Por José Cruz
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Grandes empresas nacionais destinaram recursos do imposto de renda devido para apoiar o projeto de uma atleta e empresária dona de uma das maiores fortunas do mundo. Dinheiro que deveria ser aplicado, preferencial e legalmente na preparação de jovens cavaleiros e amazonas.
A “carta aberta” do senhor Heitor Sanches denunciando irregularidades na Confederação Brasileira de Hipismo, é uma das mais graves acusações que envolve o movimento olímpico brasileiro nos últimos anos.
As denúncias surgem dois anos depois que divulguei que a Federação Paulista de Hipismo captou R$ 6,5 milhões pela Lei de Incentivo para um projeto que não existia – “Incentivo ao desenvolvimento do hipismo brasileiro”.
Desde então, tento conhecer detalhes e a prestação de contas desse projeto. Em vão. Talvez porque as notícias indiquem que o dinheiro teria se destinado ao evento Athina Onassis Horse Show.
Entre amigos
A se confirmar, está aí um desmando sem igual na gestão da Lei de Incentivo ao Esporte e, por extensão, de desperdício de verba pública.
Porque, na prática, grandes empresas nacionais destinaram recursos do imposto de renda devido para apoiar o projeto de uma atleta e empresária dona de uma das maiores fortunas do mundo. Dinheiro que deveria ser aplicado, preferencial e legalmente na preparação de jovens cavaleiros ou amazonas. Na ponta do lápis, as regras da Lei de Incentivo ao Esporte não permitem esse tipo de projeto que, envolvendo nomes famosos, têm outras formas de buscar recursos na iniciativa privada.
Gestores
Esse fato ocorreu na gestão do então presidente da Federação Paulista de Hipismo, senhor Luiz Roberto Giugni, atual presidente da Confederação Brasileira de Hipismo.
Giugni dirigia a Federação Paulista em 2006/2007, quando o balanço financeiro dessa entidade registrou um dado surpreendente: recolhimento de R$ 78 mil em CPMF (Contribuição Provisória de Movimentação Financeira). Projetado, esse valor representaria um movimento de R$ 19 milhões, isto é, quase cinco vezes o que foi efetivamente contabilizado, em torno de R$ 4,7 milhões.
Para que não se lembra, pagava-se ao sistema bancário 0,38% sobre os movimentos nas contas correntes. E os números registrados na Federação Paulista de Hipismo – a mesma que captou recursos para o projeto inexistente – revelam que a entidade movimentou, de fato, quase R$ 20 milhões. No entanto. registra apenas R$ 4,7 milhões. Fica-se sem saber onde foram parar cerca de R$ 15,3 milhões.
Suspeitas
Estão aí, caro Leitores, em números oficiais de uma confederação específica e as suspeitas de aplicação do dinheiro do esporte, que sempre questiono. Dinheiro público, ressalto. Há muito o Estado tornou-se o principal financiador do esporte de rendimento, mas sem a fiscalização adequada os desmandos são inevitáveis.
Vamos ver que providências serão tomadas, pois todos esses fatos foram comunicados ao senhor ministro do Esporte, deputado Aldo Rebelo, por quem assina as denúncias e exibe os documentos, o paulista Heitor Sanches.
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