Publicada em 08/02/2010 às 18h04m -Reuters
RIO - A aproximação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, com o ex-governador Anthony Garotinho (PR) causou desconforto no Palácio Guanabara e o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), tentará, durante o carnaval, negociar com presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoio único a sua candidatura à reeleição no estado.
O encontro entre Dilma, pré-candidata do PT à Presidência, e Garotinho, que deve concorrer à sucessão estadual pelo PR , aconteceu na semana passada no Rio de Janeiro e deixou o governador, fiel aliado do Palácio do Planalto, bastante irritado.
" Foi algo inesperado e que deixou o governador atento "
- Foi algo inesperado e que deixou o governador atento - disse à Reuters um dos caciques do PMDB no Rio.
Quase uma semana após a reunião, Cabral ainda demonstra mau humor sobre o assunto.
- Não quero comentar isso não -, afirmou o governador a jornalistas em tom de nervosismo, após evento no Tribunal de Justiça do Rio.
Garotinho, duas vezes governador do Rio, já foi um crítico feroz do presidente Lula e, no passado, costumava atacar publicamente o presidente, época em que atuava como secretário de Segurança Pública na gestão de sua mulher, Rosinha Garotinho, que o sucedeu. Ele também foi candidato à Presidência em 2002, mas não chegou ao segundo turno da eleição, vencida por Lula.
De olho na sucessão estadual em 2010, Garotinho, que deixou o PMDB depois uma intensa disputa interna com Cabral pelo comando da legenda regional, se filiou ao PR , partido da base do governo Lula, assim como o PMDB, de Sérgio Cabral.
O ex-governador tenta convencer o Planalto que seu apoio não pode ser desconsiderado.
Serra articula para ocupar o palanque de Gabeira no Rio
Provável adversário de Dilma na corrida presidencial, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), articula para ocupar o palanque da candidatura do deputado federal Fernando Gabeira pelo PV, mas ainda há dúvidas, se o apoio será totalmente para a pré-candidata Marina Silva, ou dividido com Serra.
A candidatura de Gabeira deverá representar a aliança entre quatro partidos de oposição: PV, PSDB, PPS e DEM.
Pesquisas internas encomendadas pelo PR apontam que Garotinho teria mais de 20% das intenção de voto.
Nos bastidores, a tropa de choque de Cabral tenta abafar a candidatura do rival e tentará usar a influência do presidente Lula no partido do ex-governador para isso. No entanto, o PR garante que a candidatura de Garotinho é real.
"É irrevogável o apoio da direção nacional do PR à candidatura de Garotinho ao governo do Rio", disse o partido em nota.
Cabral pretende conversar com Lula na Marquês de Sapucaí sobre o cenário eleitoral no Rio. Segundo o Palácio Guanabara, o presidente deve acompanhar os desfiles das escolas de samba do camarote do governo do estado, pelo segundo ano consecutivo.
Mesmo incomodado com a aproximação com Garotinho, Cabral manteve o discurso fiel a Dilma e defendeu a ministra no embate com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em artigo publicado no GLOBO de domingo , intitulado "Sem Medo do Passado", e em palestra a tucanos no fim de semana desafiou o "lulismo" a comparar as duas gestões "sem mentir e sem descontextualizar". ( Leia mais: FH diz que Dilma não inspira confiança )
- A Dilma não chamou o FH para a briga. O ex-presidente tem um papel na história brasileira extraordinário e ninguém nega isso. É natural comparar em um processo eleitoral. Ou você compara propostas entre quem não assumiu e quem já fez ou entre os partidos que já ocuparam o governo federal. ( Padilha: estratégia é comparar governos )
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