Ex-presidente havia dito que não acompanharia sessões do mensalão
O GLOBO
Tom otimista. Cardozo, que conversou com Paulo Maluf em evento, reforçou posição de Carvalho
O GLOBO / GUSTAVO MIRANDA
BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não está desinteressado do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), como tem tentado demonstrar desde as primeira sessões na Corte sobre o maior escândalo de corrupção de seus dois governos. Na terça-feira, Lula conversou por telefone com o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos para se informar sobre o andamento do caso. Advogado de José Roberto Salgado, um dos réus, Bastos fez uma análise geral da situação e elogiou as defesas apresentadas pelos colegas no plenário do tribunal. Para Bastos, as defesas foram técnicas, consistentes e podem ter efeito sobre os votos dos ministros.
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Bastos é interlocutor de Lula para assuntos jurídicos desde que o ex-presidente emergiu como líder político no cenário nacional. Na semana passada,Lula afirmou que não acompanharia o julgamento:
— Tenho mais coisas para fazer do que isso. Quem tem de assistir são os advogados — disse, na ocasião.
Mesmo engajado na campanha do ex-ministro da Educação Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, Lula não resistiu à tentação de se informar sobre o julgamento. Três ex-ministros do ex-presidente estão no banco dos réus: José Dirceu (Casa Civil), Anderson Adauto (Transporte) e Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação) — esse último com pedido de absolvição já apresentado pelo Ministério Público Federal.
Também estão sendo julgados o ex-deputado José Genoino, atual assessor do Ministério da Defesa, e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, dois fundadores do partido. Até o início do escândalo, ambos eram próximos de Lula.
Gilberto Carvalho também ligou para Bastos
O julgamento desperta interesse no governo, mesmo depois da determinação da presidente Dilma Rousseff para que o assunto seja deixado em segundo plano. Nesta quarta-feira, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, ligou para Márcio Thomaz Bastos para lhe desejar boa sorte. O ex-ministro agradeceu a deferência e voltou rapidamente para a análise final da defesa do seu cliente, ex-diretor do Banco Rural.
Na terça-feira, Carvalho rompeu o silêncio dos líderes petistas sobre o mensalão e disse que o julgamento no STF não desgastaria o PT nas eleições municipais, como estariam apostando adversários do partido. O silêncio determinado por Dilma seria uma estratégia para diminuir a repercussão sobre o caso, considerado o maior escândalo do governo Lula.
Reforçando o discurso de Carvalho, petistas e aliados do governo que participaram nesta quarta-feira do lançamento do Plano de Prevenção de Acidentes Naturais disseram estar confiantes de que o julgamento não terá reflexos negativos para o governo nem para o PT. Cresceu nos últimos dias uma nova estratégia dos petistas, que é repetir à exaustão que o julgamento passará longe do governo e do resultado do partido nas eleições municipais de outubro.
— Como liderança do PT, eu vejo o julgamento e formo minha convicção, mas como ministro não me pronuncio — disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que, no entanto, não deixou de dar usa opinião: — O governo não será atingido em hipótese nenhuma. É uma questão afeta ao Poder Judiciário. O governo em nenhum momento será atingindo por nenhuma decisão judicial.
Perguntado se o julgamento poderia prejudicar os petistas nas eleições, o ministro também se manteve otimista:
— Acredito que não, mas é melhor perguntar para as lideranças do PT.
Eduardo Campos concorda com petistas
O governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), também presente à cerimônia comandada pela presidente Dilma, manteve o tom otimista. Afirmou ser possível que a oposição e os que são contra o PT queiram se valer do julgamento para prejudicar o partido, mas disse não acreditar em consequências nas urnas:
— Como tentativa de capitalização política, o mensalão já foi usado em três eleições anteriores — disse Déda, para se referir à vitória do PT nesses pleitos.
O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, aliado do PT em algumas capitais e adversário em outras nestas eleições, disse concordar que o governo Dilma não será afetado pelo julgamento:
— Não vejo como pessoas que não estão envolvidas diretamente possam ser afetadas. O Judiciário deve condenar duramente quem errou e inocentar quem não errou. Mas não podemos confundir as instituições com os personagens.
Na última terça-feira, ao comentar o julgamento, o secretário-geral da Presidência da República afirmou que aqueles que apostam no “desgaste do projeto político” iniciado no governo Lula, devido ao julgamento do mensalão, “se decepcionarão”.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/lula-telefonou-para-bastos-para-se-informar-sobre-processo-5737799#ixzz23340cQ57
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