O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse nesta terça-feira que "estão fazendo terrorismo" os que falam que o preço do pão vai aumentar por causa da sobretaxa que o País pode aplicar à importação do trigo americano.
Na segunda-feira, a Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou o País a tomar essa medida como forma de retaliação à prática do governo dos Estados Unidos de pagar subsídios aos produtores de algodão.
"Já tem gente querendo ganhar dinheiro à custa de uma determinada situação", comentou Stephanes em entrevista coletiva para apresentar o sexto levantamento da safra de grãos 2009/2010.
Segundo ele, esse tipo de especulação ocorre porque apenas cinco grandes grupos de moinhos controlam toda a comercialização de trigo no País e sempre pressionam o governo para reduzir a tarifa de importação, embora não aceitem abrir seus estoques.
"Numa reunião, eles pediram a importação com tarifa zero com o argumento de que o preço do pão aumentaria 36% se não fossem atendidos. Eu disse que aceitava, se eles aceitassem abrir os estoques, mas eles não aceitaram. Não os atendemos e o preço não subiu. Eles acham que não sabemos fazer cálculo", afirmou ele.
Segundo Stephanes, apenas 5% do trigo comercializado no País são importados dos Estados Unidos. Além disso, ele ressaltou que o preço do cereal interfere pouco no preço do pão.
"Tem que se considerar que o custo do trigo no pãozinho varia de 10% a 16%. Então, como a restrição de 5% da importação implicaria aumento de 16% no preço? Isso não tem lógica nenhuma. É terrorismo", afirmou.
O ministro mostrou na coletiva um gráfico com a variação do preço do trigo e do pão francês nos últimos três anos, no qual o primeiro sofreu variação de R$ 750 por t em 2007 para menos de R$ 450 por t neste ano. O valor do pãozinho, entretanto, se manteve no mesmo patamar, mesmo com a queda do valor de sua matéria-prima. "Alguém está ganhando dinheiro aí, e não é o produtor", disse Stephanes.
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