sábado, 30 de janeiro de 2010

Invasor do MST que ajudou a destruir laranjal em São Paulo recebeu R$ 13 milhões do Incra

Publicada em 30/01/2010 às 00h10m
O Globo

SÃO PAULO - Miguel Serpa, um dos nove presos pela Polícia Civil de São Paulo sob acusação de comandar a invasão e depredação de uma fazenda da Cutrale em Iaras, (SP) em outubro de 2009, negociou outros convênios com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Um dos compromissos, assinado em 2007, tinha o valor de R$ 13,4 milhões, segundo reportagem exibida nesta sexta-feira pelo "Jornal Nacional", da TV Globo.
Na quinta-feira, já havia sido divulgada a existência de dois convênios de R$ 222 mil de uma associação presidida por Serpa com o Incra .
Pelo convênio de R$ 13,4 milhões, caberia à Cooperativa de Comercialização e Prestação de Serviços dos Assentados da Reforma Agrária de Iaras e Região (Cocafi, presidida por Serpa) realizar extração de madeira e, com o dinheiro arrecadado, realizar melhorias em assentamento do Movimento dos Sem Terra (MST), como perfuração de poços, abertura de estradas, preparação do solo para o plantio e implantação de uma agroindústria. Mas assentados, de acordo com a reportagem, dizem que nada foi feito.
Há também acusações de ameaças feitas por líderes do MST contra quem questiona o fato das melhorias não terem sido executadas .
" Se tem uma coisa errada, que se pague por isso. Mas não é função do Incra ir atrás. O governo tem outros órgãos para fiscalizar "

- Vivemos sob ameaça constante - disse a advogada Fernanda Mariano, que faz parte de uma associação que representa 400 assentados.
As condições do assentamento contrastam, porém, com o lote que pertence a Serpa, e cuja imagem foi exibida pelo Jornal Nacional. A casa é de alvenaria, tem varanda, é rodeada por gramado e possui espaço para churrasqueira.
O Ministério Público Federal entrou com ação contra o Incra e a cooperativa por causa do convênio. A Justiça concedeu liminar bloqueando as contas da entidade presidida por Serpa.
- Se tem uma coisa errada, que se pague por isso. Mas não é função do Incra ir atrás. O governo tem outros órgãos para fiscalizar - afirmou Raimundo Pires Silva, superintendente do Incra em São Paulo.
O órgão informou que a venda da madeira rendeu R$ 1,5 milhão à cooperativa. Serpa está preso. Seu advogado não foi localizado.

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