terça-feira, 30 de março de 2010

RIO DE JANEIRO/GOVERJ/SEGURANÇA PÚBLICA - Polícia identifica motoristas que aplicavam golpe do IPVA



Os donos dos veículos vivem no Rio, mas emplacam seus carros no ES. Eles cometeram crimes para pagar menos pelo imposto.
 

A polícia já tem os nomes de mais de cem motoristas que aplicaram o golpe do IPVA. Eles emplacaram os carros no Espírito Santo para pagar menos imposto.

A fraude ficou registrada nos livros que os despachantes do esquema usavam para anotar os nomes dos motoristas. São centenas de donos de carros que vivem no estado do Rio, mas que emplacam seus carros no Espírito Santo. Eles cometeram crimes para pagar menos pelo IPVA.

O valor do imposto no Rio é o dobro do cobrado do outro lado da divisa. E o serviço ilegal era oferecido dentro de concessionárias de veículos em Campos, no norte do estado. Na investigação que durou 9 meses, policiais se passaram por interessados no golpe e comprovaram a oferta dos vendedores.

“O Espírito Santo está mais barato. Num carro desses, por exemplo, de R$ 60 mil, mais ou menos, você pagaria, no Rio de Janeiro, R$ 2,4 mil de IPVA anual. No Espírito Santo você vai pagar metade, você vai pagar R$ 1,2 mil.

As placas apreendidas mostram que dava até pra escolher em qual município capixaba o carro ficaria registrado. Num deles, a polícia descobriu um número surpreendente: a cidade de Bom Jesus do Norte tem mais carros do que eleitores.

O esquema era tão organizado que os motoristas que transferiram o carro do Rio para o Espírito Santo tinham um serviço especial. Segundo a polícia, era só apagar uma taxa e todos os anos o despachante avisa a data de vencimento IPVA, ia até o banco pagar o imposto e, depois, mandava entregar o documento na casa do proprietário.

“Em 2010, ele liga pra você e vai te dizer: ‘olha, o IPVA está vencendo tal dia’. Você vai mandar o dinheiro para ele. Ele vai te cobrar um serviço de R$ 80, já vai mandar para você um ‘verdinho’ (Renavan) 2010, tudo certinho, sem problema nenhum. O carro não tem que ir lá fazer vistoria, não tem que fazer nada”, explicou um vendedor.

A polícia acredita que a fraude ocorra há pelo menos dez anos, gerando um prejuízo enorme na receita do estado do Rio e dos municípios que deixam de receber o IPVA.

“Quadrilha, falsidade ideológica, falsidade documental e sonegação fiscal. Não só quem oferecia essa prática, mas também quem procurava, os donos dos carros, pode responder por todos esses crimes”, explicou a delegada Valéria de Aragão.

As penas somadas para os quatro crimes que a delegada se referiu chegam a 12 anos de prisão.

O Detran do Espírito Santo informou que vai colaborar com as investigações e que já solicitou ao Detran do Rio a relação dos veículos emplacados para averiguar os processos de licenciamento. 

 


 

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