ANIVERSARIANTE DO DIA - A EMPREGADA DOMÉSTICA

Uma campanha para aprovar projetos no Congresso, que beneficiam a classe, está sendo lançada. São mais de 110 mil empregadas domésticas no DF, mas apenas 15% têm carteira assinada.

 

 

    Aidê sempre trabalhou como doméstica. Por necessidade, teve que parar de estudar e concluiu só o ensino fundamental. Ela conta que nunca ganhou mais que um salário mínimo e jamais teve a carteira assinada. “Não tinha horário para entrar e nem pra sair. Saía quando eles quisessem porque eu tinha que cuidar das crianças. O salário aumentou e eles não aumentaram o meu também”, conta a empregada doméstica Aidê da Silva.

Uma profissão antiga, mas pouco valorizada. Hoje são mais de 110 mil empregadas domésticas no Distrito Federal. Desse total, apenas 15% têm a carteira assinada. Ou seja, a maioria trabalha na ilegalidade. Nem todos os patrões aceitam pagar FGTS, férias, décimo terceiro e a jornada de trabalho de oito horas diárias.

“Se as outras categorias têm direito ao FGTS, ao seguro desemprego, salário-família, hora extra e adicional noturno, eu acho justo que um empregado também tenha esses direitos”, destaca o presidente do Sindicato Domésticos do DF e Entorno Antônio Barros.

Desmotivadas, elas acabam não pensando no futuro. Yelê oferece um curso de qualificação e conta que, quando consegue fechar uma turma, muitas desistem no meio do caminho. “O que elas não conseguem é superar os problemas que tem em casa, com filho ou com marido, e faltam as aulas”, diz a aposentada Yelê Ferreira.

Mirani nunca deixou de estudar. Doméstica de dia, fez cursos à noite. Há um ano ela passou em um concurso público e não vai parar por aí, pois quer ser enfermeira. “Eu tenho me valorizado. A pessoa fala: ‘ah, mas você vai ganhar só um determinado valor’. Eu digo: ‘não. Vou ganhar o que eu acho que mereço pelo o que investi na minha profissão’. E é o que eu estou fazendo”, fala a empregada doméstica Mirani Gomes.

Serviço:

O curso de qualificação funciona na 601 Sul, na L2, no prédio do Programa Providência. A próxima turma começa na sexta-feira, dia 30 de abril. Informações pelo telefone: 9989-0293. Domésticas desempregadas não pagam.


Maria Fernanda / Emerson Soares