terça-feira, 24 de abril de 2012

IMOBILIDADE URBANA - compara tempo gasto com carro e transporte público na 'hora do rush' em SP


Repórteres viajaram de um lado a outro da maior cidade brasileira para mostrar o que os trabalhadores precisam enfrentar no deslocamento do emprego para casa.




O Jornal Nacional fez um teste na maior metrópole do Brasil. Nossos repórteres usaram meios de transporte diferentes para mostrar o que os trabalhadores precisam enfrentar no deslocamento do emprego para casa. O teste de mobilidade entre a Zona Sul e a Zona Leste de São Paulo foi gravado por duas equipes de reportagem na última sexta-feira (20), bem na hora do rush. Uma seguiu de carro. A outra, de ônibus, trem e metrô.

O Jornal Nacional escolheu horário das 18h para começar a pequena viagem porque é exatamente quando as pessoas saem do trabalho e vão para casa. A equipe vai até Cidade Tiradentes, um bairro no extremo leste de São Paulo. O repórter Fabio Turci vai de carro. O repórter César Menezes, de transporte público.

Até a estação, César Menezes anda mais rápido do que os carros. Logo depois, começa o aperto de quem depende de transporte público para circular na cidade. Para algumas pessoas, a viagem começou antes e o cansaço já era visível. A cada parada, o vagão fica mais cheio de trabalhadores voltando para casa. O destino - a Cidade Tiradentes - é o bairro que tem menos emprego por habitante. O oposto da Zona Sul de São Paulo.

O começo da viagem de Fabio Turci já dá uma ideia do que se vai enfrentar. Já se passaram dez minutos e o repórter ainda não andou um quilômetro. Para ser mais preciso, a distância percorrida foi de 700 metros em dez minutos. Para uma ambulância, esse ritmo de tartaruga é uma agonia.

Perto dali fica a linha de trem, onde está César Menezes, que vai mais rápido. Em 20 minutos, ele percorreu oito quilômetros e chegou a uma estação que faz integração com o metrô.

De carro, Fabio Turci continua quase no mesmo lugar. Imagine quem está pagando pelo tempo parado. “A gente gasta muito de táxi aqui, porque o trânsito é bem caótico”, diz uma mulher.

Uma hora depois, Turci percorreu três quilômetros e meio. Ou seja, uma velocidade média de 3,5 km/h, o que significa que, se estivesse caminhando, o repórter teria percorrido uma distância maior.

Já no caso do repórter César Menezes, a primeira parte da viagem é bem rápida. Não houve nenhum problema com as linhas. O trem e o metrô vão bem mais rapidamente. Por isso, às 19h, César já tinha ido do ponto de partida na Zona Sul até o Centro da cidade, enquanto Fabio não tinha andado quase nada.

A desvantagem do transporte público é o desconforto. Com os vagões lotados, demora para aparecer um assento livre. Após uma hora, o repórter César Menezes consegue sentar pela primeira vez.

Fabio Turci segue por avenidas que quase não têm semáforos. Mas há luz vermelha o tempo todo, por causa das luzes de freio dos automóveis à frente. O velocímetro mostra que a velocidade média do carro varia entre 10 km/h e 20 km/h.

A caminho do extremo leste de São Paulo, os vagões começaram a esvaziar. César Menezes também desembarca porque foi preciso pegar um ônibus para chegar ao destino. Ele usou o bilhete único, que vale para qualquer transporte público em um período de duas horas. César leva uma hora e 50 minutos de viagem. Se demorasse mais dez minutos, teria que pagar outra passagem.

Esther já se acostumou com o transporte público. Ela trabalha na Zona Sul, uma das regiões com mais oferta de emprego, e mora na Zona Leste, a mais populosa da metrópole. Gasta seis horas, ida e volta, todos os dias. Ela revela que, se tivesse uma boa opção de trabalho em outro local, pensaria duas vezes. “Até trocaria, dependendo da proposta.”

Faltavam dez para as 21h quando César Menezes desceu do ônibus e caminhou até o ponto de encontro com Fabio Turci. Ele ainda teve que esperar dez minutos até o colega chegar de carro.

E ainda tem a volta.

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