Cidade das Artes: tão cara para fazer quanto para manter
O GLOBO
Prefeitura pagará R$ 2 milhões por mês para uma organização social cuidar da manutenção da Cidade das Artes, que custou mais de R$ 500 milhões aos cofres públicos
EDUARDO NADDAR / O GLOBO
RIO - Depois de ter gasto mais de R$ 500 milhões na construção da Cidade das Artes (antiga Cidade da Música), a prefeitura vai continuar tendo muita despesa com o espaço na Barra da Tijuca. A Secretaria municipal de Cultura vai pagar, ao longo de dois anos, R$ 48,4 milhões — quase 10% do valor total da obra — à organização social (OS) que gerir o espaço. A informação consta do edital de licitação para a escolha da empresa, publicado ontem no Diário Oficial.
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A vencedora da licitação receberá os recursos para fazer a manutenção da área de 94 mil metros quadrados. A OS terá que contratar pessoal para fazer a segurança, a limpeza e a conservação do espaço, incluindo as salas de espetáculo, e comprar material, de papel higiênico a refletores que queimarem. De acordo com o edital de licitação, o pagamento à OS — que precisa apresentar um projeto sobre o que pretende fazer no espaço — será feito em diversas etapas. A prefeitura, nos 12 primeiros meses de vigência do contrato de dois anos, desembolsará cerca de R$ 24,2 milhões. Metade desse valor será pago à vencedora em até 30 dias após a assinatura do contrato, o que deve ser feito, de acordo com a secretaria de Cultura até meados de outubro. Depois, em 2013, serão feitos os pagamentos de duas parcelas de R$ 6,5 milhões cada. No segundo ano de vigência, os R$ 24 milhões restantes serão pagos em quatro parcelas.
“Triturador de dinheiro"
Segundo o secretário municipal de Cultura, Emílio Kalil, a prefeitura fez um levantamento do custo para manter a antiga Cidade da Música, projeto que foi a menina dos olhos do ex-prefeito Cesar Maia, e descobriu que o valor beiraria os R$ 2 milhões mensais, valor que será agora repassado à OS.
— É um complexo cheio de problemas. O projeto é um triturador de dinheiro. Foi feito sem pensar no depois — lamenta o secretário.
Segundo Kalil, a vantagem de contratar uma organização social é que ela tem mais agilidade para resolver problemas de gestão:
— Se eu tiver que trocar um equipamento, tenho que fazer abrir um edital, fazer a licitação. A OS tem uma agilidade maior nisso — exemplifica.
De acordo com o secretário, a organização social, cujo contrato poderá ser renovado por mais três anos, terá que sair em busca de patrocínios que ajudem a manter a Cidade das Artes.
— Se a gestão for competente, a organização vai conseguir patrocínios que ajudem a cobrir custos. Com isso, a prefeitura poderá ser desonerada e, num outro contrato, com o passar do tempo, pagar menos, ter menos despesa com a gestão da Cidade das Artes.
Bilheteria não cobre custos
Segundo Emílio Kalil, caberá à OS buscar soluções para a programação da casa. Ela pode, por exemplo, conseguir um patrocínio que cubra a contratação de shows ou alugar o espaço para produtoras de espetáculos e obter percentagem na bilheteria. O dinheiro obtido será empregado no próprio empreendimento.
— Esses valores também vão desonerar a prefeitura, mas não são altos. Se você pegar a Ópera de Paris, que tem espetáculos disputados, a bilheteria só cobre 12% dos custos — comparou.
Segundo o edital, a OS que vencer a licitação terá que atingir pelo menos 80% das metas impostas pela prefeitura. Uma delas é criar uma programação e um leque de atividades que ocupe o espaço por um período mínimo de 208 dias por ano. Outra exigência é que a OS obtenha uma frequência mínima de 30% dos assentos do teatro ao ano, contabilizados os ingressos pagos ou os gratuitos.
Projetada pelo arquiteto francês Christian de Portzamparc, conhecido internacionalmente por sua experiência na construção de casas de espetáculo de grande porte, a Cidade das Artes foi erguida no cruzamento das Avenidas das Américas e Ayrton Senna, um ponto considerado crítico pelo secretário de Cultura:
— Não tenho nada contra a Barra da Tijuca e acho que ela merece uma casa de espetáculos, mas a Cidade das Artes está jogada entre duas avenidas de difícil acesso. Não se pode chegar lá a pé, e de bicicleta é um risco.
O complexo tem, além da grande sala com capacidade para 1.650 pessoas, uma sala menor, com 456 lugares, e outros 21 espaços multiuso, como locais de ensaio. O lugar terá ainda cinemas e restaurantes. A Cidade das Artes contará ainda com sistema de reaproveitamento de água de chuva, com capacidade para 600 mil litros.
Inauguração feita às pressas
A obra da monumental casa de espetáculos foi cercada de polêmica. O projeto inicial foi alterado e sucessivas paralisações aumentaram o custo da obra, motivo de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Câmara dos Vereadores e de uma auditoria da Controladoria Geral do Município. O ex-prefeito Cesar Maia inaugurou a Cidade das Artes, ainda como Cidade da Música, inacabada, poucos dias antes de terminar seu mandato. Assim que assumiu, o prefeito Eduardo Paes fechou o espaço e foi obrigado a concluí-lo em sua administração.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/cidade-das-artes-tao-cara-para-fazer-quanto-para-manter-5738143#ixzz233E60z2X
Mensalão do PT é pleonasmo. Mensalão só tem um na história do Brasil: o do Lulla do PT. Os demais escândalos que receberam esse nome, depois da mãe de todas as corrupções (Mensalão), o foram para desviar a atenção, não eram mensais nem mensalões.
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