedores. O mesmo acontece na Rua Prudente de Moraes, em Ipanema, que recebeu recentemente asfalto novinho em folha para a implantação do corredor de BRS.

“Na Rua Prudente de Moraes, mal asfaltaram e pintaram as faixas do BRS e já dá para notar remendos mal feitos e um nivelamento de bueiro que resume muito bem o capricho com que as obras são feitas e por quem são feitas. Não há obra que dure se a própria administração faz algo sem planejamento com os outros órgãos. Nunca vi gostarem tanto de cavar um asfalto. Detalhe: a faixa pintada também já está se apagando. Material de primeira!”, escreveu João Carlos à prefeitura.

Na tentativa de ver o problema solucionado, o internauta mandou seus registros para os secretários municipais de Obras e Conservação, além do próprio prefeito. Como resposta, obteve apenas o silêncio.

Segundo a SMO, o nivelamento dos bueiros está sendo realizado de forma gradual pela Operação Asfalto Liso. Vias de grande movimento são desafios, até porque o serviço não é permitido à noite por causa do barulho, explica a secretaria.

Armadilhas para motociclistas e ciclistas

O asfalto da Rua Barão de Mesquita, na Tijuca, destoa. Nas pistas para os carros, pavimentação nova. Na ciclofaixa ao lado, material antigo e pintura desgastada, como aponta o leitor Frederico Augusto Costa:

“Enquanto segue executando a Operação Asfalta Liso, a Prefeitura do Rio não se preocupa em levar a mesma comodidade aos ciclistas da cidade. Na Rua Barão de Mesquita, o conserto foi apenas para os carros, e não para os ciclistas. Por que a discriminação?”

A ciclovia, incluindo o recapeamento, é de competência da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, afirma a SMO.

Em Ipanema, o buraco deixado pela retirada dos tachões que dividiam o corredor para os ônibus do BRS chamou a atenção da leitora Nanci Moura. Motociclistas que antes reclamavam dos blocos, considerados um risco de acidente, agora enfrentam uma outra cilada. Apesar de ter instalado a sinalização, a Secretaria municipal de Obras diz que a responsabilidade pela retirada e a consequente correção no asfalto é da CET-Rio.

Operação Asfalto Liso pode ser estendida

Com previsão para terminar em julho, a operação de recuperação de vias da cidade pode ser prorrogada, admite a SMO. A proposta do programa é fazer a recomposição total do asfalto, garantindo maior durabilidade ao pavimento. A prefeitura diz que o novo asfalto pode durar até dez anos, mas reconhece que os consertos frequentes feitos por concessionárias podem causar “falhas pontuais na estrutura do pavimento”.

Em 2011, a operação Asfalto Liso recuperou 108 vias, sendo 30 na área do Centro, Grande Tijuca e Zona Sul; 38 na Zona Norte; 14 na região da Barra da Tijuca e Jacarepaguá; e 26 nos demais bairros da Zona Oeste. Juntas, ruas e avenidas somavam 490 quilômetros de pavimentação recuperados. Em 2010, foram recapeados 150 quilômetros de ruas e avenidas.

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