Prefeitura vai limitar circulação de táxis não credenciados no Galeão
POR CHRISTINA NASCIMENTO
O DIA
Rio - A confusão provocada pela liberação para todos os táxis operarem no Aeroporto Internacional Tom Jobim, desde a Rio+20, fará a prefeitura rever o sistema mais uma vez.
A disputa por passageiros entre credenciados e outros taxistas é tão grande que a Secretaria Municipal de Transportes recebeu ofício da Infraero informando sobre o aumento do número de ameaças e agressões físicas entre os motoristas e de golpes contra turistas.
A mudança permitirá a atuação dos não-cadastrados no Programa Boa Praça apenas na pista externa do Terminal 2. A decisão saiu de reunião, sexta-feira, entre o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, o superintendente da Infraero no aeroporto, Emmanoeth de Sá, e o prefeito Eduardo Paes.
Nova medida libera apenas as pistas externas do Terminal 2 para todos os táxis | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Desde a Rio+20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável que trouxe 110 mil turistas à cidade, o aeroporto foi aberto para todos os 33 mil taxistas legalizados do município.
Antes, só os táxis do Boa Praça podiam operar nos dois terminais. Quando a conferência terminou, no dia 22 do mês passado, o município anunciou que manteria o sistema por mais 30 dias.
R$ 18 mil por licença
A restrição à circulação dos não credenciados a uma parte do Terminal 2, que será anunciada esta semana, também não agrada a quem paga pelo ponto no local.
As duas cooperativas credenciadas para atuar no Aeroporto Internacional desembolsam, mensalmente, R$ 18 mil cada para a Infraero para explorar o uso da área. Eles têm contrato de 48 meses, o que significa pagamento de R$ 864 mil pelos quatro anos.
Táxis credenciados pela Infraero param junto aos portões; amarelinhos ‘normais’ aguardam na pista externa | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
“Não é justo. A concorrência é desleal. A cooperativa paga um valor mensal à Infraero para ficar na Galeão. Agora, está todo mundo junto. Se a desculpa é a falta de táxi para atender o passageiro, então, a gente aumenta a frota”, reclamou o taxista da Aerotáxi Júlio César Rodrigues, 48 anos.
Para gringos, tarifa é triplicada
Enquanto a prefeitura não toma medidas rígidas no Galeão, a disputa por passageiros continua ocorrendo ainda no saguão do aeroporto. Contratados por taxistas, alguns rapazes têm a tarefa de convencer quem desembarca a pegar o carro do seu ‘cliente’.
Em troca, eles recebem um percentual da corrida. Na maioria das vezes, as vítimas são estrangeiros, que pagam até três vezes o valor que seria o do taxímetro para fazer a viagem.
Chips emitiriam boletos com dados dos motoristas para os passageiros
Melhorar o controle dos táxis e oferecer mais segurança aos passageiros através da leitura óptica de chips instalados nos vidros dos táxis do Aeroporto Internacional do Galeão. A proposta foi levantada pelo Gabinete de Gestão Integrada (GGI), da Secretaria Estadual de Segurança Pública, mas a Prefeitura do Rio não se manifestou.
O sistema funcionaria assim: um fiscal passaria o leitor no carro. No mesmo instante, um boleto com as informações do veículo, como nome do motorista, a placa e horário de início da viagem, seria emitido e entregue ao passageiro.
O papel seria uma garantia no caso, por exemplo, de o cliente esquecer algum objeto no carro. Desde a liberação para todos os táxis no Galeão, aumentou o número de reclamações de quem não consegue resgatar o que foi esquecido no carro.
“Antes, a caixa de e-mail da empresa tinha 90% de reclamações que não eram da nossa cooperativa. Quando abriu a porta de vez do Galeão para todo mundo pegar passageiro, essa quantidade saltou para 200%”, afirmou o taxista Fábio Nicacio, 37 anos, da Aerotáxi, que é credenciada para atuar no Aeroporto Internacional.
Para o taxista José Alves, 42, que é autônomo e faz ponto no aeroporto, as acusações não têm fundamento: “Os cooperativados querem o espaço só para eles”.
Agressão filmada
Em julho de 2010, três taxistas se envolveram agrediram o colega de profissão Kléber Luiz Oliveira da Rosa, 33 anos, espancado ao pegar passageiro no local. Recentemente, conseguiram o registro de volta, após terem sido indiciados pela polícia por omissão de socorro, mas não denunciados pelo Ministério Público. Foram beneficiados Sandro de Souza, Luiz Ramos de Oliveira e José Carlos Santos Rangel.
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