domingo, 25 de abril de 2010

EMPREGOS/CONCURSOS - Postos café com leite desmotivam deficientes


   
JORDANA VIOTTO
da Reportagem Local


Para cumprir a Lei de Cotas de Deficientes, algumas empresas criam vagas de níveis operacionais -por vezes, ocupadas por profissionais qualificados.
"Contratações assim não são bem-sucedidas", diz Marinalva da Silva Cruz, coordenadora do Programa de Apoio à Pessoa com Deficiência da Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho de São Paulo.
"O profissional fica estagnado, não tem chance de crescer." Segundo ela, ou o funcionário fica insatisfeito com a função e busca recolocação ou a empresa fecha o posto de trabalho.
Leonardo Santos de Souza, 25, que não tem movimento na perna esquerda, procurou outro emprego depois de três anos sem promoção.
"Em plantões, substituía profissionais de níveis mais altos e me sentia apto a desempenhar outras funções, mas a empresa dizia que a mudança não seria aconselhável", afirma.
A estudante de psicologia Jucilene Braga, 29, também avalia que, em algumas companhias, a ascensão é restrita.
"Existem empresas que deixam você fazendo qualquer coisa, como se fosse "café com leite'", diz ela, que é cega e conta com o auxílio de um cão-guia.
Na vaga atual, de auxiliar administrativa, Braga afirma ser tratada de outra forma. "Aqui, tomo decisões e tenho responsabilidades", analisa.
Souza também gosta do trabalho que tem hoje, em uma empresa do ramo financeiro. "Tenho oportunidade de crescer", analisa.
Na avaliação de Isabel Maior, titular da Subsecretaria Nacional de Promoção da Pessoa com Deficiência, o avanço só foi possível graças à lei nº 8.213/ 1991, conhecida como Lei de Cotas (veja texto abaixo).
Mas só chamou a atenção do mercado, quando a fiscalização passou a ser feita, em 2000, segundo Maior. "Isso mostra que a lei é imprescindível", afirma.

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