Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

sexta-feira, 13 de abril de 2012

EDUCAÇÃO NO RJ - Escola em Nova Iguaçu tem 2 horas de aula e no refeitório

Uma lição de precariedade

POR Angélica Fernandes
Jornal O Dia


Rio
- Há dois meses, a dona de casa Rosilene Cerqueira de Freitas, 34 anos, faz vigília na porta da Escola Municipal Professor Ruy Afrânio Peixoto, em Miguel Couto, Nova Iguaçu. É onde sua filha Nicole de Freitas, 8 anos, cursa o 3º ano do Ensino Fundamental.

Ela tem medo que a escola desabe. Todas as 10 salas de aula estão interditadas pela Defesa Civil desde o início do ano letivo, em fevereiro. Para não deixar 600 estudantes à toa, o jeito foi acomodá-los no refeitório e reduzir o turno à metade. Em vez de quatro horas, são só duas por dia.

“Trago a minha filha para a escola e fico na porta com medo de acontecer uma tragédia”, desabafa Rosilene. Rachaduras e infiltrações levaram ao fechamento das salas. A lousa foi improvisada no refeitório, na biblioteca, sala dos professores e laboratório de informática.

Matagal de até um metro de altura toma conta da entrada e do jardim de escola em Miguel Couto | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia

A escola foi inaugurada há 10 anos, com promessa de ter área de recreação e salas para recursos audiovisuais. Hoje, parece um prédio abandonado, tomado por um matagal que invade a entrada da escola, o jardim e a quadra de esportes, enferrujada e desativada. A grama chega a um metro de altura e atrai insetos.

A diretora Maria de Fátima Silva alega que ficou entre a cruz e a espada quando recebeu o aviso de interdição da Defesa Civil Municipal: “Tinha três opções: colocar as aulas três vezes na semana, fazer o rodízio de duas horas por dia ou fechar o colégio”.

O colégio tem 20 turmas do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. No refeitório, 70 estudantes do 3º e do 4º anos assistem às aulas simultaneamente, enquanto tentam se esquivar do sol. “Amarramos uma lousa na parede. A concentração é um pouco difícil por conta do barulho das crianças”, relata uma professora.

Foto: Agência O Dia

A redução da carga horária e o desconforto se refletem em queda no rendimento escolar, segundo as mães dos alunos. “Meu filho sofre para aprender. Ele reclama de dores nas costas e sempre fala do calor”, conta uma mãe que preferiu não se identificar.

Corte de grama a cada 6 meses
A diretoria do colégio informou que a Companhia de Desenvolvimento de Nova Iguaçu (Codeni) corta a grama de seis em seis meses. A última vez foi em fevereiro. “Já encaminhei solicitação para aparar o jardim, mas ainda não há previsão. Pelas minhas contas, o mato só será cortado em agosto”, conta Maria de Fátima.

No final da tarde de ontem, a Prefeitura de Nova Iguaçu enviou equipe à escola e informou que a licitação para a reforma será publicada hoje no Diário Oficial. A previsão é que as obras comecem no mês que vem.



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