segunda-feira, 4 de junho de 2012

ATENÇÃO CORRENTISTAS - Santander recusa condições do BC e negócio com Bradesco é suspenso


Segundo executivos, banco venderia participação, mas não sairia do Brasil


SÃO PAULO — As negociações que estavam em andamento para a fusão de Bradesco e Santander não prosperaram depois que a instituição espanhola recusou as condições do Banco Central (BC) para aprovar o negócio. Nesse tipo de operação, é praxe que o BC tenha conhecimento prévio dos termos de um eventual acordo. Iniciada há cerca de dois meses, a conversa entre os dois bancos foi noticiada pelo GLOBO no domingo passado, quando havia uma expectativa de que a operação pudesse ter continuidade. A informação foi confirmada por quatro executivos diferentes, um deles com cargo no alto escalão de um dos dois bancos e outro com acesso à área de fiscalização do BC.

Segundo esses executivos, a venda de participação da unidade brasileira passou a ser imperativa para a matriz do Santander, em razão do agravamento da crise bancária na Espanha, que tem exigido novos aportes de capital para fazer frente ao aumento da inadimplência. Mas não existiria a intenção de deixar completamente o Brasil, que hoje responde por mais de 30% do resultado global do grupo.

Exigência de aporte no BB impediu negociações

Antes de conversar com o Bradesco, executivos do Santander também se reuniram com a direção do Banco do Brasil (BB). Um profissional de mercado que trabalhou para o BB contou que a primeira proposta levada à mesa foi a compra de uma fatia em torno de 30%, percentual posteriormente elevado para 50%. Pelo menos dois fatores, no entanto, teriam levado ao fim também as negociações com o BB. O principal seria a necessidade de fazer um novo aporte no BB para bancar a compra, algo que foi descartado pela equipe econômica do governo. Havia também o desejo de que o banco oficial fosse o novo controlador do Santander. Nesse caso, porém, a instituição teria de seguir também o chamado regime jurídico de empresa pública, o que engessaria a administração. Seria necessário fazer concurso, por exemplo, para a contratação de funcionários.

No caso do Bradesco, a operação se daria parte com troca de ações e parte em dinheiro. Se confirmada, a negociação catapultaria o Bradesco da terceira para a primeira posição no ranking dos maiores bancos de varejo do Brasil, ultrapassando de uma só vez o Itaú Unibanco e o próprio Banco do Brasil. Pelos números de março, Bradesco e Santander, juntos, somariam R$ 1,2 trilhão em ativos e R$ 108,4 bilhões em patrimônio líquido, contra R$ 896,8 bilhões em ativos e R$ 72,5 bilhões em patrimônio, do Itaú Unibanco. Já o BB fechou seu balanço no primeiro trimestre com R$ 1 trilhão em ativos (por ora, é a única instituição latino-americana a atingir esse marca) e R$ 60 bilhões de patrimônio líquido.

Procurados no fim de semana, Bradesco e Santander divulgaram nota para negar a existência das negociações. Na terça-feira, quando a negociação já estava suspensa, divulgaram resposta com o mesmo teor à consulta feita pela Comissão de Valores Mobiliários. No dia seguinte, em entrevista ao jornal “Valor”, o presidente do Santander Brasil, o espanhol Marcial Portela Alvarez, disse que a única intenção da matriz seria vender uma fatia entre 1% e 2% para atingir um free float (quantidade de ações em negociações no mercado) mínimo de 25% no Brasil, exigência da BM&Bovespa. O BB também já havia negado a existência das conversas.


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