sexta-feira, 25 de maio de 2012

CPI DO CACHOEIRA - Ex-vereador nega acusações e diz à CPI que é amigo de parlamentares


Wladmir Garcez diz que tentou comprar a casa de Perillo com dinheiro de Cláudio Abreu



BRASÍLIA - Único a falar nesta quinta-feira à CPI do Cachoeira, o ex-presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia Wladmir Garcez surpreendeu ao ler um texto na abertura da sessão para se defender. O ex-vereador disse que é amigo de diversos parlamentares, governistas e de oposição e contou que ele mesmo quis comprar a casa do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), por R$ 1,4 milhão, e pediu dinheiro para o ex-diretor da Delta Centro-Oeste, Cláudio Abreu, para fazer a compra. Também com depoimentos marcados para esta quinta-feira, o sargento da reserva da Aeronáutica, Idalberto Matias, o Dadá, e o sargento da Policia Militar Jairo Martins de Souza, preferiram não se pronunciar e foram logo liberados.

VEJA TAMBÉM

Wladmir Garcez contou ainda que teria recebido três cheques de Cláudio Abreu, apontado pela Polícia Federal como braço direito de Cachoeira. Porém, disse que não conseguiu dinheiro para pagar o empréstimo e, assim, repassou a casa para o empresário Valter Paulo.

- O Cláudio me arrumou três cheques. Não sei quem são os emitentes. Repassei os cheques ao Lúcio, assessor do governador. Cheques do banco Itaú, em nome do governador. O Cláudio passou a me pressionar. Queria vender por um valor maior, mas não consegui vender (pelo) valor maior. O professor Valter me deu R$ 10 mil como comissão pela venda da casa. Dizem que o professor seria laranja do Carlinhos, mas o professor Valter poderia comprar a própria Delta - afirmou Garcez.

Ele disse ainda que a casa foi emprestada pelo professor Valter Paulo para que a mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, ocupasse o imóvel, enquanto outra casa, no mesmo condomínio, estivesse em construção. E negou que tivesse entregue dinheiro no Palácio do governo de Goiás, conforme indicam interceptações telefônicas feitas pela PF.

- Pedi a casa do professor Valter para que me emprestasse até que a casa da Andressa ficasse pronta. Nunca houve a história de entrega de dinheiro no palácio do governo de Goiás. Essas gravações foram montadas. Nem sequer fui atendido nesse dia pelo governador.

Garcez diz que prestava consultoria a Delta e a Cachoeira

Garcez lembrou que é amigo do senador Paulo Paim (PT-RS), do subsecretário da Secretaria de Relações Institucionais, Olavo Noleto, e do governador Marconi Perillo, e até do ex-governador de São Paulo, Mario Covas que já morreu. Ele disse também que era funcionário da Delta e de Carlinhos Cachoeira. Recebia R$ 5 mil do contraventor e R$ 20 mil da Delta para a prestação de serviços de consultoria.

Ele justificou que está preso há 86 dias, longe da família, “sem nunca ter cometido crime algum”. Segundo ele, algumas gravações “são ilícitas “ e somente o Supremo Tribunal Federal (STF) poderia conduzir o processo.

Apesar de inicialmente concordar em responder algumas perguntas, Garcez acabou irritando os senadores por ficar calado. Ao final, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disparou.

- Caiu a carapuça do contraventor. Ele não vai dizer mais nada. Encerro minhas perguntas - disse o senador.

Confusão entre governo e oposição

Logo em seguida, o depoente foi dispensado e o clima esquentou entre governo e oposição. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) criticou os questionamentos feitos pelo relator Odair Cunha. Segundo ele, as perguntas feitas a Wladimir Garcez prestaram um "papel de política mesquinha". O tucano reclamou de perseguição ao PSDB.

- Uma coisa é direcionamento da investigação, outra é a dispersão do foco - disse ele.

Minutos depois, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) chegou a levantar-se e partiu em direção ao deputado Dr. Rosinha (PT-SP), quando o petista pediu a palavra para questionar a agressividade de Francischini em relação ao relator.

- Relator é tchutchuca quando fala do governo e é tigrão quando fala da oposição - disse o deputado.

Dadá está preso, em carceragem da Aeronáutica em Brasília. Wladimir Garcez está preso na Penitenciária da Papuda. Jairo é o único depoente que não está na prisão. Em todos os casos, a PF identificou centenas de telefonemas entre os depoentes, Carlinhos Cachoeira e outros membros do que a Polícia Federal identifica como organização criminosa.

Dadá é suspeito de arregimentar policiais federais, civis e militares para as atividades criminosas, além de atuar na promoção dos sites de aposta eletrônica da organização e nas frentes de fechamento de bingos rivais.

Wladimir é apontado pela PF como o contato do grupo junto a agentes públicos, como as polícias civil e militar de Goiás. E Jairo seria um dos espiões do grupo que atuava no negócio de jogos ilegais em Goiás.




Nenhum comentário:

Postar um comentário